Sinara de N. Santana Brito
sinara.santana@unesp.br
Harleson Sidney Almeida Monteiro
harleson.sa.monteiro@unesp.br
Engenheiros agrônomos e mestrandos em Horticultura – UNESP
Gleicilene Brasil de Almeida
Mestre em Agronomia e coordenadora do Programa de Certificação Fitossanitária de Origem na Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará – ADEPARA
Antonia B. da Silva Bronze
Doutora em Ciências Agrárias e professora – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
antonia.silva@ufra.edu.br
A leprose é a principal doença que compromete a citricultura na América Latina, correspondendo à mais importante em virtude dos danos econômicos e sociais gerados e com predomínio em pomares no Brasil.
A transmissão do vírus causador (Citrus leprosis virus tipo citoplasmático – CiLV- C), da leprose está correlacionada ao ácaro da leprose dos citros Brevipalpus yothersi Baker; Acari: Tenuipalpidae), espécie que possui maior frequência e abundância de Brevipalpus em pomares comerciais.
Apesar dos avanços técnicos em toda cadeia de produção dos citros e da liderança na produção de laranjas, as lesões sintomáticas da Leprose dos citros é um das principais razões de perda nas safras nos pomares, as quais ocorrem devido à morte do tecido atacado, conduzindo à queda das folhas, flores e frutos; e seca dos ramos.
Sintomas
Nas folhas pode ocorrer manchas centrais marrom-escuras de 2,0 a 3,0 mm de diâmetro, rodeadas por halo amarelo e de um a três anéis de coloração amarelada que circundam em torno das manchas de cor marrom, podendo ser denominadas de lesões zonadas, devido ao formato em anel.
Essas lesões se coalescem entre si e aumentam com o decorrer do tempo, e caso não sejam controladas podem levar à morte da planta.
Nos frutos verdes, as lesões sintomáticas promovem a queda antes da maturação, resultando em demasiadas perdas na colheita. Importante frisar que ocorrem sintomas nos troncos que podem ser confundidos com a psoríase dos citros (causada pelo vírus da psoríase dos citros).
Para diferenciá-las, nota-se a ausência de coloração da madeira na leprose dos citros, que é presente nas condições da psoríase dos citros.
Essa doença provoca impactos negativos na indústria alimentícia (sucos cítricos e indústrias de processamento) e, consequentemente, perdas econômicas.
Causas e danos
O potencial dano promovido por esta doença depende, entre os fatores mais relevantes, da suscetibilidade da cultivar, que pode levar a perdas até de 100%, por meio da redução do rendimento pela queda dos frutos.
Em relação aos frutos considerados de mesa, a exemplo a laranja, a sua atratividade é definida pela cor e aparência da casca. A doença prejudica a casca dos frutos, afetando diretamente as indústrias cítricas de frutas secas.
A qualidade do suco de laranja é determinada pelas propriedades físico-químicas e o uso de produtos cítricos na dieta humana possui papel fundamental devido à disponibilidade de nutrientes e metabólitos secundários, englobandolimonoides, flavonoides, ácido hidroxicinâmico e poliaminas, que são indispensáveis à saúde humana.
Quando a doença ataca os frutos, ocorre o estresse, e nas condições de estresse, as classes de metabólitos secundários são alteradas, assim como o sabor do suco.
Quanto às perdas econômicas, a doença reduz a produtividade dos citros, ou seja, ocorre a redução no rendimento. Caso os ácaros-vetores não sejam controlados, estes promoverão perdas em quantidade e qualidade, perdendo seu valor comercial.
Outro fator importante está relacionado aos frutos com lesões, que tornam-se impróprios para exportação. E quando a exportação é prejudicada, é observado aumento dos preços comerciais das frutas, promovendo uma ação dos produtores com práticas químicas e mecânicas para controle de ácaros-vetores.
No entanto, quando o preço das frutas cai, as medidas são reduzidas para controle dos insetos-vetores. Devido a essa oscilação de comportamento dos produtores, a incidência da leprose dos citros aumenta, resultando em inúmeras perdas econômicas.
Controle
Em relação aos acaricidas, os mais utilizados devido à alta eficácia no manejo do ácaro da leprose em pomares são os espirodiclofeno e ciflumetofeno. Eles interferem na biossíntese lipídica, bloqueando a enzima acetil-coenzima A carboxilase.
Em particular, as fêmeas, quando expostas ao espirodiclofeno tornam-se incapazes de colocar ovos e morrem poucos dias após a sua exposição, em consequência do acúmulo de ovos dentro de seus corpos. E finalizando o processo de intoxicação, as fêmeas param de se alimentar e morrem, levando à explicação do retardo na ação do espirodiclofeno sobre os ácaros B. yothersim.
Monitoramento
Diante da gravidade da doença, a regra básica correlaciona a necessidade de vigilância constante, realizando amostragem periódica (semanalmente) dos talhões de citros. Para melhor exemplificação, plantas em fase de produção, em uma área com 3 mil plantas de citros, devem-se selecionar 60 plantas, que correspondem a 2% do pomar, analisar três frutos por planta, no interior da copa, preferencialmente com sintomas de verrugose, ou frutos remanescentes de colheita.
Após esta ação, por meio de uma lupa de 10x de aumento no mínimo, considerar atacados os frutos que apresentarem ao menos um ácaro ou dano por superfície.
No caso de plantas sem frutos, independente da sua idade produtiva, opta-se por amostras na porção terminal dos ramos do penúltimo fluxo de crescimento, local que os ácaros preferem se alojar.
Este monitoramento é fundamental para o momento adequado de iniciar o controle químico do ácaro, que poderá acontecer no momento que os frutos ou ramos apresentarem o vetor ou sintomas da doença.
Vale frisar que as dosagens precisam ser aplicadas conforme as recomendações de uso, a fim de atingir as porções externas e internas das plantas por intermédio de pulverizações.