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Aminoácidos no controle de doenças e pragas da soja

Jorge Jacob Neto

Professor Titular, Ph.D., do Departamento de Fitotecnia ” Instituto de Agronomia ” UFRRJ

j.jacob@globo.com

Joice de Jesus Lemos

Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia

 

Crédito Fernando Hercos Valicente
Crédito Fernando Hercos Valicente

A associação do uso de aminoácidos com inseticidas, fungicidas e herbicidas tem diminuindo a aplicação destes produtos em várias culturas, o que pode diminuir o impacto ambiental provocado pelo uso excessivo destes defensivos químicos no campo.

Em culturas como a soja, os avanços tecnológicos têm tido uma grande contribuição das empresas agrícolas voltadas para o agronegócio, muitas vezes na frente das entidades de pesquisas e universidades. Isso é sinal de amadurecimento da área, visto que fato semelhante ocorreu em todos os países industriais com os seus avanços tecnológicos.

Os estudos envolvendo os efeitos da adubação nitrogenada sobre doenças e pragas das plantas são mais conhecidos do que aqueles relacionados ao uso dos aminoácidos.

O nitrogênio é um elemento essencial e está disponível no solo, água e no ar para as leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico, como a soja. Há relatos na literatura científica de que uma planta bem nutrida com nitrogênio pode aumentar a suscetibilidade a doenças e até atrair mais insetos sugadores e mastigadores, como percevejos e lagartas. O efeito contrário também pode acontecer – planta bem nutrida pode aumentar a resistência a doenças e pragas.

As respostas negativas da adubação nitrogenada com relação ao aumento de doenças e atração de pragas talvez tenham desestimulado os estudos no sentido de utilizar este elemento auxiliador na proteção às plantas, embora o uso de nitrato no solo demonstrasse diminuir a incidência de fusariose em raízes de tomate e feijão.

Nestes últimos estudos, os autores estudaram as fontes nitrogenadas amônio e nitrato, encontrando que a aplicação do nitrato diminuiu a infestação da doença. O uso de nitrogênio mineral aumentando a resistência das plantas a doenças tem sido demonstrando, mas em soja, particularmente, é mais complicado, pois para esta cultura no Brasil a fonte de nitrogênio principal é o nitrogênio gasoso.

Este fato aumenta a importância de se adquirir mais conhecimento sobre o uso de aminoácidos com auxiliadores da tolerância das plantas a doenças e pragas, sendo que o nitrogênio é relacionado ao metabolismo de aminoácidos na planta.

Os aminoácidos contam, na sua estrutura, com nitrogênio ligado a sua molécula, entretanto, é uma substância com conformação orgânica, daí surgir a ideia de se utilizar carboidratos e aminoácidos como auxiliares na saúde das plantas.

Induzir a resistência nas plantas é a melhor forma de prevenir doenças - Crédito Shutterstock
Induzir a resistência nas plantas é a melhor forma de prevenir doenças – Crédito Shutterstock

Defesa

As plantas possuem um complexo mecanismo de defesa para proteção contra ataques de patógenos. Geralmente os caminhos dos mecanismos de defesa passam pelo reconhecimento do patógeno e a associação quase imediata a uma possível via de defesa molecular que induz a produção de proteínas antipatogênicas reativas ao oxigênio, como as fitoalexinas.

A maioria dos produtos comerciais vendidos no Brasil como bioestimulantes, bioreguladores e reguladores de crescimento, ou até mesmo com o nome “aminoácidos“, são compostos que contêm diferentes concentrações de um ou mais aminoácidos, que quando utilizados diretamente na planta de soja podem alterar seu metabolismo, induzindo a produção de compostos que auxiliam na primeira sinalização entre o patógeno e a planta.

Estes compostos podem ser chamados de sinalizadores e auxiliar a planta a repelir insetos, induzindo-as a aumentar substâncias indolores e repelentes. Não existem muitos estudos a este respeito, entretanto, se for encontrado um efeito, terá um significado extremamente relevante, pois as lagartas e percevejos são as mais importantes pragas na cultura da soja.

Estes produtos induzem a uma reação metabólica interna na planta, diferente, por exemplo, do efeito direto do silício nos estômatos.

Múltiplas funções

Um aminoácido de múltiplas funções é a prolina. O entendimento de seu processo metabólico pode auxiliar o conhecimento dos processos envolvendo outros aminoácidos que atuam em atividades primárias e secundárias das plantas.

Desde sua descoberta, muitos estudos têm demonstrado que uma planta sob estresse ambiental aumenta o conteúdo deste aminoácido. A prolina pode ser acumulada e degradada no citossol, cloroplasto e mitocôndria. Como ela atua no balanço redox e no processo energético da planta, sua função e sua atuação pode estar relacionada ao ataque de patógenos e até mesmo do ataque de insetos.

A soja é muito sensível ao ataque de diferentes fungos, bactérias, vírus e insetos, provavelmente pelo seu alto teor de proteína, servindo de importante fonte alimentícia para estes organismos.

Como os aminoácidos agem como uma molécula sinalizadora, modulando a atividade da mitocôndria, eles podem influenciar a proliferação celular logo após a morte ou a supressão de uma determinada célula, ordenando a expressão genética para a recuperação do estresse que acabou de sofrer. Desta forma, se ocorrer o fornecimento de um aminoácido como a prolina, como adubo, talvez influencie a recuperação do estresse da planta.

Em plantas de arroz, por exemplo, o uso de aminoácidos + fosfito aplicados nos estádios de florescimento e de grão leitoso, foi capaz de controlar a infecção de Bipolarisoryzae de forma similar à aplicação isolada de fungicida trifloxistrobina + tebuconazol, nas mesmas fases.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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