Autores
Jade Cristynne Franco Bezerra
Engenheira florestal e mestranda em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
jadefranco9@gmail.com
Claudia Maia Andrade
Engenheira agrônoma – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
claudia.andrades@outlook.com
Ana Carolina Lyra Brumat
Engenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Produção Vegetal – UFPR
anacarolinalb08@hotmail.com
Gustavo Antônio Ruffeil Alves
Engenheiro agrônomo e doutor em Ciências Agrárias – UFRA
gustavo.ruffeil@ufra.edu.br
Os nematoides são vermes que atacam o sistema radicular dos cafeeiros, dificultando a capacidade de absorção de água e nutrientes essenciais, podendo ocasionar o baixo desenvolvimento, atingindo a produtividade da planta, comprometendo a capacidade de produção total e a qualidade da lavoura.
Meloidogyne incognita, M. paranaensis e M. exigua estão entre os nematoides formadores de galhas mais frequentemente encontrados em culturas agrícolas, destacando-se a espécie M. exigua por ser a mais frequentemente encontrada em grandes quantidades em áreas de lavouras mais antigas.
A espécie M. exigua está amplamente distribuída em grandes regiões produtoras de café arábica do Brasil. Eles são responsáveis por atacar as raízes finas da planta, limitando a absorção de nutrientes e água. Em plantas adultas, que têm um sistema radicular profundo e bem estruturado, é possível conviver com os nematoides sem ocasionar danos significativos.
No entanto, quando o plantio de mudas é realizado em áreas infestadas, onde as mudas ainda têm um pequeno e sensível sistema radicular, os danos podem ser aparentes e irreversíveis, quando não se tem nenhuma medida de prevenção e controle.
Manejo
É recomendado o descanso da área por um período, bem como a rotação de cultura com plantas não hospedeiras, a exemplo o milho e algumas leguminosas. A adição de matéria orgânica na cova antes do plantio é uma forma de reduzir a população do nematoides no solo, além de melhorar a nutrição das plantas, auxiliar na estrutura química do solo e favorecer o crescimento de microrganismos possíveis predadores dos nematoides patogênicos.
Na maioria dos casos, o controle de nematoides é ineficiente, sendo que tanto o controle químico quanto o biológico ainda não são alternativas economicamente viáveis. Desse modo, existe uma técnica de renovação por meio de mudas enxertadas em porta-enxertos tolerantes, viabilizando o cultivo de cafeeiro em áreas antes infestadas (Matiello et al., 2012).
O objetivo da enxertia em café surgiu exatamente para minimizar os problemas com nematoides na cultura, e tem garantido resultados satisfatórios. A enxertia é realizada quando as mudas estão no estágio palito, podendo ser pela garfagem ou encostia, utilizando como porta-enxerto a variedade de café conilon (Apoatã-IAC-2258) e o enxerto com a variedade arábica.
Importante levar em consideração que a combinação de enxerto e porta-enxerto necessita de estudos prévios, pois pode haver problemas de incompatibilidade genética do material.
Esta técnica é recomendada e a mais utilizada na redução de nematoides, pois, além de possuir características favoráveis, como produtividade uniforme, fácil adaptação ao clima e solo, resistência a outras pragas e doenças; também melhora a qualidade do solo, diminuindo a infestação e aumentando a produtividade, pois o cafeeiro terá maior capacidade de absorção de água e nutrientes (Barbosa, et al 2014).
Por isso a qualidade do porta-enxerto deve ser levada em consideração, pois com a utilização de cultivares resistentes pode-se observar o bom desenvolvimento da parte aérea e radicular do enxerto, aumentando a produtividade e tornando mais eficaz a absorção de nutrientes (Ferreira et al., 2010).
Cuidados fundamentais
A opção pela resistência genética é imprescindível para o eficaz estabelecimento da lavoura ou renovação do cafeeiro. Portanto, deverão ser escolhidas espécies resistentes ou tolerantes aos nematoides M. exigua para o porta-enxerto, que possuam alta adaptabilidade ao clima, ao solo e bom desenvolvimento do sistema radicular. Já para enxerto deverão ser escolhidas cultivares de alto potencial econômico e produtivo, tendo em vista as características buscadas pelo produtor e mercado final (Ferreira et al., 2010).
Para a realização de um controle adequado dos nematoides, é necessário realizar uma amostragem para avaliar o grau de infestação e as diferentes formas de manejos que poderão ser empregadas, a depender da condição da lavoura e situação econômica do produtor.
Se possível, sempre optar por áreas isentas de infestações, utilizar mudas sadias isentas de nematoides e ter cuidado especial com as estufas e viveiros, incluindo a água utilizada para irrigação e os equipamentos utilizados para manutenção e manejo da área a ser cultivada, pois estes são agentes disseminadores de nematoides.
Tais cuidados irão proporcionar ao produtor menor custo com remediação e evitar possíveis perdas de produtividade (Marcuzzo et al., 2000).
Custo
O custo de produção de lavouras infestadas com o M. exigua serão maiores quando comparado com lavouras isentas da doença. As mudas enxertadas possuem uma alta eficiência em campo, porém, são de maior custo quando comparadas com mudas de semente e estaquia, além de outros custos adicionais, como produtos químicos e biológicos que serão utilizados.
No entanto, os nematoides, uma vez presentes na área, são impossíveis de erradicar, então, a única alternativa é a utilização do manejo integrado e técnicas preventivas de controle para minimizar os danos e atingir uma produtividade satisfatória.