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Naiana de Mello
Engenheira agrônoma, mestre e coordenadora técnica da Cooperativa Agrícola Água Santa
A Azospirillum brasilense, bactéria que tem a capacidade de fixar nitrogênio e favorecer o desenvolvimento das plantas, descoberta pela Embrapa e apresentada como alternativa ao uso de fertilizantes nitrogenados teve seu desempenho testado e aprovado. Os testes com A. brasilense foram realizados em lavouras de milho e os resultados apontam aumento de produção de massa verde por hectare, demonstrando plantas mais bem nutridas.
O desenvolvimento de novas biotecnologias conta com inúmeras alternativas que visam substituir os sistemas agrícolas tradicionais que se baseiam no uso massivo de fertilizantes e agroquímicos em busca de maior produção e qualidade de produtos.
O uso de fertilizantes nitrogenados é uma prática comum e responsável por elevar os custos da produção agrícola, além de gerar danos ao ambiente, uma vez que parte do total aplicado é geralmente perdido.
Os fertilizantes nitrogenados obtidos pela síntese industrial compõem uma parcela significativa dos custos de produção em gramÃneas. Neste sentido, o estudo da possível contribuição da fixação biológica do nitrogênio (FBN), por meio da bactéria Azospirillum sp., reduziria o custo relacionado à adubação com N e o risco de poluição do meio ambiente.
As bactérias
Bactérias fixadoras de N são encontradas na natureza na forma de vida livre ou em associação com plantas, e estão, em geral, amplamente distribuÃdas no solo. Sua utilização em práticas agrícolas está se tornando relevante.
Foi, principalmente no início da década de 60, que bactérias diazotróficas associadas à rizosfera foram isoladas. O gênero Azospirillum é representado por 15 espécies isoladas de diferentes espécies vegetais.
A associação assimbiótica de bactérias do gênero Azospirillum sp. com gramÃneas pode favorecer o desenvolvimento das plantas, não somente pela fixação biológica de nitrogênio, como também pelo incremento da biossíntese de auxinas, fosfatases e compostos sideróforos.
As bactérias do gênero Azospirillum pertencem à subclasse α das Proteobactérias e estão presentes em todos os tipos de solo, e são de várias origens geográficas. A temperatura ótima de crescimento varia entre 28 e 41ºC, dependendo da espécie. São microrganismos capazes de crescer utilizando o N atmosférico como fonte única de N2006.
Entenda melhor
Algumas bactérias fixadoras de N2 ocorrem na superfície de raízes, no entanto, espécies do gênero Azospirillum ocorrem no interior das raízes, entre os espaços intercelulares ou até dentro de algumas células da raiz, como no protoxilema, que pode ser completamente preenchido pela bactéria. Dentro das raízes a bactéria fica protegida dos estresses do solo, como competição com outros organismos, acidez do solo, deficiência de P, etc.
Segundo Didonet (1993), é possível que os efeitos benéficos atribuÃdos à inoculação da planta com Azospirillum resultem de uma combinação de diferentes mecanismos que, em conjunto, desencadeiam vários fenômenos. Segundo o mesmo autor, as substâncias capazes de desencadear estes efeitos são os fitormônios, que como resultado final promovem o crescimento da planta.
Em trigo, a resposta à inoculação com Azospirillum pode ser, em grande parte, creditada ao fitormônios, principalmente à auxina, devido a sua reconhecida ação na expansão das células vegetais. Segundo Didonet et al. (2000), mesmo não ocorrendo incremento em rendimento de grãos, de maneira em geral tem ocorrido um melhor uso dos fertilizantes, decorrente do maior desenvolvimento radicial nos estádios iniciais de crescimento das plantas, proporcionado pelas bactérias.