21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosÁcidos húmicos melhoram a germinação do feijoeiro

Ácidos húmicos melhoram a germinação do feijoeiro

Fernando Simoni Bacilieri

Engenheiro agrônomo, mestre e doutorando em Agronomia – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

ferbacilieri@zipmail.com.br

Eli Carlos Oliveira

Engenheiro agrônomo, doutor e professor – Universidade Estadual de Londrina (UEL)

elioliveira.agro@gmail.com

 

Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de feijão (Phaseollusvulgaris L). O rendimento de uma lavoura de feijão é o resultado do potencial genético da cultivar e das condições edafoclimáticas da região de plantio somados às práticas de manejo, uma vez que a cultura é altamente responsiva a tecnologias.

Os componentes básicos de produtividade da cultura do feijão são: número de plantas por área, número de vagens por plantas, número de grãos por vagens e peso médio de grãos.

Um dos principais problemas enfrentados na produção de feijão, como em qualquer outra cultura, refere-se à necessidade de estabelecimento adequado de plantas em campo. Quando o número mínimo de plantas por área não é alcançado, há necessidade de ressemear com impactos diretos na produtividade e comprometimento de se obter um rendimento satisfatório.

O baixo estande pode ser causado por fatores atribuídos à qualidade fisiológica das sementes com atributos como germinação e vigor, ou a fatores ambientais, com destaque para seca e altas temperaturas. Cada fator pode atuar por si ou em interação com os demais.

A disponibilidade insuficiente de água no solo é considerada uma das causas mais comuns da baixa germinação e emergência de plântulas no Brasil, uma vez que condições de estiagem são frequentes na época de semeadura.

Germinação

A qualidade da semente de feijão não se limita apenas ao seu estado fitossanitário, que inclui a presença de fungos, bactérias e vírus fitopatogênicos, mas também às suas características genéticas, fisiológicas e físicas, que podem afetar a germinação e o vigor, refletindo no desenvolvimento e na produção da futura cultura.

A germinação representa o crescimento do embrião, iniciando-se com a absorção de água pelos tecidos da semente em crescimento (embebição). Após as transformações metabólicas promovidas pela embebição, há o crescimento da radícula através das estruturas envoltórias da semente, que marca o fim da germinação e o início do crescimento da planta.

Em condições normais, a emergência das plântulas ocorre entre cinco e 10 dias, sendo que temperaturas em torno de 25ºC e solo úmido aumentam a velocidade de embebição e, consequentemente, a germinação. Em condições de estresse (seca e temperaturas baixas), as sementes mais vigorosas conseguem superar esse estresse com maior facilidade em relação a sementes com menor vigor.

Os ácidos húmicos

Com o desenvolvimento da biotecnologia, bioquímica e da fisiologia vegetal, novos compostos têm sido identificados, sintetizados e aplicados às plantas com o objetivo de torná-las mais eficientes e produtivas, como é o caso dos ácidos húmicos, que possuem em sua fórmula estrutural carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio e enxofre, e existem naturalmente em solos, turfas, oceanos e águas doces, não apresentando características químicas e físicas bem definidas.

O tratamento de sementes com nutrientes, inoculantes, fitossanitários e enraizadores como os ácidos húmicos surge como ferramenta de manejo para atenuar o estresse, garantir e potencializar o estabelecimento inicial da cultura, que poderá se refletir no bom desenvolvimento das plantas nas fases seguintes e, consequentemente, na produtividade.

Modificar o ambiente para atender às necessidades das plantas pode ser contraposto pela alternativa de adaptar a planta ao ambiente natural, que em conjunto com o conhecimento dos efeitos das substâncias húmicas sobre o crescimento e desenvolvimento vegetal, pode ser estratégico para o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis .

As substâncias húmicas influenciam a atividade microbiológica do solo, a qual é responsável por mediar reações de síntese e decomposição de substâncias húmicas, mineralização e imobilização de nutrientes no solo. Além disso, influenciam indiretamente o desenvolvimento das plantas, aumentando ou reduzindo a disponibilidade de nutrientes, agregação e retenção de água no solo.

As substâncias húmicas ainda podem agir diretamente nas plantas, facilitando a absorção de nutrientes, aumentando a produção de ATP, clorofila e alterando a atividade enzimática.

O tratamento de sementes com ácidos húmicos surge como ferramenta para atenuar o estresse, garantir e potencializar o estabelecimento inicial da cultura
O tratamento de sementes com ácidos húmicos surge como ferramenta para atenuar o estresse, garantir e potencializar o estabelecimento inicial da cultura ” Crédito Shutterstock

Culturas beneficiadas

As substâncias húmicas foram citadas por aumentar alguns aspectos do crescimento em diversas espécies de plantas de interesse agronómico além do feijão, como soja, trigo, arroz, milho, tomate, pepino, pimenta, citros e uva. Devido à capacidade de aumentar o crescimento das raízes nas primeiras fases de desenvolvimento das plantas, aplicações de substâncias húmicas também podem aumentar o rendimento ou qualidade das culturas.

O efeito das substâncias húmicas sobre o crescimento e o desenvolvimento das plantas pode estar relacionado com sua atividade hormonal. Alguns autores acreditam que eles inibem a enzima IAA-oxidase, protegendo o ácido indol acético da degradação, enquanto outros afirmam que eles possuem substâncias promotoras de crescimento correspondentes ao AIA e seus precursores.

A eficiência e os efeitos fisiológicos específicos de substâncias húmicas em plantas vão depender da fonte, da concentração e do peso molecular das fracções húmicas aplicadas.

Atualmente, existe no mercado uma grande variedade de produtos formulados com substâncias húmicas a partir da turfa ou leonardita que poderão ser utilizados em tratamento de sementes, via solo (drench ou fertirrigação) e via foliar.

 

Essa matéria você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Grãos. Adquira o seu exemplar.

Ou assine

ARTIGOS RELACIONADOS

A agricultura irrigada em cenários de escassez hídrica

Edmar José Scaloppi Doutor em Engenharia de Irrigação e professor da UNESP edmar@fca.unesp.br A água para irrigação representa a maior proporção entre tantos outros usos competitivos. Apenas...

Pulsfog – Direto ao alvo

  A Pulsfog é uma empresa de pulverizadores de ultrabaixo volume, que pelo primeiro ano participou da Hortitec. “Nesse ano conseguimos entrar na feira e...

Técnicas de manejo induz a floração

Maria Aparecida do C. Mouco Engenheira agrônoma, mestre e pesquisadora da Embrapa Semiárido João Antônio Silva de Albuquerque Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Semiárido   A possibilidade de...

Como é feita a esparramação do cisco no pós-colheita em cafeeiros?

AutorJosé Braz Matiello Engenheiro agrônomo do MAPA/Procafé jb.matiello@gmail.com A esparramação ou chegada de cisco é uma prática em cafezais que vem sendo deixada de lado...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!