Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
As substâncias húmicas (SH), compostas de ácidos húmicos, ácidos fúlvicos e huminas, são os principais componentes da matéria orgânica do solo (85 a 90%) e originam-se a partir de transformações bioquímicas de compostos como lignina, celulose, hemicelulose, açúcares, aminoácidos, etc. São várias as matérias-primas para a obtenção os ácidos húmicos e fúlvicos: turfa, leonardita, carvão, etc.
A ação direta das substâncias húmicas sobre o metabolismo e o crescimento das plantas tem sido atribuÃda principalmente à ação das substâncias húmicas de menor peso molecular – os ácidos húmicos e fúlvicos. Os efeitos das substâncias húmicas nas plantas estão relacionados com o aumento na absorção de nutrientes, devido à influência na permeabilidade da membrana celular e ao poder quelante, bem como à fotossíntese, à formação de ATP, aminoácidos e proteínas.
As substâncias húmicas ainda participam de importantes reações que ocorrem nos solos, influenciando a fertilidade pela liberação de nutrientes, pela detoxificação de elementos químicos, pela melhoria das condições físicas e biológicas e pela produção de substâncias fisiologicamente ativas.
Formulados orgânicos constituÃdos de ácidos húmicos e fúlvicos vêm sendo empregados como condicionadores em solos arenosos e argilosos. Tais produtos são substâncias obtidas, muitas vezes, por meio de turfas, ou, em alguns casos e principalmente no exterior, sintetizados industrialmente, mas sempre são compostas de cadeias carbônicas iguais ou semelhantes à quelas encontradas na natureza.
As substâncias húmicas têm sido aplicadas na fertirrigação de várias espécies, baseando-se nas informações sobre melhorias que proporcionam ao solo, aumento de absorção de nutrientes, metabolismo e crescimento das plantas.
Em campo
Resultados experimentais têm comprovado os benefícios proporcionados pela introdução dos húmicos e fúlvicos no sistema produtivo agrícola e, ainda, os efeitos na fisiologia e sobre o crescimento de plantas. Além do referido, tais benefícios podem se justificar por: influência positiva no transporte de íons, favorecendo, também, a absorção, o aumento da taxa respiratória e das reações enzimáticas do ciclo de Krebs, o que resulta em maior produção de ATP.
Considera-se, ainda, que tais substâncias promovem incremento no conteúdo de clorofila, de ácidos nucléicos e de proteínas.
Acredita-se que os ácidos húmicos e fúlvicos absorvidos pela planta, em estágios avançados do seu desenvolvimento, são uma fonte de polifenóis, que funcionam como catalizadores da respiração. O resultado é o aumento da atividade metabólica do vegetal, aceleração dos processos enzimáticos, e da divisão celular, crescimento mais rápido da raiz e aumento de matéria seca.
Os resultados mostram que os ácidos húmicos e fúlvicos (substâncias húmicas) favorecem a assimilação de nutrientes, e que os ácidos húmicos são importantes na retenção de cátions em concentrações elevadas no solo, o que evita toxicidades.
No feijoeiro
Em ensaio em casa de vegetação, no setor de Nutrição de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal, município de Espírito Santo do Pinhal (SP), com feijoeiro, estudou-se os efeitos de formulado contendo os ácidos húmicos e fúlvicos via drench, por ocasião da instalação do ensaio (na semeadura).
Os resultados obtidos mostraram que o emprego dos ácidos húmicos e fúlvicos beneficiaram o comprimento de raízes e a massa verde e seca de raízes e parte aérea. A análise global dos resultados indicou como dose mais eficiente, nas condições do ensaio, 10 L.ha-1.
Estudo de campo desenvolvido pelo setor de Nutrição de Plantas e Produção Orgânica do Curso de Engenharia Agronômica, UniPinhal, avaliaram os possÃveis benefícios da inclusão de formulado contendo 10,50% de ácidos húmicos e 10,50% de ácidos fúlvicos na produção do feijoeiro.
Os resultados obtidos revelaram que a inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos na adubação convencional (N-P-K) proporcionou aumentos de 29,63%%, 34,76%; 27,72%; 36,33%, respectivamente, quanto à massa verde de raízes; massa seca de raízes; massa verde de parte aérea e massa seca de parte aérea.
Em relação à produção de grãos, as parcelas que receberam N-P-K e ácidos húmicos e fúlvicos alcançaram cerca de 11,4 sacas a mais do que aquelas adubadas somente com N-P-K, o que equivale a aumento de 21,35%.
Na soja
Estudos realizados com a cultura da soja no campo, também no UniPinhal, mostraram que o emprego de formulado contendo 10,50% de ácidos húmicos e 10,50% de ácidos fúlvicos (2 L.ha-1 na semeadura e em V4 e V5 via drench) proporcionou aumento de nódulos ativos (2,3% em relação ao controle) e de produção (18% na massa de grãos e 9,4% no peso de 1.000 grãos).
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