Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (UniPinhal)
O cultivo de limão vem crescendo no Brasil. O Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), em uma primeira previsão, espera, na safra 2017/18a produção de 364,47 milhões de caixas de 40,8 kg, apenas em São Paulo (o principal produtor brasileiro) eno Triângulo Mineiro, com acréscimo de 48,6%, em relação ao colhido em 2016/17.
O que move os agricultores é, certamente,a possibilidade de exportação, quando os preços são atrativos. Porém, mesmo no mercado interno, observa-se que nos últimos cinco anos os preços do limão tahiti mostram-se muito mais favoráveis que os da laranja-pera. Assim, os produtores vêm procurando empregar meios para aumentar a produtividade de seus pomares.
Os aminoácidos
O limão é uma cultura perene que pode passar por inúmeras situações estressantes durante a sua vida útil: déficit hídrico, temperaturas adversas, estágios fisiológicos de grande demanda energética (como floração, formação enchimento de frutos, etc.) e, para auxiliá-lo a atravessar tais etapas, uma das possibilidades é tratá-los com formulados contendo aminoácidos.
Ao longo dos últimos anos, a utilização de aminoácidos na agricultura do Brasil, e nos demais países,vem aumentando de forma bastante acentuada, devido aos inúmeros benefícios que estas substâncias orgânicas vêm proporcionando às plantas.
Os aminoácidos são os constituintes básicos das proteínas, macromoléculas complexas que desempenham funções específicas nas plantas, principalmente na estrutura como componentes das paredes celulares e atuando como enzimas.
Ação nas plantas
As plantas conseguem absorver os aminoácidos tanto pelas folhas como pelas suas raízes. Essa capacidade permite-lhes tirar partido de aplicações foliares ou via rega, o que lhes propicia um desenvolvimento rápido e com menor consumo energético pela economia do necessário para o processo de sua síntese.
 Os aminoácidos formam-se, nas plantas, a partir da reação entre N-amoniacal e cetoácidos, que são formados pelo metabolismo de açúcares gerados pela fotossíntese e metabolizados.
Estudos mostram que, normalmente, o primeiro aminoácido formado nas plantas é o ácido glutâmico, que é o transportador de nitrogênio no vegetal. Entretanto, os aminoácidos podem se classificar de acordo com os seus precursores em derivados do:
ðPiruvato: alanina, valina e leucina.
ðOxaloacetato: ácido aspártico, lisina, treonina, metionina e isoleucina.
ðAlfa-Cetoglutarato: ácido glutâmico, prolina, hidroxiprolina e arginina.
ðChiquimato: tirosina, fenilalanina, triptofano e histidina.
ð3-Fosfoglicerato: glicina, serina e cistina.
Além do citado papel como unidades construtoras das proteínas, os aminoácidosparticipam de outras formas na vida das plantas. Veja os exemplos a seguir:
üAumentam a resistência ao estresse: ácido aspártico, ácido glutâmico, alanina, arginina, cisteÃna, fenilalanina, glicina, tirosina, histidina, leucina, isoleucina, lisina, metionina, prolina, valina, serina, tirosina,triptofano e treonina.
üParticipam da formação e germinação do grão de pólen: ácido aspártico, alanina, arginina, glicina, leucina e isoleucina e serina.
üEstimulam a produção de fitoalexinas: acido aspártico, ácido glutâmico, glicina.
üParticipam da síntese de clorofila: fenilalanina, metionina, prolina, serina, tirosina e treonina.
üPrecursores de hormônios: metionina (do etileno) e triptofano (do ácido indolilacético).
 Pode-se notar, portanto, que, como já se citou, muitos dos aminoácidos aumentam a resistência das plantas ao estresse, como as que ocorrem nos estágios de brotação, floração, frutificação e fatores abióticos, como déficit hídrico e temperaturas extremas.
Porém, para síntese dos aminoácidos nos vegetais, que ocorrem por rotas metabólicas como fotossíntese, glicólise, ciclo de Krebs, cadeia respiratória do ácido chiquímico, há gastos energéticos consideráveis.
Em geral, as situações de estresse originam no vegetal uma série de mudanças compensatórias fisiológicas que visam manter as condições vitais do organismo. Assim, a aplicação exógena de formulados contendo aminoácidos pode contribuir para manter a atividade metabólica das plantas direcionada para o seu desenvolvimento e produção.
Recomendações
As doses e épocas de aplicação dos formulados contendo aminoácidos dependem do produto escolhido. Via de regra, recomendam-se três aplicações: antes da florada, na queda das pétalas e na formação dos frutos. Há recomendações para quatro aplicações:em pré-floração, na queda das pétalas, durante a polinização e no começo do desenvolvimento do fruto. Outra indicação é o uso apenas em pré-floração.