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Algas no tratamento de sementes

Rafael Rosa RochaEngenheiro agrônomo e mestrando em Ambiente e Sistemas de Produção Agrícola – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)rafaelrochaagro@outlook.com

Paulo Takeshi TsurutaEngenheiro agrônomo (IFMT) e assistente técnico de vendasptsuruta@koppert.com.br

Renata Lunardi BegniniGraduanda em Engenharia Agronômica – UNEMATrenatanovamutum@hotmail.com

Plantação – Fotos: Shutterstock

As algas marinhas são fontes de várias vitaminas como A, B1, B3, B6, B12, C, D, E e outras substâncias, como glicoproteínas, como o alginato e aminoácidos que podem funcionar como bioestimulantes vegetais. 

E, ainda, as algas marinhas são ricas em estimulantes naturais como: auxina (hormônio do crescimento que governa a divisão celular), giberelina (induz floração e alongamento celular) e citocininas (hormônio da juventude), sendo uma grande fonte de antioxidantes, substâncias produzidas a partir do metabolismo secundário das algas, que estimulam a proteção natural dos vegetais contra pragas e doenças.

O emprego de formulados compostos de algas marinhas no sistema produtivo pode proporcionar a produção de fioalexinas (indutoras de resistência das plantas às doenças e pragas), fortalecendo os mecanismos de resistência das plantas, assim como a vida microbiológica do solo.

Algas em destaque

Os extratos de algas são obtidos de diversas espécies, sendo as principais Ascophyllum nodosum, Durvillaea potatorum, Ecklonia maxima e Laminaria spp.. Seus extratos são comercializados e empregados na cadeia agrícola, e seu uso tem sido frequente devido aos inúmeros benefícios que essas substâncias vêm proporcionando às plantas e também ao baixo impacto ambiental.

  Cerca de 4,0 milhões de toneladas de algas são colhidas, anualmente, em todo o mundo, sendo os principais produtores os chineses e japoneses, seguidos pelos norte-americanos e noruegueses. As algas permitem obter produtos de baixo custo e em quantidades inesgotáveis e delas têm sido obtidos produtos imprescindíveis para a vida do homem moderno, assim como na agricultura.

Via tratamento de sementes

Existem produtos recomendados no mercado para o tratamento de sementes que associam nutrientes e algas marinhas. E para associar o uso de algas marinhas e os benefícios no tratamento de sementes é necessário olhar e entender as sequências e eventos fisiológicos que ocorrem na germinação tais como aqueles influenciados por fatores internos (dormência, inibidores e promotores de germinação) e externos (ambientais). 

Logo após a germinação ocorre o aumento do número ou do tamanho das células, com a formação, surgimento e diferenciação dos tecidos. E como o uso de algas marinhas podem contribuir para melhorar esses processos? As algas marinhas contêm, como já exposto, apreciáveis concentrações de aminoácidos que estimulam a divisão celular.

Benefícios

Então, o uso de tais organismos no tratamento das sementes promove melhores condições para a germinação e o estabelecimento das plântulas, melhorando a resistência aos estresses e potencializando o processo de germinação.

O tratamento de sementes, em conjunto com a irrigação do solo com o extrato da alga, resulta em um maior crescimento radicular das plântulas, o que pode ajudar no estabelecimento em campo, promovendo efeito enraizador, acelerando a germinação e estimulando o crescimento de raízes primárias e secundárias.

Além disso, o tratamento ainda incrementa a massa seca dos grãos, aumentando assim a produtividade, melhora o equilíbrio fisiológico das plantas e incrementa o crescimento vegetativo, proporcionando uma melhor uniformidade de estande e fornecendo esses benefícios para planta adulta expressar todo o seu potencial produtivo.

Experimentos

 Efeitos positivos têm sido encontrados quando se emprega as algas marinhas no tratamento de sementes. Há relatos da eficiência do uso de extratos de algas em tratamento de sementes em diversas culturas, tais como feijão, soja, milho e trigo. 

Assim, dados de literatura revelam que o uso de extrato de Ascophyllum nodosum proporcionou benefícios ao comprimento de raízes, número de raízes laterais e de espigas e rendimento de grãos na cultura de trigo.

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Com o uso do extrato de algas, há relatos de diversos efeitos benéficos em plantas, tais como precocidade na germinação e no estabelecimento de sementes, melhorias no desempenho vegetal e na produção de massa seca, assim como a elevada resistência a estresses bióticos e abióticos.

Esses extratos utilizados no tratamento das sementes são considerados como agentes que diminuem o estresse da planta exposta a condições ambientais adversas, aumentando sua tolerância e melhorando a capacidade de recuperação do estresse.

Na UniPinhal, a equipe de Nutrição de Plantas do Curso de Engenharia Agronômica verificou em soja, milho e feijão efeitos positivos quando da introdução de algas. No feijão propiciou incrementos de cerca de 24,0% na massa de raízes; 27% na massa de parte aérea; ao redor de 28% no comprimento de raízes e 23% na altura de plantas.

No município de Tupanciretã (RS), Frandoloso; Silva; Fiorin (2012), analisando o efeito sobre a produtividade de soja em função do tratamento de sementes e aplicação foliar de fertilizantes organominerais obtidos a partir de extratos de algas, evidenciaram que houve resposta pela utilização de fertilizantes organominerais com extrato de algas, aplicados via tratamento de sementes e foliar, na produtividade da cultura da soja e que a utilização deles é viável tecnicamente, sendo um manejo com potencial de aumentar o desempenho e produtividade da cultura da soja.

Marques, Simonetti, Rosa (2014) avaliaram que, em relação ao número de vagens e número de grãos por planta, o uso de bioestimulante à base de extrato de algas demonstrou ganhos produtivos significativos para a cultura da soja.

A utilização das algas marinhas também promove a fixação do nitrogênio do meio (enriquecendo o solo) e controle do pH. Experimentos mostram que o tratamento de sementes de soja contendo extrato de algas e aminoácidos proporcionou resultados estatisticamente superiores em termos de peso de grãos e produtividade, em comparação aos demais tratamentos, em especial em anos de limitação hídrica.

Manejo

O procedimento para o tratamento de sementes com algas deve seguir tais recomendações, de acordo com as recomendações das bulas dos produtos, pois há aqueles para tratamento de sementes e aplicações foliares, seguindo como as demais recomendações das demais formas e meios de tratamentos de sementes.

O tratamento das sementes pode ser feito de duas formas: na fazenda (on farm) ou na indústria (Tratamento de Industrial de Sementes -TIS). Em ambos os casos, recomenda-se seguir as Boas Práticas de Tratamento de Sementes.

Ü On Farm: caso se realize o tratamento de sementes na fazenda, o produtor deve estar atento aos seguintes pontos: certificar-se que o produto utilizado no procedimento é registrado para as sementes da cultura que se pretende fazer o tratamento: um produto não registrado pode até prejudicar a semente; seguir as instruções da bula do produto e das fichas de informações de segurança de produto; utilizar equipamento de proteção individual (EPI) específico e estar em um lugar seguro.

Em relação à mistura do produto com as sementes, se for sólido (em pó): dispor as sementes, umedecê-las e acrescentar logo a mistura de tratamento da semente. A mistura pode ser manual ou mecânica, deixando-a secar e após, plantar. Já no caso de produtos líquidos, basta acrescentar as sementes ao produto, procedendo a mistura, deixar secar e semear.

Produtividade

Diversos fatores podem influenciar na produtividade, entre eles a nutrição necessária e o posicionamento correto do produto. Em trabalhos realizados a campo na safra 2019/20 em áreas do Mato Grosso com Ascophyllum nodosum, conseguimos observar um maior peso radicular, bem como incremento na quantidade de vagens, em se tratando de soja e, consequentemente, uma maior produtividade, chegado até oito sacas a mais, junto a outras ferramentas biológicas.

Em milho, observamos incremento em torno de cinco sacas, juntamente com outras ferramentas biológicas, como Trichoderma harzianum, quando se compara ao não tratamento com algas nas sementes.

Como evitar erros

Em se tratando de um produto biológico, um fator primordial é a qualidade e viabilidade do produto. Ao verificar este fator, devemos observar o melhor momento para aplicação do mesmo, sendo que na maioria das vezes é utilizado para TS (tratamento de semente), ou sulco de plantio em ambos. É muito importante se atentar à dosagem correta para evitar a fitotoxicidade.

Para evitar os erros, deve-se adquirir produtos com qualidade e origem comprovadas, utilizar a dosagem correta e seguir as recomendações fornecidas na bula a fim de extrair o máximo potencial da tecnologia. Ainda, os cuidados na utilização devem ser tomados seguindo as especificações de segurança e uso de EPI´s.

Investimento x retorno

Quando utilizada de forma correta, observamos um ótimo custo- benefício, com retorno de até cinco vezes o investimento, pensando na ferramenta isolada, mas ao assistir a mesma em conjunto com outras, observamos um maior retorno, pois uma ferramenta consequentemente complementa a outra, criando um sinergismo, como inoculantes aumentando a nodulação, fungicidas e nematicidas garantindo a sanidade da raiz e assim sucessivamente, potencializando a ferramenta e trazendo mais rentabilidade.

Efeito das algas

  • Promove efeito enraizador
  • Acelera germinação e crescimento vegetativo
  • Estimula crescimento de raízes primárias e secundárias
  • Melhora equilíbrio fisiológico das plantas
  • Aumenta produtividade
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