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Abacate mais café é lucro garantido?

Autores

Gustavo Henrique Cafisso Santos
Bacharel em Agronomia – Centro Integrado de Campo Mourão
gustavo_cs0@hotmail.com
Daniela Andrade
Mestre em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
daniela.agronomia@hotmail.com
Lucio Camelo Copetti
Engenheiro agrônomo
copetti.lucio@gmail.com
Fotos: Shutterstock

A diversificação das lavouras de café é uma técnica interessante para manutenção do equilíbrio do ecossistema e, consequentemente, há um impacto positivo na diversidade de insetos, que atuam como inimigos naturais de pragas. Com isso, a utilização de árvores para sombreamento e diversificação da lavoura trazem melhorias significativas ao agroecossistema.

De modo geral, a utilização de plantas para o sombreamento aumenta a diversidade de insetos benéficos (parasitoides e vespas predadoras) na cultura do café, auxiliando no controle dos insetos-praga.

Estudos esclarecem que o consórcio de café com espécies arbóreas é uma prática que vem trazendo bons resultados e um lucro extra ao produtor, pois otimiza a área utilizada pelo café, com a comercialização de produtos originados das arbóreas, bem como o fornecimento de benefícios ao sistema, que vão desde a preservação do solo até a melhoria na qualidade da bebida e do grão.

Vantagens

Uma das vantagens do cultivo de abacate em consórcio com o café é que esse traz uma boa proteção contra a geada, além de atenuar as temperaturas dentro do cafezal reduzindo perdas devido a estresses térmicos.

Além dos benefícios quanto aos fatores climáticos, são perceptíveis bons resultados na preservação ambiental e, por fim, possibilita o incremento da renda do produtor e o menor risco com variações de preço de algum dos produtos.

Manejo

Muitos são os cuidados necessários para a implantação do café em consórcio com arbóreas em geral. Primeiramente, o produtor deve escolher qual a cultura de maior interesse, posteriormente adequar a técnica às condições da propriedade, relevo, tipo de solo, clima, máquinas e implementos, mão de obra, entre outros.

Em sequência, deve-se fazer a escolha da variedade das culturas consorciadas, de preferência com o auxílio de um profissional, para que se obtenha cultivares com o máximo potencial produtivo.

Com o planejamento bem arquitetado, vamos à implantação. Estudos comprovam que o melhor nível de sombreamento para a produção e qualidade dos grãos de café gira em torno de 30 a 35%, podendo variar de acordo com cada cultivar.

O posicionamento das arbóreas deve ser projetado para se aproximar ao máximo da incidência solar desejada. No primeiro método elas podem ser instaladas nas bordaduras, visando formar uma barreira contra a incidência solar, pragas e doenças, ou arranjadas no centro, de acordo com a necessidade, em função do tamanho da área.

As plantas de café, juntamente com abacateiros, devem ser organizadas para expressarem seu melhor potencial produtivo. Lembrando que na implantação do consórcio deve-se levar em consideração o tipo de mecanização à utilizar, para facilitar os tratos culturais de acordo com a tecnologia disponível para essa atividade, seguindo a recomendação de um profissional do agronegócio.

Produtividade

O consórcio de arbóreas com café não se diferencia em produtividade do café em pleno sol, de forma direta. Entretanto, de forma indireta agregam ao sistema produtivo, devido aos benefícios trazidos pela redução de pragas e doenças ocorridas no café durante a safra vigente.

No entanto, alguns trabalhos relatam que algumas variedades de café demonstram mais adaptação ao ambiente sombreado, podendo expressar melhor suas características, atingindo, assim, níveis mais elevados de produtividade quando comparadas ao cultivo em pleno sol.

Erros

Os erros mais frequentes nesta técnica são:

º Espaçamento inadequado entre as culturas, o que pode proporcionar competição por nutrientes e água;

º Excesso de sombreamento do café;

º Erro de adubação e nutrição, pois há diferentes necessidades nutritivas entre as culturas;

º Escolha de cultivares de café adequadas para essa técnica;

º Escolher a cultura principal, pois deve-se ter claro qual é a cultura a ser priorizada na lavoura;

º A organização espacial das mudas, de modo que não atrapalhe os tratos culturais.

O acompanhamento de um profissional do setor agrícola é importante para o sucesso do consórcio, pois evitam-se os erros citados anteriormente e auxilia a implantação, cuidado e comercialização do consórcio.

Investimento

O custo inicial de implantação é maior do que seria no sistema solteiro, pois ainda se tem muitas operações que devem ser realizadas manualmente. Entretanto, observa-se um retorno maior ao fim da colheita de cada cultura.

O investimento é rapidamente revertido, com a redução no uso de agroquímicos, o aumento na qualidade do produto originado do cafeeiro e com a comercialização dos produtos das arbóreas.

Viabilidade

O sistema de consórcio entre algumas espécies arbóreas e o café já é consistente e possui resultados bastante positivos quanto ao custo-benefício. O consórcio abacateiro-café, apesar de não ser um sistema amplamente utilizado, possui uma grande gama de benefícios que já foram citados, como o controle de pragas e doenças, minimizando os danos causados por fatores climáticos e diversificação de produção e renda.

Não esquecendo que o sistema também apresenta alguns pontos negativos quando consideradas as dificuldades operacionais que o consórcio traz, além de aumentar de forma significativa o custo de implantação.

Em um apanhado de comparações entre seus custos e seus benefícios, esse tipo de consórcio se mostra muito interessante, trazendo benefícios mais expressivos do que os custos incrementados.

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