Giulia Belicuas Lopes
Graduanda em Engenharia Agronômica – ESALQ-USP
giuliabelicuas@usp.br
Catherine Amorim
Engenheira agrônoma e doutoranda – ESALQ-USP
catherine.amorim@usp.br
Ricardo Alfredo Kluge
Engenheiro agrônomo, doutor e professor – ESALQ/USP
rakluge@usp.br
O abacaxi, de nome científico Ananas comosus, é uma fruta tropical, largamente produzida no Brasil e na América do Sul, que se adapta bem a locais com clima quente e poucas chuvas. Apesar de ser considera uma cultura bastante rustica, a produção comercial de abacaxi também requer alguns cuidados e tratos culturais, dentre eles uma correta adubação.
A cultura do abacaxizeiro requer solos bem aerados e drenados, com textura média e profundidade acima de 70 cm. A demanda nutricional é alta e varia com o clima e condições ambientais, tipo de manejo, espaçamento de plantio e cultivar.
O Brasil é, atualmente, segundo a FAO (2020), o terceiro maior produtor de abacaxi no mundo, principalmente da cultivar Pérola, e por tal, deve-se dar ênfase no manejo para essa cultura visando melhor produtividade. Outra característica importante para o incentivo nessa área é a adubação corresponder a 27,99% dos gastos durante a produção.
Nutrição em foco
A adubação NPK é primordial para o desenvolvimento do fruto, atingindo os padrões de qualidade exigidos pelo mercado. Algumas das funções, de forma geral, desses nutrientes são com relação à qualidade, alteração da concentração dos sólidos solúveis, resistência, tamanho, acidez, consistência, entre outros.
Assim, a correta aplicação dos nutrientes no abacaxi (‘Pérola’) pode gerar resultados, como o aumento de massa e produtividade, no caso do nitrogênio; elevação do teor do ºBrix (quantidade de açúcares) nos frutos e melhora dos níveis de vitamina C com a aplicação de potássio.
Por fim, observa-se melhora do ºBrix e acidez do fruto com o fósforo. Desses três nutrientes, o nitrogênio é o mais importante em termos de melhora da qualidade e produtividade do abacaxi.
De forma geral recomenda-se a adubação fosfatada antes do plantio, ou na primeira adubação de cobertura. Os demais nutrientes devem ser distribuídos em duas a cinco vezes durante os meses.
Pesquisas
Pontes et al. (2020) testaram diferentes concentrações de NPK no abacaxi (0, 18, 36, 54 e 72 g/planta), sendo os resultados relacionados às melhores respostas de qualidade a maior dosagem.
No entanto, doses de 36 g/planta já produziram frutos de boa qualidade comercial. Além disso, as maiores doses produziram coroas menores, facilitando o transporte do fruto.
Em linhas gerais, para a adubação NPK do abacaxizeiro, é recomendada a aplicação de 6 a 10 g de N, 1 a 4 g de P2O5 e 4 a 15 g de K2O por planta. Entretanto, quando há dúvidas sobre adubação, alguns fatores devem inicialmente ser considerados para tomar a decisão correta.
É fundamental conhecer as necessidades nutricionais da planta, o nível de tecnologia que o produtor possui, finalidade do cultivo, rentabilidade desejada e a capacidade e estado atual do solo. Logo, o primeiro passo seria realizar a análise de solo, a fim de avaliar as reais necessidades do local para determinada cultura.
Esses dados gerados são comparados aos boletins de recomendação de cada Estado, dependendo de onde será feito o cultivo. Por exemplo, se for feito o plantio de abacaxi no Estado de São Paulo será utilizado o Boletim 100 – Recomendações de Adubação e calagem para o Estado de São Paulo (Instituto Agronômico e campinas – IAC), para verificar as melhores condições de desenvolvimento da cultura nessa região.
No caso, além da aplicação de NPK, o boletim ensina como realizar o espaçamento e a aplicação de calagem.
Recomendações
O fósforo deve ser aplicado no sulco de plantio nos meses de março a abril e o nitrogênio/potássio aplicados em cobertura ao lado das linhas posicionadas em diferentes quantidades durante os meses.
A última adubação nitrogenada deve ocorrer 60 dias antes da aplicação do regulador de florescimento. Para a segunda safra, deve-se aplicar a metade do recomendado na primeira durante os meses de março-abril e outubro-novembro.
Para frutos com uma melhor qualidade é recomendado, preferencialmente, a aplicação do potássio nas formas de sulfato ou nitrato (Boletim 100, IAC), principalmente durante as primeiras safras, devido à cultura ser sensível ao cloro (Boletim 200, IAC).
Adubos sólidos, como ureia, superfosfato e cloreto de potássio, precisam ser aplicados junto às plantas, no solo ou nas axilas das folhas da base. Em seguida, recomenda-se realizar a cobertura com terra do adubo para evitar perdas.
É importante lembrar que todas as recomendações encontradas em materiais de literatura são gerais, e portanto, é necessário sempre o conhecimento de cada caso em particular e realizar os devidos ajustes necessários.
As parcelas de adubação devem levar em conta o período em que ocorrerá a indução da floração e o regime pluvial da região. O recomendado é que a adubação seja realizada em ocasiões em que o solo esteja com boa umidade, para melhorar o aproveitamento dos nutrientes pela planta.