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Aumenta incidência de mofo branco na soja

Marcelo GiovanettiCanteri

canteri@uel.br

Ciro Hideki Sumida

cirosumida@hotmail.com

Doutores e professores do Departamento de Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL)

 

Crédito-Daniel-Cassetari-Neto
Crédito-Daniel-Cassetari-Neto

Os danos causados pela ocorrência do mofo branco são variáveis de acordo com a região (condições climáticas favoráveis ao patógeno), nível de contaminação da área com escleródios, sanidade de sementes e sistema de cultivo.

De acordo com relatos nos Estados Unidos, entre os anos de 1997 a 2007 as perdas foram de 4,9 milhões de toneladas. No Brasil, a maioria dos relatos varia em até 70% de perdas de produção na cultura da soja, mas dependendo das condições anteriores, podem atingir perdas acima de 70%.

Condições para o ataque

Dentre as condições propícias, alta umidade e temperaturas amenas por volta de 20ºC são consideradas essenciais para ocorrência do mofo branco, principalmente em regiões de altitude superior a 700 m, onde a temperatura noturna é mais baixa e favorece a germinação dos apotécios, ou em sistemas de cultivo com irrigação sob pivô central.

Incidência do mofo branco

Os sintomas iniciam-se a partir do estágio de florescimento, e posteriormente a incidência tende a aumentar até o final do ciclo, podendo afetar folhas, hastes e vagens. Portanto, nos períodos de precipitação que coincidam com o florescimento, pode-se observar o aumento dos danos causados pelo mofo branco.

 

Controle

Entre as estratégias para o controle do mofo branco estão:

  • Tratamento de sementes com fungicidas e utilização de sementes sadias, livres de contaminação com S. sclerotiorum: evita a disseminação do fitopatógeno na área quando escleródios estão misturados com as sementes ou as sementes estão contaminadas internamente.
  • Escolha da cultivar: em função da falta de cultivares resistentes ao mofo branco, a escolha de cultivares com características específicas pode reduzir o risco de infecção. Características que minimizem o microclima favorável ao patógeno, como resistência ao acamamento, arquitetura da planta e outras, auxiliam a escapar de períodos favoráveis ao patógeno, como escolha do ciclo da cultivar.
  • Rotação de culturas com plantas não hospedeiras: as gramíneas do tipo braquiária e milho são recomendadas para o sistema de rotação de culturas. Este método pode ser mais eficiente quando envolver intervalos de tempos maiores (dois anos ou mais) entre a espécie hospedeira do mofo branco, pois diminui a quantidade de escleródio produzido.
  • Acúmulo de palhada: o acúmulo de palhada de braquiária ou aveia pode reduzir a incidência do mofo branco, pois além de minimizar a entrada de luz no solo, o que dificulta a formação do apotécio, serve como barreira física, impedindo que os ascósporos atinjam a planta de soja.
  • Controle biológico: a utilização do controle biológico com aplicação de produtos à base de Trichoderma spp. é essencial para o manejo integrado do mofo branco, principalmente quando associado à rotação de culturas e consequente acúmulo de palhada, o que pode auxiliar no estabelecimento do agente de biocontrole e proporcionar maior tempo para degradação dos escleródios nas entressafras.
  • Aplicação de fungicidas via foliar: a aplicação de fungicidas deve ser realizada na floração, fase de maior desenvolvimento dos apotécios. Uma segunda ou terceira aplicação pode ser necessária, de acordo com a incidência e/ou severidade da doença. Fungicidas à base de fluazinam e procimidona são considerados eficientes para o controle do mofo branco, podendo atingir até 73% de controle.
Sintomas de mofo branco na vagem de soja - Crédito Dirceu Gassen
Sintomas de mofo branco na vagem de soja – Crédito Dirceu Gassen

Efeito curativo

A aplicação de fungicidas com princípio ativo procimidona também é considerada uma medida curativa. A ação curativa ocorre quando o fungicida entra em contato com o fungo Sclerotiniasclerotiorum no interior da planta, paralisando o crescimento das hifas e provocando o rompimento da parede celular, consequentemente diminuindo a quantidade de escleródios que seriam produzidos e serviriam de inóculo para a safra seguinte.

No entanto, a recomendação da utilização desses fungicidas é sempre de forma preventiva, para minimizar os danos causados pela doença, principalmente quando se conhece o histórico da incidência do mofo branco na área cultivada.

 

Novidades

ÃœResistência genética: de acordo as dificuldades relatadas no melhoramento genético tradicional em desenvolver cultivares de soja resistentes ao mofo branco, existe uma tendência no aumento de pesquisas para o desenvolvimento de cultivares transgênicas (Görgenet al., 2010) com incorporação do gene de descarboxilase, o qual produz enzimas capazes de degradar o ácido oxálico, responsável pelo processo de infecção do fungo S. sclerotiorum.

Trabalhos com essas cultivares transgênicas mostraram redução de 61 a 96% na severidade do mofo branco quando comparadas a cultivares não transgênicas (Cunha et al. 2010).

ÃœControle químico: outros princípios ativos, como fluopyram e dimoxistrobina + boscalida, além de picoxistrobina, em doses mais elevadas têm apresentado controle variando de 70 a 80%.

Essa matéria você encontra na edição de janeiro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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