Tecnologia integra processos agropecuários e pode levar ao aumento de produtividade em diversos setores
Imagine um sistema capaz de obter imagens em infravermelho de uma plantação de feijão a fim de identificar quando a planta precisa de água, os dispositivos acionam um sistema de irrigação para regá-las apenas com a quantidade necessária. Este é apenas um exemplo dos diversos cenários do campo da chamada Agricultura 4.0, frente que visa conectar e integrar todos os procedimentos agropecuários por meio de recursos tecnológicos.
São diversos tipos de ferramentas e dispositivos que vêm sendo desenvolvidos para contribuir com essa tarefa. Os mais conhecidos são os sensores, como os que analisam umidade, temperatura e a composição química do solo. “Eles permitem que atuemos como ‘nutricionistas’ das plantas, identificando as necessidades de cada uma e a quantidade exata de água ou nutrientes de que elas precisam“, explica Felipe Bocca, doutorando da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp.
Todas essas informações são aferidas diversas vezes ao dia e, por meio de uma conexão com a internet, podem ser enviadas em tempo real para computadores que armazenam quantidades enormes de dados. Com o uso de softwares, inteligência artificial e técnicas de aprendizado de máquinas, é possível interpretá-los, facilitando a tomada de decisão dos produtores rurais.
Conhecendo melhor o que cultivamos
Os especialistas afirmam que é preciso acompanhar passo a passo o desenvolvimento da planta a fim de lhe proporcionar as melhores condições e explorar seu maior potencial. “Sem o acompanhamento correto, uma planta pode perder, em geral, até metade de sua capacidade de crescimento“, afirma Bocca, ainda assinalando que “os sensores permitem que atuemos como ‘nutricionistas’ das plantas, identificando as necessidades de cada uma e a quantidade exata de água ou nutrientes de que elas precisam. Por isso o uso de sensores é tão importante, pois com eles pode-se saber o que a planta deseja em qualquer estágio de crescimento.
Pesquisas
Além do desconhecimento das pessoas sobre a importância da tecnologia no campo, alguns outros fatores também atrasam o avanço das pesquisas. A falta de infraestrutura, principalmente a dificuldade em levar internet ao meio rural, a limitação para atender demandas em larga escala, além dos altos investimentos necessários, são algumas das barreiras.
Desenvolver sistemas que consigam entender as necessidades das plantas é a ideia do Sistemas Inteligentes de Suporte à Decisão na Agricultura (SISDA), grupo de pesquisa da Feagri coordenado pelo professor Rodrigues.. “Queremos que esse tipo de tecnologia se popularize e não sirva apenas para grandes produtores. Para isso, o SISDA tem buscado soluções que utilizam sensores de baixo custo“, explica Oliveira.
A luta dos pesquisadores também passa pela mudança de alguns conceitos e estereótipos sobre a agricultura. Na opinião de Bocca, a área ainda é vista como algo rudimentar e os investimentos sempre chegam com atraso ao setor. “No final das contas, nosso objetivo final é fortalecer a produção de alimentos. Precisamos fazer com que a tecnologia chegue mais rápido ao campo se quisermos enfrentar o desafio que virá pela frente“, finaliza.