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Eficiência dos drones na pulverização contra greening

Tecnologia validada pelo Fundecitrus alcança mortalidade superior a 80% dos psilídeos adultos, uma esperança no controle do greening

A eficácia do uso de drones no controle químico do psilídeo, inseto transmissor do greening, foi comprovada por meio de uma pesquisa conduzida pelo Fundecitrus. O objetivo é utilizar essa tecnologia como uma ferramenta complementar no manejo da doença em propriedades citrícolas.

Foto: Fundecitrus

Os resultados do estudo revelaram que as aplicações de inseticidas realizadas por meio dos drones foram eficientes no controle dos insetos adultos, que tiveram uma taxa de mortalidade superior a 80%.
Marcelo Miranda, pesquisador do Fundecitrus, explica que o estudo não foi realizado para monitorar, mas sim para controlar o psilídeo, que é o vetor das bactérias associadas ao greening. “É importante lembrar que a doença é causada por bactérias, e o psilídeo se alimenta das plantas doentes e, posteriormente, dissemina a doença ao se alimentar das plantas sadias. Portanto, todos os estudos realizados com drones foram para verificar a sua efetividade na aplicação de inseticida para o controle do psilídeo”, define.

Drones x greening

Existem diversas vantagens no uso de drones, e uma delas é a agilidade. Durante um dia, o pesquisador informa que um trator convencional consegue pulverizar cerca de 20 hectares, enquanto um drone pode pulverizar até 80 hectares.
Além disso, o drone é uma ferramenta útil em casos em que não é possível utilizar um trator, como áreas de plantação com solo encharcado. O drone pode voar sobre a área e realizar a aplicação.
Devido ao seu sistema de navegação avançado, o drone também pode realizar aplicações em áreas de bordadura. Marcelo Miranda lembra que o psilídeo, por exemplo, geralmente chega às plantações pelas bordas. Portanto, ao definir uma faixa de borda no sistema, o drone poderá sobrevoar essa área e controlar especificamente a região desejada.
O pesquisador acrescenta que o drone é uma ferramenta complementar às aplicações terrestres.

Estudos do Fundecitrus

Em relação aos resultados do Fundecitrus, foi realizado um estudo em pomares de diferentes idades: 1, 4 e 12 anos, os quais possuem perfis bastante distintos – um pomar muito jovem com a copa pequena, um pomar com quatro anos e uma copa intermediária, e um pomar de 12 anos com uma copa mais desenvolvida.
Foi feita a aplicação de inseticida por meio de um drone, utilizando a metodologia em que os psilídeos foram confinados em ramos após a pulverização.
“Em geral, observou-se um bom controle, com a pulverização apresentando controle maior ou igual a 80%. Isso demonstra que essa técnica é eficaz, independentemente da idade do pomar, seja no de um ou no de 12 anos. O controle depende muito da frequência de pulverização, então, no caso do trator, que pode não conseguir entrar duas semanas seguidas, o drone complementa a pulverização, auxiliando no manejo do inseto”, esclarece Marcelo Miranda.

Limitações

Os desafios apontados pelo cientista, quanto à técnica, partem do estudo de novos modelos de drones, realizar novas avaliações e analisar suas limitações. Para esse estudo específico, foi utilizado o drone XAG P-30, que possui um sistema de pulverização com discos rotativos. Também foram conduzidas pesquisas preliminares com outros drones que possuem um sistema de pulverização convencional com uma ponta hidráulica, mas os resultados não foram tão satisfatórios quanto com o disco rotativo. Portanto, não é possível generalizar e afirmar que todos os drones são eficientes no controle do psilídeo”, detalha.
É importante ressaltar que a tecnologia de aplicação utilizada nos drones influencia diretamente os resultados. Além disso, é necessário estudar outros inseticidas registrados para o controle do psilídeo, via aplicação aérea, os quais já estão em andamento, visando oferecer mais opções aos produtores, tanto em relação aos modelos de drones quanto aos inseticidas, a fim de evitar problemas de resistência e proporcionar alternativas eficazes.
Outro ponto destacado por Marcelo Miranda é o custo de implementação. “O produtor pode comprar o equipamento e ter uma equipe que faz a aplicação dentro da propriedade, ou contratar uma empresa que faz a pulverização e cobra por hectare. Se fizermos uma comparação, por exemplo, o custo da aplicação com drones por hectare é cerca de quatro vezes mais caro do que a aplicação feita por um avião. No entanto, quando o produtor compra o drone e tem sua própria equipe, esse custo tende a diminuir”, calcula.
Segundo ele, quando forem lançados drones com maior autonomia e baterias que duram mais tempo em uso, certamente haverá uma nova perspectiva e maior adoção da tecnologia.

Benefícios ambientais

No quesito benefícios ambientais, no caso dos drones, observa-se redução da deriva em relação aos aviões, visto que a dispersão do inseticida é mais precisa e direcionada. Além disso, a legislação de aplicação aérea possui uma área de exclusão de bordadura menor para os drones em comparação aos aviões.
Ainda, o uso de drones na agricultura pode resultar em uma economia significativa de água. “Por exemplo, em um pomar adulto o controle com trator pode exigir cerca de 1.000 litros por hectare, enquanto com a aplicação aérea essa quantidade pode ser reduzida para cerca de 5,0 a 10 litros por hectarel”, compara.

Controle biológico

Além dos trabalhos com inseticidas, também estão sendo realizados estudos com drones para o controle biológico de pragas. Marcelo Miranda conta que está sendo testada a liberação de inimigos naturais do psilídeo, como vespinhas, e também de inimigos naturais do bicho-furão, outra praga importante na agricultura, com resultados promissores.
“Outra perspectiva que está sendo estudada é a pulverização de fungos entomopatogênicos, que são inseticidas biológicos, contribuindo para o controle de forma mais sustentável. Novas formulações estão sendo avaliadas para a aplicação desses fungos por meio de drones”, detalha o pesquisador.
Com esses avanços, será possível ter uma perspectiva promissora para o uso de drones não apenas no controle químico, mas também no controle biológico de diversas pragas agrícolas, incluindo a liberação de parasitoides e a pulverização de fungos entomopatogênicos para o controle eficiente e sustentável de outras pragas.


TRATOR X DRONES: Em um dia, um trator convencional consegue pulverizar cerca de 20 hectares, enquanto o drone chega a 80 hectares.
EFICIÊNCIA: Aplicações de inseticidas via drones tiveram controle dos insetos adultos superior a 80%.

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