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Acácia negra: No pódio das mais demandadas

Autora

Paula Almeida Nascimento Engenheira agrônoma e doutorado em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)paula.alna@yahoo.com.br

Acácia negra – Crédito: Shutterstock

Atualmente, o Brasil é o maior produtor de acácia negra no mundo, seguido pela África do Sul, com 170.000 e 110.000 hectares plantados, respectivamente. Segundo a Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ (2017), no Brasil, a acácia negra é a quarta espécie mais cultivada dentre as florestais para fins comerciais, ficando atrás somente dos plantios comerciais dos gêneros Eucalyptus, pinus e seringueira

140,00.

ð Lenha de acácia negra: preço médio de R$ 60,00/metro estéreo, dependendo da localização e, principalmente, da qualidade da lenha.

Reflorestamento nas regiões dos Vales do Caí e Taquari (RS), os preços praticados são os seguintes:

ð Lenha de acácia negra: preço médio de R$ 60,00/metro estéreo, dependendo da localização e, principalmente, da qualidade da lenha

ð Casca de acácia negra: R$ 0,21 a R$ 0,23/kg

 ð Carvão vegetal de acácia: R$ 0,65 a R$ 0,70/kg

O cultivo da acácia negra oferece uma vantagem econômica importante para a produção de celulose, pois possui alta densidade e rendimento da polpa, o que se traduz em maior produtividade. Trata-se de uma cultura altamente adequada para celulose branqueada, dissolvida em polpas semi-químicas.

Esses benefícios fazem da acácia negra uma espécie procurada e assegura uma demanda sustentável de cavacos de madeira no mercado japonês, o qual hoje continua atraindo novos clientes em mercados emergentes, como China e Índia.

Produtos

Atualmente, os únicos produtos secundários significativos desta leguminosa são o carvão e a lenha. Esta árvore é a única espécie temperada de Acácia cultivada comercialmente em uma escala internacional significativa (Chain et al. 2015).

Desta forma, a árvore de Acacia mearnsii é originária da Austrália e foi introduzida em outras regiões do mundo devido à sua rápida adaptação a diferentes condições ambientais e alta produtividade. A espécie é plantada principalmente na África do Sul e no Brasil, para produção de tanino e exportação de cavaco de madeira.

Em ambos os países, a acácia negra é principalmente cultivada por agricultores (76- 78% da área total). Devido aos altos preços trazidos pelos cavacos de madeira no mercado internacional, o cultivo da acácia negra é muito lucrativo.

Área plantada e produção anual

A acácia negra (Acacia mearnsii) é uma leguminosa arbórea, originária da Austrália, que vem sendo cultivada em vários países. No Brasil, o Estado que mais a cultiva é o Rio Grande do Sul.

No Brasil, cerca de 60% de toda área plantada com acácia negra é fonte de renda dos pequenos produtores rurais. Considerando que o valor da produção anual é de R$ 113 milhões, dos quais R$ 5 milhões vêm da comercialização da casca e R$ 108 milhões da madeira.

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O ano de 2018 encerrou com um total de aproximadamente 70.000 hectares com cultivo de acácia negra no Rio Grande do Sul ao longo dos anos. Este total representa a ocupação do ciclo de cultivo, com florestas com idades diversas, entre um e sete anos – idade ideal para corte – ou até 10 anos ou mais, podendo ser colhida a partir do 5º ano.

Produtividade média

A acácia negra (Acacia mearnsii De Wild.) é plantada comercialmente no Rio Grande do Sul, onde representa significativa parcela dos reflorestamentos do Estado. A idade de corte no Brasil varia desde 5,5 anos até 10 anos, enquanto na África do Sul ocorre normalmente aos 11 anos.

A amplitude de produtividade gira em torno dos 10 a 25 m³/ha/ano, sendo a produção média de casca em torno de 15 t/ha. Uma árvore de acácia negra pesa, em média, nos plantios brasileiros, na idade de seis a oito anos, 60 kg, sendo que destes 6,0 kg correspondem à casca e 54 kg à madeira.

Em média, considera-se uma produtividade de 2,2 t/ano de casca e 25,7 st./ano de madeira, num ciclo cultural de sete anos e uma área colhida de 20 mil ha/ano, com uma produção anual em torno de 44 mil toneladas de casca e 3.600.000 metros cúbicos de madeira.

Acácia negra – Crédito: Shutterstock

No Rio Grande do Sul são cultivados três principais gêneros florestais: Acacia, Eucalyptus e Pinus, para abastecer diferentes segmentos da cadeia produtiva de base florestal, como: madeira serrada para uso na construção civil e indústria moveleira, produção de painéis (MDF e MDP), compensados, aglomerados, laminados e faqueados, celulose e papel, resinas (breu e terebintina), tanino e seus derivados, postes de madeira tratada, cavacos para a produção de celulose, energia (lenha e carvão), pellets e mudas florestais.

Segundo a Ageflor (2017), são cultivados 781 mil hectares com florestas plantadas, correspondendo a 2,7 % do território estadual, sendo 54,6 % com eucalipto, 33,9% com pinus e 11,5 % com acácia, perfazendo 10% da área plantada com silvicultura industrial no Brasil.

No município de Poço das Antas (RS), no Vale do Taquari, a área de matas nativas é de 1.206 hectares. A área de florestas plantadas é de 2.687 hectares, sendo 717 mil pés de acácia negra e 3,5 milhões de pés de eucalipto (Fonte: Censo Agropecuário IBGE, 2017).

O cultivo da acácia negra é de ciclo curto, com colheitas em torno do sétimo ano de idade. Mora (2002), numa revisão sobre produções obtidas em diversas plantações no Rio Grande do Sul, cita produções de madeira de 22,8 a 31,4 st ha’ ano’ e, de casca, de 10,5 a 19,0 t ha-1.

Em valores

O preço do milheiro de mudas de acácia é comercializado a R$ 220,00. No ano 2018, o valor era R$ 200,00.

Lenha de acácia-negra – R$ 70,00/mst, dependendo da localização e, principalmente da qualidade da lenha. Vários produtores de carvão vegetal também compram lenha de acácia de outras regiões, como Triunfo. Esta lenha vem posta nos fornos a R$ 85,00/mst.

Carvão vegetal

· Casca de acácia-negra = R$ 0,28/kg           · Carvão vegetal de acácia = R$ 0,90/kg

A casca de acácia-negra é comercializada a R$ 260,00/ton. (posto em Montenegro ou Estância Velha) e a madeira a R$ 56,00/m empilhado posto em Rio Grande (fonte: Tanac)

Demanda

A produção de florestas dessa espécie plantadas no Estado ocupa área de 90 mil hectares e envolve, atualmente, cerca de 40 mil famílias. A partir da acácia negra, pode-se produzir carvão vegetal e, de sua casca, é extraída uma substância chamada tanino, utilizada em curtumes e em estações de tratamento de água.

As várias espécies do gênero Acácia (Família Mimosácea) estão distribuídas naturalmente pelo mundo, exceto na Europa e Antártida. O gênero é característico de regiões climáticas áridas e semiáridas, embora comum em muitas regiões subúmidas (Turnbull; Midgley; Cossalter,1998).

A acácia negra está associada à extração de tanino, uma substância natural que pode ser encontrada nas diversas partes de uma grande variedade de plantas, sendo extraído da casca. Este tanino é considerado pouco tóxico e obtido de forma renovável, com melhor qualidade em termos de composição e coloração. Cerca de 40% do tanino brasileiro é exportado para muitos países, tendo como principais concorrentes no mercado internacional a África do Sul e a China.

De acordo com Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ, 2017), no ano de 2015 os plantios de acácia ocupavam uma área maior que 160 mil hectares. É uma espécie de rápido crescimento, que alcança sua taxa máxima entre três e cinco anos de idade. Sua rotação comercial se estende entre sete a 10 anos, quando a floresta é colhida gerando múltiplos produtos.

No Brasil, a espécie foi introduzida no Estado do Rio Grande do Sul por Alexandre Bleckmann em 1918, especificamente no município de São Leopoldo. Porém, os primeiros plantios comerciais foram efetuados por Julio Lohman dez anos mais tarde no município de Estrela e o resultado disso motivou o aumento das plantações em 1930.

Em 1941 iniciou-se a utilização comercial da espécie com a criação da Sociedade Extrativa de Tanino de Acácia Ltda (Seta) e em 1948 foi fundada a Tanac S.A., sendo a maior empresa brasileira na atividade, líder do mercado interno e grande exportadora (Tanac, s.d).

As plantações ocorrem nos locais próximos aos centros consumidores de madeira e casca, concentrando-se na encosta da Serra Gaúcha, Depressão Central e Serra do Sudeste. A maior parte dos plantios é conduzida em minifúndios, ou seja, por pequenos e médios produtores, que detêm aproximadamente 60% das plantações.

Produção de biomassa

A biomassa florestal está relacionada com a ciclagem de nutrientes para fins energéticos e a avaliação do crescimento das florestas. Atualmente, as mudanças climáticas estão ligadas ao aumento da concentração de gases do efeito estufa, dióxido de carbono (CO2) e as florestas exercem a função de sequestro biológico de carbono e remoção de CO2 da atmosfera.

As plantas, utilizando a luz e a clorofila das folhas, fixam carbono por meio da fotossíntese retirando o CO2 da atmosfera e a água do solo, liberando o oxigênio e fixando o carbono na sua biomassa. As árvores, vegetais de porte alto, destacam-se pela capacidade de armazenar o carbono e são eficientes em capturar o gás carbônico da atmosfera.

A biomassa corresponde à massa de origem biológica, viva ou morta, animal ou vegetal, de modo que biomassa florestal é pertinente a toda massa vegetal existente na floresta ou apenas referindo-se à fração arbórea da mesma (Martinelli et al.,1994; Sanquetta; Balbinot, 2002).

Desta forma, a biomassa florestal é uma alternativa de fonte energética renovável, técnica, econômica e ambientalmente viável. Deste modo, cultivar florestas de acácia negra é uma atividade econômica e tem trazido benefícios para os produtores, principalmente de pequenas e médias propriedades rurais.

Além dos atrativos econômicos e sociais, a cultura promove fixação biológica do nitrogênio no solo e do carbono em sua biomassa, removendo o dióxido de carbono presente na atmosfera, bem como a ciclagem de nutrientes.

As florestas com acácia negra, com o avanço da idade dos povoamentos, a proporção de madeira e casca tende a aumentar, representando aproximadamente 80% da biomassa total, quando considerada uma rotação de sete anos.

A alocação de carboidratos resultantes da fotossíntese nos diferentes componentes de uma árvore pode ser alterada em função da espécie, da densidade de plantio e dos fatores edafoclimáticos do sítio onde essa se encontra. Portanto, diferentes locais de cultivo e idades podem apresentar alterações na produção de biomassa por componente, e consequentemente mudanças na receita disponível para o produtor.

Os estoques de biomassa e carbono crescem com a idade, e a proporção de biomassa entre os compartimentos variam ao longo do tempo. Enquanto que folhas, flores e frutos diminuem a proporção com o avanço da idade dos povoamentos, a madeira e a casca tendem a aumentar.

Na idade de rotação (aos sete anos), a madeira e casca representam aproximadamente 80% da biomassa. Os teores de carbono diferem entre os compartimentos da biomassa, sendo mais elevados na folhagem e menos elevados na madeira. Os teores variam também ao longo das idades dos povoamentos.

Efeito de variáveis bioclimáticas

Os estudos de biomassa florestal têm sido realizados com vários objetivos, como por exemplo, para a quantificação da ciclagem de nutrientes, fins energéticos, estudos de fixação de carbono e propriamente para avaliação do crescimento e produção de uma cultura. Eles são de grande importância para a tomada de decisões de gestão de recursos florestais.

As variáveis bioclimáticas na produção de biomassa e no acúmulo de carbono em plantios de acácia negra são as temperaturas, umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar e outros.

As pesquisas direcionadas para produção de biomassa e acúmulo de carbono tornam-se uma importante ferramenta para o planejamento das atividades florestais com essa espécie, tanto para empresas que compram matéria-prima e cultivam a acácia negra, como para produtores que utilizam as árvores para fins diversos, além do interesse ambiental por diversas entidades no sentido de sequestro de carbono.

A produção de biomassa de uma planta depende da quantidade de radiação solar fotossinteticamente ativa interceptada pelas folhas e da eficiência com que ela converte essa energia radiante em fotoassimilados, por meio do processo fotossintético.

Montheith (1965, 1972, 1977) observou que em plantas sadias que possuem quantidades adequadas de água e nutrientes, a produção de biomassa é gerenciada pela radiação fotossinteticamente ativa interceptada.

A interceptação da luz solar inicia uma sequência de eventos da fotossíntese que resultam na produção da biomassa florestal. Assim, a energia radiante ou a radiação fotossinteticamente ativa constitui fonte de energia essencial para o crescimento e produção de qualquer espécie vegetal cultivada.

A densidade das folhas, arquitetura do dossel e arranjo das plantas pode ser determinada por meio do índice de área foliar que foi definido por Watson (1947) como a área foliar integrada do dossel por unidade de superfície projetada no solo (m2 m-2) sendo, portanto, adimensional.

Entretanto, há outras variáveis bioclimáticas que influenciam no crescimento e desenvolvimento de uma floresta. Assim, a precipitação e a temperatura do ar têm muita relação com o crescimento das culturas.

A água é um dos fatores mais limitantes à produtividade florestal, por controlar a abertura e o fechamento estomático, absorção de nutrientes do solo e por ser o meio onde ocorrem as reações químicas e bioquímicas da fotossíntese.

Além disso, uma folha com o suprimento de água adequado tem condições de fixar mais carbono por unidade de luz interceptada do que uma folha com estresse hídrico e estômatos fechados. O desenvolvimento da acácia negra também depende de outros fatores ambientais, como a temperatura do ar.

A temperatura do ar afeta as taxas dos processos metabólicos ao agir na atividade do sistema enzimático, de forma a impactar o crescimento da planta especialmente no balanço de carbono, por meio da influência na fotossíntese, respiração, balanço de energia, transpiração e desenvolvimento do ciclo da planta.

Além disso, temperaturas extremas e geadas podem ocasionar danos aos tecidos e interromper o crescimento, sendo considerado um estresse abiótico. Altas temperaturas podem reduzir a assimilação de carbono na planta devido ao aumento da transpiração e ao fechamento dos estômatos.

Por outro lado, em temperaturas baixas, como dias de geadas, pode ocorrer redução da atividade fotossintética por certo período de tempo em consequência do congelamento das células.

Investimento x retorno

A acácia negra é de grande importância econômica e social nas pequenas propriedades, pois cerca de 60% das plantações pertencem aos pequenos produtores. A maioria deles planta e colhe a acácia negra na entressafra. 

Para a maioria dos produtores, a acácia negra se constitui uma das principais atividades na formação da renda rural. Considerando-se o preparo do solo, plantio, tratos culturais, descascamento, derrubada e corte das árvores e baldeio da madeira e casca, a acácia negra gera 10.400 empregos diretos, com dedicação exclusiva ao cultivo da espécie.

Os custos vão variar de acordo com as operações necessárias para cada área e com a forma de contratação ou execução dos serviços. Geralmente, os contratos são por atividade, com os pagamentos condicionados ao cronograma de trabalho e um acerto final considerando principalmente o índice de sobrevivência.

Para quem for realizar as operações com equipamentos e mão de obra própria, os gastos serão basicamente com insumos, referentes às mudas (máximo 2,5 mil mudas/ha com eventuais replantios), formicida (2,5 a 3,0 kg/ha), adubo (aproximadamente 140 kg/ha) e combustível.


Acácia negra – o que você ainda não sabe

  • Família: Fabaceae (Leguminosae) subfamília Mimosoideae.
  • Nome científico: Acacia mearnsii De Wild.
  • Nome popular: acácia negra.
  • Árvore semidecídua, originária da Austrália. Sua altura atinge até 18 m.
  • Folhas: perenes, verde-escuras, pilosas, recompostas, com até 14 cm de comprimento, até 25 pares de pinas, até 70 pares de folíolos, apresenta  ráquis central da folha com glândulas de tamanhos diferentes.
  • Floração: outubro-novembro.
  • Frutificação: dezembro-janeiro.
  • Flores: amarelo-claras reunidas em capítulos.
  • Fruto: vagens, castanhas-escuras.
  • Polinização: abelhas (Apis mallifera), besouros e pequenos insetos.
  • Dispersão: hidrocórica, zoocórica.
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