Carla Verônica Corrêa
Doutoranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal e Metabolismo Mineral – UNESP
Luís Paulo Benetti Mantoan
Doutorando em Ciências Biológicas/Fisiologia Vegetal – UNESP
Resultados de pesquisas comprovam que os ácidos húmicos e fúlvicos exercem forte estímulo no crescimento radicular em plântulas de várias espécies vegetais, aumentando o número de sÃtios de mitose, de raízes laterais emergidas e a área superficial. Especificamente com cebola, há relatos de que o uso de ácidos húmicos + fúlvicos promove acréscimos de até 58% no desenvolvimento de raízes e aumentos de até 17% na produção de cebola.
Enraizamento
O aumento da massa fresca do sistema radicular da cebola pode chegar a 50% com os ácidos húmicos e fúlvicos, que favorecem a indução do crescimento radicular, além do número de raízes, tanto por efeitos diretos como indiretos.
Os efeitos diretos são decorrentes da elevação de transporte de nutrientes, aumento na síntese de proteínas, fotossíntese e atividade enzimática. Além disso, ao atuarem na acidificação celular, contribuem para o aumento da plasticidade da parede celular e para o processo de crescimento e alongamento celular.
Os efeitos indiretos são decorrentes da solubilização de nutrientes, redução da atuação de elementos tóxicos, melhoram as condições físicas, químicas e biológicas do solo e aumentam os microrganismos, proporcionado, dessa forma, um ambiente favorável para o crescimento e desenvolvimento do sistema radicular da cebola.
Vantagens
Como resultados do aumento do crescimento e desenvolvimento do sistema radicular da cebola, favorecido pelos ácidos húmicos e fúlvicos, destacam-se:
ðAtuam de forma positiva na capacidade de troca catiônica do solo (CTC), aumentam a retenção de nutrientes e a disposição desses para as plantas;
ð Aumento da absorção de água e de nutrientes;
ðComo há maior sistema radicular, ocorre exploração de uma área maior de solo, inclusive em maior profundidade, permitindo, dessa forma, maior resistência ao déficit hídrico;
ðPelo fato das plantas se desenvolverem em solos com melhores condições químicas, físicas e biológicas, assim como apresentarem seu metabolismo mais estimulado, ocorre maior crescimento e, consequentemente, maior produtividade.
ðPor apresentarem sistema radicular mais desenvolvido, o que resulta em maior absorção de água e nutrientes, as plantas de cebola se apresentarão mais desenvolvidas e sadias, o que resulta em menores custos de produção e maior produtividade.
Manejo
Quando o objetivo é o enraizamento, a aplicação de ácidos húmicos e fúlvicos deve ocorrer desde o início do ciclo da cultura. Em geral, as culturas apresentam melhores resultados com doses em torno de 15 a 20 L ha-1.
A aplicação pode ser tanto via solo como foliar. No entanto, a aplicação via foliar pode ser a mais usual, uma vez que requer menores quantidades, mas há também a opção de realizar a aplicação no solo da área de cultivo, complementada pela via foliar.
As doses, número e época de aplicação são dependentes da fertilidade desse solo, do material genético cultivado e das condições climáticas da região. Assim, antes do produtor introduzir esse manejo na cultura, ele deve realizar testes em pequenas áreas com o objetivo de otimizar o máximo possível o seu uso.
A aplicação foliar deve ocorrer principalmente na fase de maior crescimento da cultura, que coincide com a de maior demanda nutricional da cultura.
Resultados práticos
Como há estruturação do solo e maior formação do sistema radicular, os resultados práticos do uso de ácidos húmicos e fúlvicos começam pelo aumento de produtividade e maior sucesso no cultivo.
Assim, como o sistema radicular se desenvolve mais, as plantas de cebola sofrem menos com estresse promovido por déficit de água. Esse sistema radicular mais desenvolvido permite a exploração de volume de solo maior, o que possibilita à planta absorver nutrientes e água em maior profundidade.
Além disso, os ácidos húmicos e fúlvicos promovem aumento do transporte e absorção de nutrientes. Isso se deve a vários motivos, como:
ÃœOs ácidos húmicos e fúlvicos apresentam dimensões coloidais, sendo capazes de aumentar a retenção e disponibilidade de nutrientes às plantas, reduzindo as perdas por lixiviação (como nitrogênio e potássio) e fixação (como no caso do potássio e fósforo);
ÃœEssas substâncias húmicas ligam-se e retêm ânions como nitrato, sulfatos e fosfatos que são assimiláveis pelas plantas;
ÃœMaior estruturação do solo pelo fato de atuarem como agentes cimentantes, e dessa forma, com maior formação de agregados que permitem maior aeração do solo, aumentando a atividade dos microrganismos que atuam na decomposição e liberação de nutrientes da matéria orgânica;