Túlio de Paula Pires
Engenheiro agrônomo, mestrando em Agricultura e Informações Geoespaciais –
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pesquisador Fronterra
tuliopiresagro@gmail.com
Alisson André Vicente Campos
Engenheiro agrônomo, doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras
(UFLA) e pesquisador Fronterra
alissonavcampos@yahoo.com.br
Neste artigo vamos chamar a atenção para um sistema de poda ainda não muito difundido, mas que tem dado resultados muito satisfatórios onde é empregado.
Dentre outras vantagens, a técnica corrige o problema da perda de produção dos ponteiros no ano seguinte à poda. Trata-se da “Poda Parcial do Arbusto”, ou simplesmente PPA.
Tipos de podas
Existem vários tipos de podas utilizadas no cafeeiro, sendo importante verificar a situação da lavoura para escolher o tipo que mais se adéqua às necessidades das plantas.
É importante buscar sempre recuperar a estrutura produtiva e, consequentemente, melhorar a produtividade das lavouras. A recomendação de podas muito drásticas em situações em que não seja necessário esse tipo de poda, ou mesmo realizar podas menos drásticas em situações em que era preciso um maior reestabelecimento das lavouras, pode ser um erro.
Por isso, antes de decidir o tipo de poda a ser realizado, é indispensável que se conheça a situação da lavoura.
Entenda melhor a PPA
A poda programada (PPA) consiste em cortar, logo após a colheita, as extremidades de todos os ramos plagiotrópicos presentes nos terços médio e inferior da planta, preservando intactos os ramos do ponteiro em cujos nós encontram-se gemas reprodutivas ou botões florais.
Esse corte deve ser feito na porção do ramo onde o crescimento ficou comprometido, caracterizado principalmente por apresentar internódios curtos e em pequeno número, ou não apresentar gemas reprodutivas visíveis ou botões florais, seca de ponteiros e escaldadura devido a problemas bióticos ou abióticos.
A PPA promove a emissão de ramificações, recuperando o enfolhamento dos ramos podados em níveis muito superiores aos de antes ou por outros sistemas de poda. Desse modo, a retirada das gemas apicais, em função do corte dos ramos, quebra a dominância apical e força as gemas laterais a saírem do estado de dormência, dando origem a novos ramos, flores e frutos, que é o objetivo da técnica.
Qual a diferença?
A diferença deste sistema para os outros é que não se poda o decote da haste principal, preservando assim o potencial produtivo da região do ponteiro. Assim, pode-se chegar a 25 sacas/ha na primeira produção pós-poda.
A manutenção do ponteiro enfolhado e, por conseguinte, a gema apical presente no ápice do caule ortotrópico, impõe uma forte dominância apical que restringe o crescimento de ramos ladrões ao longo do tronco principal.
Essa é, sem dúvida alguma, uma vantagem econômica da PPA, uma vez que tem uma redução média da mão de obra na colheita manual, maior uniformidade das floradas e da maturação dos frutos.
Mais vantagens
Coma PPA observa-se, ainda, aumento superior a 28% na produtividade média da lavoura em cinco colheitas, eliminação da safra zero na renovação da lavoura, padronização do manejo de poda, maior facilidade nos tratos culturais e, principalmente, para desbrota, uma operação cara, demorada e de difícil execução.
Como o cafeeiro é muito responsivo à PPA, rapidamente a copa retorna ao seu formato aproximadamente cônico, com o novo e vigoroso enfolhamento e uma distribuição da produção em toda a extensão da planta, inclusive na região da saia.
Assim, na safra do segundo ano, a produção se dá em toda a copa do cafeeiro. Algumas cultivares têm respondido bem às podas PPA, visto que apresentam elevado vigor e capacidade vegetativa.
Cultivares beneficiadas
As cultivares Arara e o grupo Mundo Novo destacam-se na recuperação após a poda, com boa capacidade de enfolhamento, culminando em boas produtividades. Para que essas cultivares promovam o máximo potencial genético, são necessários cuidados com sua nutrição e manejo fitossanitário.
Ainda não se tem muitos estudos sobre a PPA, o que é importante para validar a tecnologia.
O que dizem os produtores
Alguns produtores são receosos em aderir a esse manejo por não conhecer seus benefícios. No entanto, os que adotaram a técnica relataram que é adequada para lavouras que perderam seu potencial produtivo e cuja produção encontra-se restrita à região do ponteiro.
Ao passo que lavouras adensadas aceitam muito bem esse tipo de poda, sendo recomendada para lavouras vigorosas em termos vegetativos, mas que perderam parte do potencial produtivo nas fases finais do ciclo.
Outra consideração vinda de alguns produtores é não utilizar em lavouras muito altas devido a problemas na colheita do ponteiro. Recomenda-se, portanto, um bom manejo nutricional na pós-poda para que o cafeeiro expresse todo seu potencial vegetativo.
Recomendações
A PPA deve ser realizada logo após a colheita ou antes do início das chuvas, para que a planta possa reequilibrar rapidamente sua energia de forma a garantir a produção do ponteiro e revegetação.
Uma outra alternativa é fazer a PPA antes da varrição, pois é baixo o volume de resíduos podados, não interferindo na operação de recolhimento.