Fernando Simoni Bacilieri
Doutor em Produção Vegetal e professor – Universidade Unopar
ferbacilieri@zipmail.com.br
Rayssa Camargo de Oliveira
Doutora em Fitotecnia e professora – Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM)
rayssaoliveira@iftm.edu.br
Roberta Camargos de Oliveira
Doutora em Fitotecnia e professora – Instituto Federal Goiano (IFGoiano)
roberta.camargos@ifgoiano.edu.br
O chuchuzeiro (Schedule edule) é uma planta herbácea de ramas longas, com um fruto fonte de vitaminas, sais minerais e aminoácidos livres, de bom valor energético e excelente qualidade em fibra.
Estima-se que a produção de chuchu no Brasil chega a 5.000 hectares, tendo como principais produtores os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Produtividade
A produtividade depende da duração da colheita. Em culturas renovadas anualmente, a média está em tomo de 80 toneladas por hectare, para um período de cinco a seis meses de colheita, como acontece nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nas regiões de inverno ameno, onde as colheitas podem prolongar-se por oito a dez meses, como no Distrito Federal, a produtividade pode alcançar até 150 toneladas por hectare.
Fitossanidade
Algumas doenças causadas por fungos, como a antracnose, oídio e a mancha da folha, além de pragas, como percevejos, vaquinha, pulgões, lagartas e ácaros, podem ser problemas nas plantações de chuchu.
Tradicionalmente, o cultivo do chuchu é conduzido sem o uso de agrotóxicos, em decorrência do pequeno dano que as doenças causam nessa espécie e também pela dificuldade de pulverização, devido ao sistema de condução em espaldeira ou latada.
Uma questão relevante no controle de pragas e doenças no chuchuzeiro é o fato de haver poucos produtos devidamente registrados para a cultura. Para ser usado na agricultura, todo agrotóxico deve ser registrado para a cultura e para a praga-alvo.
A utilização indevida pode causar muitos malefícios ao homem, aos animais silvestres, ao solo e à água. Dependendo das condições climáticas no momento da aplicação destes produtos, apenas uma pequena porcentagem atingirá efetivamente o alvo, passando o restante a ser considerado um xenobiótico com alto potencial de acúmulos em determinados ecossistemas.
O solo reage lentamente às ações dos agentes externos, muitas vezes esconde o iminente perigo de substâncias e elementos nocivos.
Recuperação do perfil
Como alternativa para recuperação dos solos surge a biorremediação, que nada mais é que um conjunto de técnicas de descontaminação da terra, feitas com a ajuda de organismos vivos que quebram toxinas.
Esses microrganismos são capazes de degradar poluentes, transformando-os em substâncias inertes. A biorremediação de solos é uma biotecnologia que vem sendo amplamente utilizada em outros países nos últimos anos e, além de ser mais eficaz, apresenta menor custo.
Tais fatores tornaram a prática viável para a agricultura em escala comercial, tanto para o tratamento de resíduos quanto para a recuperação de áreas contaminadas.
Como fazer
A biorremediação pode ser feita de várias formas, como a fitorremediação, a bioventilação e a bioestimulação, por exemplo. A técnica mais adequada depende de fatores como o estado de contaminação, o agente poluente, o tipo de solo e muito mais.
No caso da bioestimulação, a atividade dos microrganismos é estimulada por meio da adição de nutrientes orgânicos e inorgânicos aplicados no local degrado e nesse contexto as substâncias húmicas podem ser uma alternativa.
As substâncias húmicas são compostos orgânicos oriundos da decomposição de resíduos vegetais e animais do ambiente constituintes naturais da matéria orgânica dos solos e dos sedimentos. Podem melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo e influenciar o metabolismo vegetal.
Composição
As frações mais importantes com relação à reatividade são os ácidos húmicos e fúlvicos. Os primeiros são a maior fração das substâncias húmicas – tratam-se de precipitados escuros, solúveis em ácidos minerais e solventes orgânicos.
Têm elevado peso molecular, capacidade de troca de cátions entre 300 e 500 meq 100 g-1, com origem na lignina. Possuem alto teor de ácidos carboxílicos e significativas quantidades de nitrogênio.
Os ácidos húmicos podem atuar na proteção de efeitos tóxicos para as plantas, promovidos pela ação de pesticidas. Essa proteção é decorrente da presença de uma rede de cargas negativas em sua estrutura capaz de reagir com os agroquímicos e permitir que em alguns casos eles sejam totalmente removidos do ambiente.
Também podem atuar como substrato para microrganismos se multiplicarem e acelerarem a biodegradação dos agroquímicos.
A indústria de fertilizantes formula fertilizantes com ácidos húmicos de concentração variadas, muitas vezes classificados como condicionadores de solos ou fertilizantes organominerais, pela extração de substâncias húmicas presentes em turfa, leonardita e subprodutos da indústria de papel e celulose.
Para o chuchuzeiro
No cultivo de chuchu, os ácidos húmicos podem ser utilizados via solo (drench ou fertirrigação) e também por aplicações foliares. Os benefícios da aplicação via solo incluem a disponibilização de nutrientes, o maior crescimento de raiz e a neutralização de sais.
Via foliar, aumenta a absorção de nutrientes, a translocação de defensivos, a concentração de clorofila, favorece a resistência a estresses e o crescimento das plantas. A escolha e aplicação desses produtos deve ser criteriosa e seguir as recomendações dos fabricantes.