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Alface orgânica – Mercado garantido

Rafael Campagnol

Doutor em Agronomia e professor de Olericultura ” Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

rafcampagnol@hotmail.com

Elisamara Caldeira do Nascimento

Doutora em Agronomia ” Zeólita Consultoria Agronômica

Talita de Santana Matos

Doutora em Agronomia ” Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)

Glaucio da Cruz Genuncio

Doutor em Agronomia e professor de Fruticultura ” UFMT

 

Crédito Shutterstock
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A alface é cultivada em todas as regiões brasileiras e ainda é a principal salada consumida pela população, tanto pelo sabor e qualidade nutricional quanto pelo reduzido preço e fácil disponibilidade para o consumidor. O Brasil possui uma área de aproximadamente 35.000 hectares plantados com alface, caracterizados pela produção intensiva, pelo cultivo em pequenas áreas e por produtores familiares, gerando cerca de cinco empregos diretos por hectare.

Os Estados de São Paulo e Minas Gerais são os maiores produtores de alface do País. No ranking das regiões que mais produzem alimentos orgânicos, o Sudeste fica em primeiro lugar, totalizando 333 mil hectares e 2.729 registros de produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO).

Na sequência estão as regiões norte (158 mil hectares), nordeste (118,4 mil), centro-oeste (101,8 mil) e sul (37,6 mil) segundo dados do MAPA.

Área orgânica

Segundo levantamento feito pela Coordenação de Agroecologia (Coagre) da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a área de produção orgânica no País pode ultrapassar os 750 mil hectares registrados em 2016, impulsionados, principalmente, pela agricultura familiar. No entanto, se considerarmos as áreas em processo de certificação, seriam cerca de 840 mil hectares (IFOAM).

Quando se fala na participação das hortaliças no mercado de orgânicos no Brasil, ela ainda é incipiente, representando apenas 1,8% da área total cultivada. Por se tratar de um método de cultivo que preconiza a diversificação de produção, os dados para a área produzida somente com alface ainda são incertos.

Princípios

O manejo na agricultura orgânica valoriza o uso eficiente dos recursos naturais não renováveis, bem como o aproveitamento dos recursos naturais renováveis e dos processos biológicos alinhados à biodiversidade, ao meio ambiente, ao desenvolvimento econômico e à qualidade de vida humana.

Essa prática agrícola preocupa-se com a saúde dos animais, das plantas e do solo, tendo como modelo de produção a adoção de técnicas integradoras pouco agressivas ao meio ambiente e a aposta na diversidade de culturas.

A propriedade orgânica é considerada um agroecossistema e depende da biodiversidade local, das interações biológicas entre espécies e, principalmente, da vida existente no solo. Desta forma, um sistema de produção orgânico de alface deve estar integrado com outros elementos da propriedade, como cordões de contorno ou ‘quebra-ventos’, rotações e consórcios com outras culturas e criação de pequenos animais.

Crédito Shutterstock
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Cordão de contorno

É importante, também, a subdivisão da propriedade em talhões e faixas de cultivo com o uso de cordões de contorno para separá-los. Essas faixas de vegetação funcionam como barreiras fitossanitárias, dificultando a livre circulação de pragas e doenças entre propriedades vizinhas e entre os talhões de cultivo; criando um microclima mais favorável para o cultivo da alface.

Pode, ainda, funcionar como área de refúgio e abrigo para inimigos naturais e outros pequenos animais úteis. O cordão de contorno pode ser implantado com a introdução de espécies vegetais de múltiplas funções, incluindo plantas de interesse econômico e outras do ecossistema local, como arbóreas atrativas e ornamentais.

Exploração equilibrada

O manejo e a exploração equilibrada do solo em sistemas orgânicos de produção exigem o emprego de práticas como a alternância de culturas e a sucessão vegetal, levando à prática da rotação de culturas. Para o uso correto desta prática é necessário que o produtor tenha um método adequado de identificação das áreas de cultivo.

A eficiência do sistema de rotação depende do estabelecimento de uma escala de plantio de espécies com diferentes exigências nutricionais e que explorem diferentes camadas do solo.

Deve-se alternar culturas mais exigentes com outras menos exigentes em nutrientes e que exploram profundidades diferentes do solo. Outro aspecto igualmente importante da rotação é evitar a proliferação e acúmulo de doenças e pragas, que num sistema intensivo de cultivo, como no caso da alface, pode ocorrer de forma bastante acelerada.

Em função do uso intensivo do solo no cultivo de alface, o produtor deve prever um intervalo para descanso e recuperação do solo (pousio).

A sanidade dos cultivos depende de rotações e consórcios de culturas - Crédito Márcia Vicente
A sanidade dos cultivos depende de rotações e consórcios de culturas – Crédito Márcia Vicente

Mudas

Para que se tenha uma boa produção, é necessário ter uma muda de boa qualidade, que quando levada ao campo terá melhores condições de sobreviver e se desenvolver. Assim, deve-se ter certos cuidados com o manejo do viveiro, como irrigações, contentores e utilização de substratos. No caso da alface, recomenda-se que as mesmas sejam preparadas em bandejas de 128 células.

A vantagem da produção de mudas em viveiros é que estes protegem as mesmas contra algumas pragas e doenças, excesso de chuva ou sol e também garante uma maior uniformização. Em geral, as mudas devem ser preparadas utilizando-se substratos adequados que garantam sua nutrição durante o período de viveiro.

Alguns parâmetros são primordiais e baseiam a agricultura orgânica: a independência de fatores externos da propriedade (autossuficiência) e a ausência de produtos químicos, tornando-se necessário o desenvolvimento de substratos que atendam todas as exigências deste tipo de cultivo.

Já existem no mercado algumas empresas comercializando substratos apropriados para produção de mudas em cultivo orgânico, entretanto, o agricultor pode produzir seu próprio substrato a partir de materiais existentes na propriedade com custo bastante baixo. O ideal é que estes materiais sejam preparados por compostagem.

Essa matéria completa você encontra na edição de junho de 2018 da Revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira o seu exemplar para leitura completa.

 

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