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Austral – Cedro australiano em sua melhor forma

 

Eduardo Stehling

Biólogo da Bela Vista Florestal

pesquisa@belavistaflorestal.com.br

 

Créditos Bela Vista Florestal
Créditos Bela Vista Florestal

O uso de espécies tropicais de alto valor para a produção de madeira serrada sempre atraiu investidores de diversas áreas para o mercado florestal. As espécies também conhecidas como “alternativas“ chamam a atenção principalmente devido ao fato de sua madeira ser valiosa, exclusiva e despertar o interesse por suas características, como coloração, desenhos, peso ou trabalhabilidade.

Na maior parte das espécies, os ciclos de corte variam entre 10 e 25 anos. Este tempo sempre traz dúvidas aos produtores, que às vezes sentem insegurança entre a escolha da espécie e sua destinação final.

Buscando sanar estas dúvidas e entender o mercado do cedro australiano no Brasil, a Bela Vista Florestal resolveu apostar no desenvolvimento de uma marca e de uma linha de produtos a fim de mostrar o potencial da espécie. Surge a Austral, a primeira empresa brasileira a produzir produtos confeccionados com madeira de desbastes de cedro australiano.

A Austral decorre então, da necessidade de pôr a madeira do cedro australiano à prova, a fim de validar seus preços, suas possibilidades de utilização e seus mercados alvo. O surgimento de informações de mercado vem esquentar ainda mais o cultivo da espécie, recentemente fruto de melhoramento genético, pesquisa responsável por enormes ganhos de produtividade.

Parceria

Para o debut da empresa, a associação com designers premiadas foi um passo muito importante. A empresa buscou o escritório mineiro de design Barral &Lamounier para desenvolver inicialmente uma linha gourmet. Dessa parceria surgiram peças que aliam as qualidades da madeira, como leveza e beleza visual, a um conceito contemporâneo onde pudessem ser explorados novos aspectos, como funcionalidade e criatividade.

A matéria-prima escolhida para a composição das peças foi o painel “finger joint“ de cedro australiano. Essa decisão passou basicamente pela beleza da matéria-prima, mas também pela versatilidade em sua confecção, em que a utilização de madeira de desbastes pudesse ser contemplada.

Vista da Serraria da Bela Vista Florestal Créditos Bela Vista Florestal
Vista da Serraria da Bela Vista Florestal Créditos Bela Vista Florestal

Os painéis

O painel é montado a partir de lamelas de 3 x 3 x 70 cm de comprimento, que são coladas e prensadas em um processo industrial a fim de obter peças de grandes dimensões, permitindo, inclusive, a confecção de tampos de mesas.

Os painéis utilizados na confecção das peças tiveram a madeira serrada e seca na serraria da Bela Vista Florestal em Campo Belo (MG), planta que atualmente trabalha exclusivamente com madeira de cedro australiano. A confecção dos painéis é da BRA Rewood, em São Paulo, e a confecção das peças é feita em Campo Belo.

A linha gourmet da Austral foi recentemente lançada na Paralela Gift, feira de design e decoração na Bienal do Ibirapuera, em São Paulo. As peças fizeram sucesso e mostraram que existe grande demanda por novidades e alternativas neste mercado de produtos, especialmente de novas madeiras.

Entre os produtos da linha estão tábuas de frios, de cortes, bandejas de forma e tamanhos diversos, saladeiras e tábuas para carnes, além de mesas e nichos para arranjos.

O lançamento permitiu visibilidade à linha, atraindo empresas importantes como clientes. A linha atualmente pode ser encontrada em diversas capitais brasileiras, nas principais lojas de utensílios e objetos de decoração, como a Domi, em Belo Horizonte, e a Eataly, em São Paulo.

Valor agregado

A agregação de valor aos produtos da linha gourmet mostrou-se muito positiva, em alguns casos fazendo o preço da madeira de cedro australiano para o consumidor final chegar a R$ 25 mil o m³ em algumas peças. Importante considerar que este valor é muito superior ao do metro cúbico de madeira serrada, normalmente comercializado no varejo e com nível de processamento mínimo.

A experiência de entrar no mercado de madeira e produtos trouxe muitos resultados positivos e expandiu o leque de possibilidades com a cultura do cedro australiano para a empresa no mercado, permitindo nortear ações futuras.

A lição mais importante aprendida foi mostrar que a realidade com relação à qualidade, preço, aceitação e utilização da madeira de cedro australiano estão correspondendo às expectativas projetadas para a espécie, mostrando a viabilidade da cultura no Brasil. O mercado brasileiro está, sim, ávido por boas iniciativas, madeira de qualidade e origem.

Essa matéria você encontra na edição de junho/julho da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira a sua!

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