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Silicato – Alternativa para a correção do solo

 

Anderson Carlos Marafon

Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros – UEP Rio Largo

anderson.marafon@embrapa.br

 

Foto 01 - CréditoShutterstock
CréditoShutterstock

Os solos agrícolas brasileiros, na maioria, apresentam média a alta acidez, o que traz como consequência a baixa produtividade das culturas em decorrência da toxidez causada por alumínio (Al) e manganês (Mn), da deficiência de fósforo (P) e da baixa saturação por bases (V%).

A acidez de um solo ocorre devido à presença de prótons H+ livres, gerados por componentes ácidos presentes no solo, os quais podem ser neutralizados por componentes básicos ou alcalinos presentes nos corretivos de acidez, que por sua vez geram ânions OH.

Corretivos da acidez são produtos capazes de neutralizar (diminuir ou eliminar) a acidez dos solos e, ainda, elevar o teor de nutrientes dele, principalmente cálcio (Ca) e magnésio (Mg).

Entre os produtos utilizados na correção da acidez do solo, os mais comuns são os carbonatos de Ca e Mg, conhecidos como calcários. Entretanto, as escórias siderúrgicas (subprodutos ou resíduos obtidos nas usinas de aço, ferro gusa ou da fabricação do fósforo elementar) podem constituir-se em fontes alternativas viáveis para a correção de acidez do solo por apresentarem ação neutralizante semelhante à do calcário.

De lixo a corretivo de solo

A prática do uso de escórias de siderurgia (silicatos de Ca e Mg) para redução da acidez do solo é conhecida com silicatagem. A recomendação segue o mesmo princípio da calagem, sendo levados em consideração fatores inerentes ao solo, como o grau de acidez trocável ou potencial, textura e teor de matéria orgânica, aqueles inerentes às características do próprio corretivo, como a granulometria e o seu poder neutralizante; e outros relativos às espécies de plantas, como o grau de tolerância à acidez do solo.

Desta forma, a análise de solo é imprescindível para a recomendação de calagem/silicatagem. A legislação atual determina que as escórias apresentem valores mínimos de 60% para o poder de neutralização (PN) e de 30 dagkg-1 para a soma de óxidos de cálcio e magnésio (CaO + MgO).

O sucesso da prática da calagem depende fundamentalmente de três fatores: da dosagem adequada, das características do corretivo e da aplicação correta. A aplicação dos silicatos deve ser feita com antecedência, como ocorre com o calcário.

A distribuição do corretivo deve ser uniforme na superfície do solo, em área total, incorporando-se o mais profundo possível. A época de aplicação do corretivo de acidez do solo está relacionada com o seu grau desolubilidade que, geralmente, ébaixo. Como a solubililização dos corretivos de acidez demanda relativo tempo, a calagem/silicatagemdeve ser realizada pelo menos de dois a três meses antes do plantio.

No solo, a aplicação de silicatos faz com que o pH aumente - Crédito Shutterstock
No solo, a aplicação de silicatos faz com que o pH aumente – Crédito Shutterstock

Vantagem dos silicatos para a correção de solo

De acordo com Korndörferet al. (2002), os silicatos de Ca e Mg, por apresentarem composição semelhante à dos carbonatos, podem substituir os calcários com vantagens, podendo sua recomendação de aplicação ser baseada em qualquer um dos métodos utilizados para recomendação de calagem.

No solo, a aplicação de silicatos faz com que o pH aumente, o alumínio (Al³+) diminua, ovalor referente à percentagem de saturação por bases (V%) aumente e a saturação por alumínio (m%) seja reduzida.

Os silicatos promovem a reação do ânionSiO3²com o a água (H2O), liberando (OH+) para a solução do solo. O silicato de cálcio é 6,78 vezes mais solúvel que o carbonato de cálcio (calcário), apresentando, portanto, maior potencial para a correção da acidez do solo em profundidade.

Além de neutralizarem a acidez, os íons solúveis dos silicatos, liberados durante o processo de dissolução, são fixados pelas partículas do solo, óxidos e hidróxidos de Fe e Al, competindo com íons fosfatos pelos mesmos sítios de troca, com consequente aumento da disponibilidade de fósforo na solução do solo.

 

A utilização de corretivos à base de silicatos tem mostrado efeitos positivos no milho - Crédito Ademir Torchetti
A utilização de corretivos à base de silicatos tem mostrado efeitos positivos no milho – Crédito Ademir Torchetti

Resultados

A utilização de corretivos à base de silicatos (silicatagem) tem mostrado efeitos positivos em diversas culturas. As escórias silicatadas constituem-se em fontes alternativas viáveis para correção de acidez do solo, principalmente em culturas como arroz, cana-de-açúcar e gramíneas forrageiras, consideradas acumuladoras de silício (Si), um elemento benéfico às plantas.

O silicato promoveu aumento da disponibilidade de Ca, Si e P e na produtividade de grãos de arroz.Reis et al. (2013), em experimentos realizados em cana-de-açúcar, observaram que a aplicação de silicato de cálcio proporcionou aumentos significativos na produção de cana-de-açúcar e favoreceu o aumento de pH, Ca, Mg, Fe, Mn,a soma de bases, a CTC e a V% do solo.

Dosagem recomendada

Ométodo utilizado para o cálculo da necessidade de silicatagemmais recomendado é o da elevação da saturação de bases(V%), considerado como o mais usual. Este método preconiza a elevação da saturação de bases a valores pré-estabelecidos, conforme a cultura.

Na fórmula de cálculo a seguir temos queNS = Necessidade de silicatagem (t/ha), V2 = saturação por bases desejada (%); V1 = saturação por bases inicial (%); PRNT = poder relativo de neutralização total da escória de siderurgia eCTC = T = capacidade de troca de cátions, encontrada na análise do solo.

Neste cálculo é avaliada a profundidade, considerando a camada de 0 a 20 cm do perfil.

N.S.=(V2 ” V1) x CTC

(10 x PRNT)

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