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Cultivo de seringueira para produção de borracha natural

O cultivo de seringueira para produção de borracha natural oferece oportunidades econômicas e promove a sustentabilidade ambiental.

Juan Fernan Sierra Hayer
Engenheiro agrônomo, MSc. Ph.D e CEO da Rubber Route®
ceo@rubberroute.com

Diogo Esperante
Diretor executivo Apabor e CEO da Planthec
diogo@planthec.com

Cristiane de Pieri
Ph.D e especialista em Fitopatologia da AgroEfetiva
pieri_cris@yahoo.com.br

Créditos: Rubber Route®

O cultivo de seringueira passou a ser explorado em grandes áreas, além do seu habitat natural (Amazonas), em destaque o sudeste asiático.

No Brasil, o cultivo comercial da espécie se expandiu para as regiões sudeste e centro-oeste, com destaque para os estados da Bahia e Paraná. Além destes, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Pernambuco, Tocantins, Maranhão, Acre, Rio de Janeiro, Amazonas, Rondônia e Pará também são produtores, ocupando uma área total de plantio de 135 mil hectares.

Atualmente, São Paulo é o maior produtor brasileiro de borracha natural, sendo o município de São José do Rio Preto a principal região produtora.

Origem

A seringueira (Hevea brasiliensis L.) é uma árvore originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, comumente encontrada na região amazônica. Pertence à família botânica das euphorbiaceaes e, além de seringueira, outros nomes populares a identificam como seringa, seringa verdadeira, cauchu, árvore da borracha, entre outros.

A espécie H. brasiliensis é a mais importante dentre as 11 espécies pertencentes ao gênero, devido à sua maior capacidade produtiva. Além do Brasil, outros países cultivam a espécie, como Bolívia, Colômbia, Equador, Guianas, Peru, Suriname e Venezuela.

Rentabilidade

O cultivo de seringueira para extração de borracha natural tem se tornado cada vez mais uma boa opção de renda para os produtores, pois pesquisas realizadas indicam um mercado crescente e promissor.

Sendo assim, aqueles que produzirem vão encontrar mercado, o que se constituirá em uma boa oportunidade para o incremento da produção nacional.

Produção de borracha natural

O primeiro material conhecido como borracha foi o poliisopreno encontrado no látex da Hevea brasiliensis (popularmente chamada de seringueira), hoje borracha natural.

A borracha proveniente da seringueira é uma matéria-prima muito importante para a manufatura de uma grande quantidade de produtos devido à homogeneidade das suas propriedades físico-químicas, que são estratégicas para as aplicações nos segmentos pneumáticos, autopeças, artefatos de borrachas e adesivos.

Ela é única entre todos os produtos naturais, já que combina com plasticidade, resistência, propriedades de isolamento elétrico e impermeabilidade de líquidos e gases. A seringueira também tem benefícios ambientais, sociais e econômicos.

Extração da borracha natural da seringueira

Ela é feita a partir da ajuda de um colaborador ou parceiro (sangrador), com auxílio de uma faca. Esse processo chama-se sangria, que constitui a operação mais importante realizada no seringal, uma vez que está ligada à produção.

O sangrador é de extrema importância para a coleta do látex. Para essa extração, primeiramente é importante fazer uma avaliação do seringal, que consiste em identificar as árvores que estão prontas para a realização da sangria.

Créditos: Rubber Route®

Essas árvores atingem, em média, 45 cm de circunferência do fuste, uma altura de 1,20 m. Uma vez realizadas as medições, é importante observar os aspectos fisiológicos e sistemas de sangria para saber quais métodos serão melhores para se adequar àquele seringal.

Dentro destes aspectos, destacam-se a anatomia da casca e tipos de corte, sendo os mais usados: meio espiral representado ½ S e ¼ S, cortes que variam de 35 a 37º para descendente e 45 a 47 º  para ascendente na direção de esquerda para direita, com a finalidade de cortar maior número de vasos laticíferos.

Para proceder com a extração, é importante iniciar com a abertura do painel de sangria, que consiste em uma série de operações, que vão desde a marcação de duas linhas, chamadas de geratriz, as quais dividem o fuste em duas metades.

Seguidamente, faz-se a marcação da linha de corte com auxílio da bandeira e do riscador, onde será realizada a abertura do painel. Uma vez realizados tais procedimentos, inicia-se a abertura do painel de sangria, que tem como objetivo desbastar uma pequena quantidade de casca, logo acima da linha de corte, de modo a que a faca encaixe perfeitamente para realização da sangria.

Após, é feita a colocação do equipamento de sangria na árvore, como: bica, arame e caneca para perfeita coleta do látex. Essa sangria consiste em um corte na casca do fuste, o qual varia de 1,5 a 2,0 mm de largura, para abrir os vasos laticíferos, permitindo o escoamento do látex.

Alerta

Quanto maior e mais próximo da madeira, maior será o número de vasos laticíferos e, portanto, maior produtividade. E necessário ter cuidado para não atingir o câmbio, já que, uma vez ferido, pode impedir a regeneração da casca, criando caroços que irão dificultar as sangrias futuras.

Todas essas condições dependerão muito do plano de exploração do seringal, assim como dos aspectos de frequência de sangria, estimulação, balanceamento de painéis, avaliação da qualidade de sangria e gerenciamento.

Clones

Nas regiões consideradas “áreas de escape”, especialmente o Sudeste e Centro-oeste do Brasil, um dos clones mais plantados é o RRIM 600 (originário da Ásia, com produtividade média de 1.250 kg de látex por hectare), seguido dos clones: PB235, RRIM 937, GT1, PR255, PB350, e hoje os novos clones da série IAC 500 (502, 503 e 511).

Contrariamente, as regiões tradicionais ao desenvolvimento da cultura apresentam uma alta umidade relativa do ar, proporcionando, assim, maior incidência de doenças. Portanto, a escolha dos clones deve se basear em maior resistências aos fungos.

Além dos já mencionados, há também os clones PB 312, PB 291, RRIM 713, PB 355, OS 22, PC 119, PB 324, RRIM 938, PB 311, PC 140, PB 314, RRIM 901, PB 217, PR 261, IAN 873, IAC 35, IAC 40, IAC 300, IAC 301 e IAC 302.

Mercado de borracha natural

Coágulo da seringueira
Créditos: Rubber Route®

De acordo com Esperante (2023), a atual crise na demanda por borracha natural foi gerada pela importação de pneus, que levou à alta de 36% nas importações de pneus no ano de 2022, e impulsionou os estoques nacionais, reduziu as vendas das fábricas brasileiras e, consequentemente, derrubou o consumo em 2023.

Perante as dificuldades encontradas, hoje o produtor vive uma crise pela falta de comercialização da sua borracha e, consequentemente, os preços abaixo do custo.

Comercialização

O látex, ou coágulo, é vendido pelo produtor para a usina de borracha. A usina industrializa esse látex ou coágulo, que será transformado em látex centrifugado ou GEB-10 (Granulado Escuro Brasileiro), o qual é vendido para os segmentos pneumáticos, autopeças, artefatos de borrachas e adesivos.

A expectativa é que o mercado retome seu consumo, com preços estáveis. No entanto, é importante saber as projeções para identificar a direção que nosso mercado está tomando. Esse tipo de conhecimento nos permite saber que existe grande potencial de expansão, tecnologia e sustentabilidade desenvolvida pelo setor.

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