Daniela Minini
daniminini16@gmail.com
Kyvia Pontes Teixeira das Chagas
kyviapontes@gmail.com
Engenheiras florestais, mestras em Ciências Florestais e doutorandas em Engenharia Florestal – Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Como qualquer outro tipo de cultivo, os plantios florestais exportam nutrientes do ambiente no produto comercializado, o que acaba gerando uma redução na fertilidade do solo. Desse modo, a manutenção da fertilidade requer a reposição dos nutrientes exportados ou perdidos pela área, por algum tipo de reposição.
Um dos maiores problemas no Brasil se dá devido a muitos acharem que espécies florestais não precisam ser adubadas, ou que, se forem adubadas no momento do plantio, não são necessárias adubações subsequentes.
Nutrientes fundamentais para as florestas
A demanda nutricional varia conforme o tipo e o histórico de cada floresta. Por isso, é importante conhecer as necessidades nutricionais de cada espécie utilizada nos plantios florestais, principalmente para adequar as práticas de manejo, os períodos de maior exigência nutricional e as quantidades necessárias de nutrientes para as árvores nas suas diversas fases de desenvolvimento.
As plantas, de maneira geral, necessitam de diversos nutrientes para crescerem e formarem suas estruturas, mas seis se destacam por serem absorvidos e exigidos em quantidades superiores: nitrogênio (N), fósforo (P), enxofre (S), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), formando os chamados macronutrientes.
Além deles, existe a demanda nutricional de micronutrientes, que são exigidos em quantidades inferiores, mas não deixam de ser essenciais para o desenvolvimento das plantas. São eles: ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B) molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
Consequências da escassez nutricional
A escassez nutricional geralmente pode ser notada observando principalmente o desenvolvimento vegetativo das plantas. A diminuição do crescimento da árvore em altura e/ou diâmetro, o amarelamento das folhas, chamado também de clorose (deficiência de nitrogênio, magnésio), encarquilhamento das folhas (deficiência de potássio) e diminuição das raízes (deficiência de fósforo) são alguns dos sintomas de comprometimento das árvores por falta de nutrientes no solo.
Em estágios mais avançados de desenvolvimento, pode-se observar perda de parte da copa dos indivíduos.
A adubação e a estrutura do solo
O solo é formado a partir da combinação de características bióticas e abióticas, sendo a base para o desenvolvimento das plantas, pois fornece a estrutura para fixação e, o mais importante, a disponibilidade de nutrientes.
É bastante estudado no intuito de estabelecer correlação com crescimento de espécies florestais e é passível de ser manejado, pelo menos no tocante à nutrição. O processo de adubação gera alterações na estrutura.
Por exemplo, ao ser aplicado em forma de coveamento, são abertos buracos no chão, gerando uma descompactação das partículas e permitindo uma maior entrada de água. A descompactação do solo é o efeito mais notável nesse processo, promovendo espaços para um melhor desenvolvimento radicular, principalmente de raízes novas.
Como a floresta se beneficia
O uso de adubos proporciona maiores ganhos em produtividades para o plantio, por disponibilizar cada nutriente necessário para o desenvolvimento da planta no momento certo e na quantidade necessária, desde que seguindo o manejo corretamente.
Normalmente esse processo ocorre em etapas distintas durante todo o período, iniciando com uma aplicação na época de plantio e algumas de cobertura, com aplicações extras, caso necessário. Desse modo, as plantas não precisam investir em tamanho radicular, buscando nutrientes, ou disputar com espécies vizinhas, pois terão sempre os nutrientes mais facilmente disponíveis, usando seu gasto energético em emissão de folhas e desenvolvimento aéreo, mantendo altos tetos de produtividade.
Mais eficiência
A fertilidade do solo deve verificada antes do início do plantio, aproximadamente de 30 a 60 dias, juntamente com a análise de pH, a qual indica a necessidade de ser feita ou não a calagem superficial do solo.
Caso necessário, esse processo tem como intuito a diminuição da acidez do solo e aumento das cargas positivas, o que proporciona melhor absorção dos nutrientes que serão aplicados posteriormente.
Comumente é feita a adubação de estabelecimento, na cova onde será colocada a muda e no momento do plantio, necessária para o rápido crescimento das mudas e arranque inicial do plantio.
Em seguida vem a adubação de manutenção, que é realizada anualmente para continuar atendendo à demanda nutricional das plantas e fornecer nutrientes importantes para o desenvolvimento da cultura. Normalmente, ela ocorre no processo de cobertura, sendo colocada em círculo ao redor da planta.
Para ambas as formas, são analisadas as quantidades e proporções de nutrientes a serem utilizados, variando conforme a necessidade da espécie e a condição do solo.
De modo geral, a forma correta de aplicação dos fertilizantes deve observar a projeção da copa (distância do caule da planta até a projeção da sombra da copa no solo), fazendo-se um filete em forma de meia lua, ou de preferência ao redor de toda a copa. É importante que a área de plantio seja limpa antes da adubação, evitando a matocompetição.
Outros parâmetros a serem observados
Além da aplicação de adubo, a manutenção da galhada e da serrapilheira resulta em produtividade quase três vezes maior que com a remoção da mesma, pois uma elevada proporção dos nutrientes está contida em partes da árvore que não são utilizadas comercialmente.
Assim, manter as folhas e restos da colheita representa uma grande economia de nutrientes, auxiliando na manutenção da produtividade florestal.
A resposta que você procura
A necessidade de adubação decorre do fato de que nem sempre o solo é capaz de fornecer todos os nutrientes que as plantas precisam para crescimento adequado. Assim, as características e a quantidade de adubo dependerão das necessidades nutricionais das espécies florestais, da fertilidade do solo, da forma de reação dos adubos com o solo e da eficiência econômica do uso e da aplicação do adubo.
Custo e retorno
Para realizar a adubação, o produtor terá um custo inicial, o qual vai variar de acordo com a qualidade do sítio e demanda da espécie, mas em situações habituais, realizar esse procedimento gera melhorias significativas quanto ao crescimento, desenvolvimento, formação de ramos, folhas e condições nutricionais, sendo uma estratégia com potencial e cada vez mais recomendada.
Basicamente, o custo retorna devido ao maior aumento em material comercializável, e muitas vezes em material de melhor qualidade.