Anne Carolline Maia Linhares – Licenciada em Ciência Agrárias e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – anemaia-16@hotmail.com
Maria Idaline Pessoa Cavalcanti – Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – UFPB – idalinepessoa@hotmail.com
José Celson Braga Fernandes – Engenheiro agrônomo e doutorando em Biocombustíveis – UFU/UFVJM – Fundador da Agro+ – celsonbraga@yahoo.com.br
A baixa disponibilidade de fósforo (P) apresentada nos solos predominantes das regiões tropicais é, sem dúvida, o fator nutricional que mais limita a produção agrícola no Brasil (Sousa et al., 2004).
Essa baixa disponibilidade, na maioria das vezes, não está associada à ausência do nutriente, mas é devido à sua forte interação com a fase sólida do solo, sendo fixado nas argilas ou formando compostos de baixa solubilidade (Novais & Smith, 1999).
Fox e Searle (1978) indicaram que o processo de adsorção de fosfatos pode acontecer preferencialmente, segundo uma ordem de predomínio dos minerais de argilas 2:1, seguido pelas argilas 1:1 e óxidos de Fe e Al.
A adsorção de fosfato pelos solos é influenciada pelos minerais que apresentam grupamentos superficiais Fe-OH e AlOH, nos quais o fosfato pode ser adsorvido por meio de troca de ligantes com o estabelecimento de ligações covalentes (Mesquita Filho e Torrent, 1993).
Aproveitamento nutricional
Segundo Siqueira et al. (2004), em média, menos de 25% do P fornecido nas adubações é aproveitado pelas plantas, sendo o restante retido nas partículas minerais do solo ou precipitado com o ferro e o alumínio.
Esse fato exige que as adubações fosfatadas sejam feitas em dosagem muito acima da necessidade das culturas, elevando consideravelmente os custos de produção (Motta et al., 2002; Sousa et al., 2004; Novais et al., 2007).
Disponibilidade de fósforo no solo
A utilização adequada de adubos fosfatados requer conhecimentos da dinâmica do fósforo e de suas interações com o solo, bem como a determinação do teor disponível do elemento, objetivando diagnosticar as deficiências nutricionais das plantas e, consequentemente, indicar as práticas necessárias para corrigi-las, visando o máximo de rendimento agrícola (Martinez & Haag, 1980; Brasil, 1994).
É fundamental, no entanto, determinar a relação entre o teor de nutriente no solo e o rendimento da cultura, para estabelecer o nível crítico de P no solo, a fim de que sua aplicação não seja feita sem necessidade (Malavolta & Gomes, 1962).
Vários trabalhos que visam entender a dinâmica do P têm demonstrado a influência de diferentes práticas – como a calagem, a adição de fontes ou doses de matéria orgânica e os sistemas de cultivo – sobre as transformações das formas de P no solo (Hedley et al., 1982; Iyamuremye et al., 1996; Tokura et al., 2002).
Estudos têm demonstrado que a natureza e dinâmica da matéria orgânica e a ciclagem de P apresentam comportamentos diferentes sob variados sistemas de manejo do solo. Portanto, práticas de cultivo que alteram o comportamento da matéria orgânica exercem grande impacto sobre a distribuição das formas de P no solo (Turrión et al., 2000).
A aplicação de calcário é uma maneira de melhorar esta indisponibilidade. Os íons (OH‾) gerados pelo calcário tomam o lugar dos íons de fósforo fixado, liberando-os para a solução do solo. Este é um dos maiores benefícios indiretos da calagem.
Outra alternativa que pode ajudar na disponibilidade de P para as culturas é o uso de produtos que foram lançados recentemente ao mercado. Um exemplo é o inoculante BiomaPhos™, um produto que alia sustentabilidade e produtividade porque é biológico (produzido a partir de duas bactérias identificadas pela Embrapa, sendo uma no solo e a outra no milho), e capaz de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, o que pode mudar o quadro de alta dependência brasileira do mercado internacional de fertilizantes (Embrapa, 2015).
Manejo para altas produtividades
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Em relação ao BiomaPhos™, resultados de experimentos na cultura do milho conduzidos em regiões brasileiras mostram aumentos médios de produção de grãos de cerca de 10%, o que pode corresponder a um ganho médio de até dez sacas por hectare. Esses experimentos avaliaram a inoculação combinada com a adubação reduzida de superfosfato triplo, o que pode diminuir o gasto para o produtor com fertilizantes sintéticos.
Outro diferencial do uso do inoculante é uma redução significativa no índice de emissão de CO2 na atmosfera, com isso, os resultados demonstram que é possível empregar uma tecnologia limpa e de baixo custo na cultura do milho, contribuindo para a sustentabilidade na agricultura, sem perdas para o meio ambiente (Embrapa, 2015).
Em campo
Sousa et al (2007), ao avaliarem as formas de fósforo em solos sob influência da calagem e adubação orgânica, observaram que a adição de esterco bovino promoveu incrementos em todas as formas de P no solo e que, independentemente da aplicação de esterco bovino, as formas de P pouco lábeis (Po ligado a compostos húmicos e Pi ligado a Fe e Al) foram as que apresentaram a maior contribuição para o P disponível às plantas.
Machado et al. (2012), ao usarem o parcelamento da adubação fosfata como alternativa para aumentar a eficiência das adubações em solos com diferentes texturas, observaram que com o uso de fontes de P de liberação lenta, a disponibilidade deste nutriente aumentou ao longo do tempo, sendo mais pronunciado em solos argilosos, seguido pelo de textura média e arenosa.
Além disso, a disponibilidade de P variou em função das texturas do solo e observou-se efeito do revestimento com polímero somente nos solos argiloso e de textura média.