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A chuva lava…o fertilizante repõe!

Valter CasarinCoordenador Científicos da NPV

Fertilizante – Foto: shurtterstock

Consideramos um solo mais fértil quando possui nutrientes em quantidades suficientes e em formas minerais que podem ser assimiladas pelas plantas. Quando crescem, as plantas retiram os nutrientes de que necessitam do solo e, portanto, esgotam-no. Por outro lado, quando as plantas morrem, elas são decompostas e permitem que os nutrientes retornem ao solo e se tornem disponíveis novamente. É, portanto, um processo cíclico de reciclagem de nutrientes.

No entanto, esse ciclo é aberto e um solo pode ganhar ou perder nutrientes. Por exemplo, a água da chuva pode se infiltrar no solo e levar certos nutrientes consigo para os lençóis freáticos e cursos d’água, isso é chamado de lixiviação ou drenagem. Alguns solos são mais sensíveis a essa perda do que outros, como é o caso dos solos arenosos. 

Por exemplo, uma área agrícola sendo explorada por uma plantação de milho, durante seu crescimento a planta retira nutrientes do solo e os utiliza para construir seus diversos órgãos: grãos, folhas, ramos, raízes. Quando os grãos de milho são colhidos, os nutrientes ali acumulados são exportados, deixando o solo mais pobre em nutrientes, o que acaba levando, aos poucos, ao esgotamento dos nutrientes e a atividade agrícola torna-se comprometida. Assim, é muito importante renovar a fertilidade dos solos cultivados, independente do sistema agrícola implantado.

Ao longo da história, vários métodos de renovação da fertilidade do solo foram usados e muitos deles são lentos e levam longos anos para a restituição dos nutrientes perdidos. Mas, a técnica que tem obtido mais sucesso é o uso de fertilizantes. O uso do termo fertilizante é usado aqui para qualquer matéria externa trazida ao solo para fornecer nutrientes às plantas. Este material pode ser o fertilizante orgânico, os quais contêm proporções muito variáveis de nutrientes, porém não estão em formas imediatamente disponíveis às plantas. 

Ao contrário dos fertilizantes orgânicos, podemos contar com a adição dos nutrientes que já estão na forma mineral, neste caso estamos falando dos fertilizantes minerais. Estes têm a vantagem de serem mais concentrados e assimilados diretamente pelas plantas. Os fertilizantes minerais são muitas vezes misturas dos três nutrientes mais importantes (porque são mais frequentemente limitados nos solos): nitrogênio, fósforo e potássio – os conhecidos fertilizantes “NPK”. 

Neste momento, você deve estar se perguntando por que não devolvemos apenas os nutrientes que foram retirados pela produção de alimentos? 

Para melhor entender essa questão, precisamos compreender que os nutrientes não são retirados do solo somente por meio da exportação ocasionada pela colheita dos produtos agrícolas, mas podem ser facilmente transportados para os rios e lagos por meio de escoamento e lixiviação, ou seja, é a perda de nutrientes por drenagem no perfil do solo. Assim, a alta incidência de chuvas fortes e em grande volume, conforme tem acontecido nesses últimos meses, podem diminuir a disponibilidade de alguns nutrientes para as plantas, principalmente o nitrogênio. 

Uma das formas de reduzir as perdas é adaptar a dose de nutrientes e a época de fornecimento do fertilizante ao crescimento da planta e a sua capacidade de absorção. A adubação bem calibrada irá limitar o risco de perdas dos nutrientes. Isso permitirá oferecer maior eficiência ao processo da adubação, não necessitando repor os nutrientes perdidos.

Toda atividade agrícola esgota o solo exportando os nutrientes na forma de alimento para os seres humanos. Renovar a fertilidade do solo é, portanto, essencial para garantir a segurança alimentar a longo prazo. Hoje, nosso sistema alimentar é caracterizado pelo gerenciamento linear de nutrientes. Os nutrientes são trazidos para as lavouras principalmente na forma de fertilizantes minerais, os quais são transferidos para nosso corpo e, posteriormente, excretados na forma de urina e fezes. Esses excrementos são tratados como poluentes a serem eliminados. Enfim, não voltam para repor as retiradas ocorridas nas lavouras. Um caminho óbvio para a resiliência do sistema consiste, portanto, em tentar fazer a ciclagem de nutrientes, como na maioria dos ecossistemas. Nossa esperança é que nossos resíduos se tornem recursos nutricionais novamente.

Sobre a NPV 

A NPV – Nutrientes para a Vida – nasceu com objetivo de melhorar a percepção da população urbana em relação às funções e os benefícios dos fertilizantes para a saúde humana. Braço da fundação norte-americana NFL – Nutrients For Life – no Brasil, a NPV trabalha baseada em informações científicas. O uso de fertilizantes de forma responsável e correta é o caminho para oferecer à sociedade oportunidade para maior segurança alimentar e qualidade nutricional dos alimentos e, sobretudo, produzindo de forma sustentável e com total respeito ao ambiente. Nutrir o solo, através dos fertilizantes, é a forma mais sensata de produzir alimentos em quantidade e qualidade para as pessoas, além de valorizar a preservação de nossas florestas. 

A missão da NPV é esclarecer e informar a sociedade brasileira, com base em estudos científicos, sobre a importância e os benefícios dos fertilizantes na produção e qualidade dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.

A NPV tem sua sede no Brasil, é mantida pela ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos) e operada pela Biomarketing. A iniciativa conta ainda com parceiros como: Esalq/USP, IAC, UFMT, UFLA e UFPR.

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