Eduardo Jun Fuzitani
Pesquisador cientÃfico do Polo Regional Vale do Ribeira – APTA
A podridão da base do estipe (PDE) ataca plantas jovens e adultas de pupunheira, sendo frequente em viveiros e em plantios definitivos, causando a morte das mudas e da touceira.
As plantas doentes caracterizam-se, inicialmente, pela murcha e amarelecimento da primeira folha aberta e da folha bandeira ou vela (folha não aberta). Em seguida ocorre a necrose e o secamento das demais folhas, podendo chegar à morte da planta-mãe e, às vezes, dos perfilhos e de toda a touceira.
Em cortes longitudinais e transversais realizados no estipe da pupunheira observa-se o escurecimento dos tecidos internos e uma podridão generalizada
Prejuízos
Entre os danos causados pela podridão da base está a morte das mudas no viveiro e no campo, causando perdas do estande de plantio. Em plantios comerciais, os prejuízos podem chegar a 50 ou 70% das plantas infectadas e mortas por essa doença.
Condições para a doença
Nos viveiros, o excesso de umidade, seja água fornecida pela irrigação ou em condições de umidade do ambiente, favorece a podridão. No plantio definitivo as plantas doentes ocorrem em reboleiras, normalmente em solos compactados e mal drenados.
Fosfito como solução
Os fosfitos agem inibindo o crescimento micelial e a esporulação de patógenos, além de induzir a planta hospedeira a produzir fitoalexinas, fenilanina-amônia-liase e compostos como a lignina e o etileno, que agem no processo de defesa da planta contra a infecção.
Os fosfitos são excelentes complexantes, favorecendo a absorção de cálcio (Ca), boro (B), zinco (Zn), molibdênio (Mo), potássio (K) e outros; ajudam no controle e prevenção de doenças fúngicas, uma vez que estimulam a produção de substâncias que inibem o desenvolvimento de fungos (fitoalexinas); são rapidamente absorvidos pelas plantas, pelas raízes, folhas e córtex do tronco; acarretam maior fixação e desenvolvimento de frutos cÃtricos, com aplicações foliares.
Resultados de campo
Nosso trabalho foi realizado em estufa, ou seja, em ambiente protegido, utilizando mudas de pupunheira de oito meses de idade, 30 cm de altura e 3-4 pares de folhas, mantidas em sacos de polietileno preto (11 cm de altura e 7 cm de largura) com terra de subsolo e irrigados manualmente de acordo com as necessidades das mudas.
Não foi possível realizar o experimento em campo por diversos fatores, sendo um deles a própria inoculação artificial do fungo nas mudas de pupunheira. O experimento mostrou que o fosfito de potássio, aplicado preventivamente à inoculação de P. palmivora, produziu efeito positivo, ao reduzir a incidência e a severidade da podridão da base do estipe em mudas de pupunheira.
Já o fosfito de potássio, aplicado aos dois, quatro e seis dias antes da inoculação de zoósporos de P. palmivora, reduziu a incidência e a severidade da doença nessa mesma fase.
Manejo
Os métodos de aplicação de fosfito no controle de doenças variam, dependendo dos objetivos do estudo e do hospedeiro. Na literatura, alguns trabalhos mostram resultados positivos da aplicação do fosfito por encharcamento de raiz, com aplicações foliares e de injeção no caule, embora este último método tenha causado danos às plantas.
Segundo alguns autores, o método mais adequado para aplicação dos fosfitos foi a pulverização das folhas. O manejo sempre deve ser preventivo, ou seja, a aplicação do fosfito de potássio sempre antes da inoculação da doença.
Não houve redução significativa da incidência e da severidade da podridão da base do estipe em mudas de pupunheiras quando o fosfito de potássio foi aplicado de forma curativa (após a inoculação da doença), independente da dosagem ou do número de aplicações.
Entretanto, constatou-se que o fosfito de potássio, quando aplicado preventivamente, na dose e frequência adequada, pode reduzir a incidência e severidade da doença em pupunheira.
Dose certa
A dosagem de 5,0 mL L-1 de fosfito de potássio, aplicado preventivamente à inoculação de P. palmivora, produziu efeito positivo, ao reduzir a incidência e a severidade da podridão da base do estipe em mudas de pupunheira, assim como as dosagens de 2,5 e 5,0 mL L-1 de fosfito de potássio, aplicadas aos dois, quatro e seis dias antes da inoculação de zoósporos de P. palmivora.