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Cerveja artesanal à  base de arroz é motivo de curiosidade

A composição da cerveja contém 40% de arroz da BRS AG, lançada pela Embrapa, que mostrou mais de 10% de eficiência na conversão de amido ao comparar com o uso do arroz tipo agulhinha
Cerveja - Crédito Paulo Lanzetta
Cerveja à base de arroz – Crédito Paulo Lanzetta

Durante a realização do IX Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (CBAI), realizado na última semana, em Pelotas/RS, foi lançada a cultivar de arroz BRS AG (o arroz Gigante). Embora, a cultivar seja destinada ao uso de bioetanol e à alimentação animal, foi possível demonstrar novas possibilidades para o produto: a elaboração de cerveja a base de arroz.  Durante a sessão de lançamento os congressistas de diversos locais do Estado, do país e estrangeiros puderam degustar de 60 litros da bebida artesanal.

A criatividade partiu do técnico agrícola da Embrapa Alcides Severo, através de uma brincadeira. “O início foi um desafio entre estudantes. E comecei a me interessar pelo assunto, adquirir equipamentos e utensílios, fazer experiências em casa e a presentear amigos com o produto. Mais tarde, o que parecia distante do campo das ideias, tornou-se uma realidade, e hoje, me tornei um cervejeiro”, falou.

A bebida produzida especialmente para o Congresso é a cerveja de estilo Cream Ale , uma cerveja clara, com aroma sutil, é levemente frutada,  teor alcóolico de 4,4% e um amargo levemente acentuado. O produto foi totalmente aceito e consumido pelos congressistas, além de ter despertado curiosidades.

Segundo Alcides, esta degustação oferecida no IX CBAI foi feita com 40% de arroz em sua composição.  “A diferença na eficiência  da conversão do amido, entre o arroz tipo agulhinha (longo fino) para a BRS AG (o arroz Gigante), resultou em quase mais de 10%”, informou. Isso se explica pelo fato online casino da BRS AG possuir alto índice de amido. A composição da cerveja artesanal elaborada pelo técnico leva três tipos de malte de cevada (60% da composição) e arroz BRS AG cru com casca (40% da composição).

Ele explicou que a maioria das cervejas incluem em sua composição arroz e milho. “Principalmente nos Estados Unidos, a produção de cerveja possui uma composição com uma quantidade expressiva de milho”, disse. Essas culturas são muito usadas como adjuntos na composição de suas receitas por que barateiam o custo do produto. No Brasil, algumas marcas também se utilizam de arroz na sua composição. “O uso de adjunto pode reduzir até 1/5 do valor em relação ao uso do malte”, analisou. Mas, a presença de adjuntos não influencia nas probabilidades de embriaguês. “Todas tem teor alcóolico”, pontuou.

Para se produzir uma cerveja é preciso passar por várias etapas: brassagem, fervura, resfriamento, fermentação e maturação. O processo de produção de um tipo de cerveja pode levar de 30 a 45 dias.

Alcides Severo se dedica a produção artesanal há cinco anos e  considera ter uma boa estrutura para a produção caseira. “Eu me envolvi tanto com esse negócio, que fiz vários cursos, já ministrei cursos em Pelotas. Hoje sou cervejeiro e associado a Acerva Gaúcha e participo de concursos nacionais de cerveja”, contou entusiasmado. Em 2015, obteve o 6° lugar no Concurso Nacional de Acervas com o estilo Old Ale, dentro da categoria Strong Way, em Porto Alegre. Ele contou que um dos ingredientes para produzir a bebida é o lúpulo. Mas, este é todo importado, então ele está planejando ainda neste ano, iniciar um cultivo de lúpulo em caráter experimental em sua propriedade familiar.

Atualmente, ele produz 24 estilos de cerveja, com diversas características e rótulos próprios. Mas, os produtos não estão à venda. São produzidos para juntar os amigos e aprender o que a bebida  tem de bom. Para isso, surgiu a Confraria do Malte, onde se reúnem com frequência para comemorar a vida e saborear o que natureza oferece.

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