19.6 C
Uberlândia
sábado, julho 27, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosAlgas - Aliadas na fitossanidade vegetal

Algas – Aliadas na fitossanidade vegetal

Autores

Brenda Ventura de Lima e Silva
Mestre em Fitopatologia e servidora – IF Goiano – campus Morrinhos
brendavlima@yahoo.com.br
Juliano Henrique Alves de Sousa Carvalho
Graduando em Agronomia – IF Goiano – campus Morrinhos
Rodrigo Vieira da Silva
Engenheiro agrônomo, doutor em Fitopatologia e professor – IF Goiano – campus Morrinhos

Fotos Shutterstock

As algas são organismos semelhantes às plantas, no entanto, não possuem folhas, raízes ou tecidos vasculares. A maioria das espécies é aquática, mas existem algumas que, associadas em simbiose com fungos, formam liquens, podendo viver em ambientes secos.

O grupo das algas é classificado em função da composição da parede celular, tipo de substâncias de reserva e, principalmente, do tipo de pigmento: clorofíceas ou algas verdes, rodofíceas ou algas vermelhas e as feofíceas, também denominadas de algas pardas ou marrons.

As algas pardas ou marrons são exclusivamente marinhas e são utilizadas para diversas finalidades, desde segmentos alimentícios, farmacêuticos, cosméticos, na indústria tintureira e empregada em sistemas de produção agrícola.

Tendência

O uso de produtos comerciais à base de extrato de algas é frequente na Comunidade Europeia, indicado como biofertilizante, bioestimulante e/ou fitoprotetor, na forma seca ou de extrato líquido, inclusive para o sistema de cultivo orgânico.

As algas apresentam um rápido desenvolvimento e produzem um grande volume de biomassa, podendo conter em sua formulação minerais como: cálcio, magnésio, enxofre, ferro, silício, boro, zinco, molibdênio, cloro, cobalto, cobre e manganês. Esta composição nutricional tem proporcionado efeitos positivos sobre o crescimento, desenvolvimento das plantas cultivadas, culminando no aumento nos rendimentos das colheitas da ordem de 15 a 20% em condições de campo e em ambientes protegidos.

Opções

Atualmente, estão disponíveis para uso agrícola extratos de diversas espécies de algas, como Ascophyllum nodosum, Laminaria spp., Ecklonia máxima, Sargassum spp., Durvillaea spp., entre outras.

A espécie Ascophyllum nodosum é a mais pesquisada na agricultura. Seu extrato possui a propriedade de estimular o crescimento vegetal devido à sua composição rica em macro e micronutrientes, carboidratos, aminoácidos e hormônios vegetais próprios da alga.

Além disso, proporciona um melhor estabelecimento inicial das plantas, aumento na resistência a estresses, como seca, temperatura, salinidade, doenças e insetos, maior desenvolvimento e produtividade.

Os extratos desta alga marinha também afetam as propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos, aumentando a capacidade de retenção de umidade e promovendo o desenvolvimento de microrganismos do solo benéficos, qualidades que influenciam positivamente o crescimento e a sanidade das plantas.

Contra doenças

A utilização de algas marinhas e dos seus metabólitos no manejo de doenças de plantas é recente, todavia, há um aumento no interesse de pesquisas direcionadas ao emprego das algas na nutrição das plantas e para reduzir doenças. A ação advém da atividade antimicrobiana, indução de mecanismos de defesa vegetal e promoção do crescimento de plantas.

Diversas pesquisas demonstram a atividade antimicrobiana de algumas algas, principalmente nas algas vermelhas e marrons, no controle de fungos e bactérias causadoras de doenças de plantas.

Vale ressaltar que as algas marinhas são fonte importante de antibióticos com ampla e eficiente atividade antibacteriana, principalmente de espécies clínicas, porém, observa-se que ainda existem poucos estudos sobre bactérias fitopatogênicas, como Xanthomonas campestris e Erwinia carotovora.

Estes efeitos da aplicação de extratos de algas nas plantas são relatados em diversos cultivos de importância agrícola para o Brasil, tais como feijoeiro, soja, trigo, batata, tomate, citros, cafeeiro, entre outros.

Em campo

Na cultura da soja, o efeito do extrato aquoso da alga vermelha Kappaphycus alvarezi foi testado sobre crescimento, rendimento e assimilação de nutrientes. As aplicações foliares (30 e 60 dias após a germinação) do extrato, em concentrações variando de 2,5 a 15%, melhoraram significativamente o rendimento da cultura.

Sobre a cultura do trigo, a aplicação de extrato a 20% da alga Sargassum wightii melhorou o comprimento da raiz, o número de raízes laterais, o comprimento dos brotos e número de ramos. Os extratos das algas pardas Ecklonia maxima, Sargassum sp. e ácidos húmico e fúlvico melhoraram a capacidade de germinação de sementes.

As plantas pulverizadas duas vezes com as substâncias testadas apresentaram os maiores brotos e raízes. As plantas obtidas a partir de sementes embebidas em soluções de extratos das algas foram caracterizadas por um maior peso da parte aérea e raízes em comparação com os ácidos húmico e fúlvico.

O uso conjunto de extrato da alga Ascophylum nodosum, cálcio e ácido L-glutâmico pode promover maior crescimento inicial das plantas e produção de grãos de feijão.

Sustentabilidade

Apesar do caráter sustentável do uso das algas marinhas, devido a serem consideradas um recurso natural renovável, a utilização dessa biomassa deve ser realizada de maneira a preservar os bancos naturais e evitar os impactos ambientais adversos, seja sendo extraída ou cultivada, sempre de forma consciente e sustentável, sem prejudicar o meio ambiente.

Neste contexto, as algas possuem alto potencial de emprego na agricultura do terceiro milênio, principalmente por riqueza em diversidade e os efeitos agronômicos benéficos comprovados na agricultura.

ARTIGOS RELACIONADOS

Fertilizantes organominerais e sua aplicação na agricultura

AutoresRegina Maria Quintão Lana Professora de Fertilidade e Nutrição de Plantas – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) rmqlana@ufu.br Miguel Henrique Rosa Franco Doutor em...

Acadian – Pioneirismo em algas marinhas

  Há nove anos a Acadian participa da Hortitec. “A Hortitec é a feira nacional mais importante do segmento, uma oportunidade ótima para estreitar o...

Ácidos húmicos aumentam a eficiência do NPK

  Claudia Adriana Görgen Engenheira agrônoma, doutoranda em Geociências Aplicadas na UNB claudiadrianagorgen@gmail.com   Existe um grande segredo, o mais valioso, no manejo da fertilidade do solo, que está...

Padronização de tamanho da beterraba pelas algas

Autores Fábio Olivieri de Nobile Professor do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos – UNIFEB fabio.nobile@unifeb.edu.br Maria Gabriela Anunciação Graduanda em...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!