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Azospirillum brasilense otimiza crescimento da soja

A aplicação de A. brasilense vem se destacando por demonstrar resultados promissores, sendo observados ganhos de produtividade de cerca de 8%, aumento nos teores de clorofila e nitrogênio foliar.

Adão Izidoro Junior
adao.junioragro@gmail.com

Elizeu Junior da Silva
elizeu-junior17@hotmail.com
Engenheiros agrônomos e mestres em Ciências Agrárias – Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Foto: Shutterstock

Bactérias do gênero Azospirillum estão incluídas entre as promotoras de crescimento de plantas (BPCP), especialmente por sua capacidade de colonizar o tecido radicular superficial e interno das raízes.

Azospirillum brasilense é uma bactéria diazotrófica simbiótica dotada de capacidade de indução do crescimento vegetal por meio de diferentes mecanismos, que variam desde a biossíntese e liberação de aminoácidos até a produção de hormônios vegetais.

Logo, o crescimento radicular é favorecido, potencializando a absorção de água e nutrientes pelas plantas, se tornando uma importante ferramenta para o manejo visando altas produtividades.

Inoculação na soja

O nitrogênio é o elemento químico mais abundante na atmosfera terrestre e, nas plantas, exerce papel fundamental na composição da clorofila, proteínas, enzimas e outras moléculas. Esse nutriente pode ser absorvido do solo pelas plantas de três formas: amônio (NH4+) ou nitrato (NO-3), ou ainda por meio do processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN).

Em se tratando especificamente da FBN, o processo ocorre em função da ação das bactérias que quebram a tripla ligação de N2, reduzindo o nitrogênio em amônia após a ação da enzima dinitrogenase.

Essas bactérias se associam a diferentes plantas em variados níveis de especificidade, contribuindo com aporte adicional de nitrogênio para as plantas associadas. O aumento da atividade da enzima nitrato redutase, quando cresce endofiticamente nas plantas, também pode ser observado.

Crescimento radicular

Atualmente, há vários relatos na literatura sobre a utilização de Azospirillum brasilense e sua relação com a produção de fitohormônios responsáveis por estimular o crescimento das raízes de diversas espécies de plantas.

Estudos revelam que os componentes responsáveis por estimular o desenvolvimento de raízes produzidas por A. brasilense seriam o ácido indol-acético (AIA), giberelinas e citocininas.

Consequentemente, observou-se que, após a inoculação, houve incrementos na absorção de água e minerais, maior tolerância a estresses por déficit hídrico e salinidade, resultando em uma planta mais vigorosa e produtiva.

Além disso, com o sistema radicular bem robusto e desenvolvido, foi possível observar a capacidade de tolerância ao ataque de agentes patogênicos de plantas.

Produtividade da soja

Na prática, o crescimento, desenvolvimento e rendimento da soja resultam da interação entre o potencial genético de uma determinada cultivar com o ambiente. É possível mensurar a produtividade por meio da quantidade de massa seca acumulada pela planta e comprimento radicular, que consiste em carboidratos, proteínas, lipídios e nutrientes minerais, com exceção da água.

A planta de soja, em seu ciclo, produz a maior parte de sua massa seca através da fotossíntese. Durante este processo, a energia luminosa gerada pelo sol ativa reações no interior da planta, onde o dióxido de carbono (CO2), proveniente do ar e água presentes no solo, combinam-se, resultando em açúcares.

Posteriormente, esses açúcares produzidos pela reação da fotossíntese resultam em carboidratos, proteínas e lipídeos da matéria seca.

Benefícios associados

Em uma revisão recente de trabalhos sobre as respostas fisiológicas induzidas por A. brasilense, foi observada melhora significativa nos parâmetros fotossintéticos nas folhas, teor de clorofila e condutância estomática, além de elevar o teor de prolina na parte aérea e raízes.

O aumento no potencial hídrico, a tolerância ao estresse hídrico e incrementos no teor de água no apoplasto proporcionam maior produção de biomassa, alongamento, elasticidade da parede celular e altura de plantas e, por isso, merecem destaque. 

Além disso, há aumento da presença de pigmentos fotossintéticos, tais como a clorofila, pigmentos fotoprotetivos auxiliares, violaxantina, zeaxantina, ateroxantina, luteína, neoxantina e beta-caroteno, que irão resultar em plantas com coloração mais verde, devido à inoculação com A. brasilense.

Práticas sustentáveis

O sucesso da inoculação/coinoculação está diretamente relacionado com as boas práticas de aplicação destes microrganismos, que são constituídos por organismos que precisam permanecer vivos para promover os benefícios desejados à cultura.

É imprescindível a utilização de A. brasilense registrado para a cultura no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), observando sempre o prazo de validade, transporte e armazenamento em local adequado (temperaturas inferiores a 30ºC), nas dosagens e modalidades de uso adequadas (Azospirillum, em coinoculação, 1,0 dose/ha via sementes, ou 2,0 doses/ha via sulco de semeadura, por exemplo).

Não usar inoculante turfoso diretamente na caixa da semeadora, verificar a compatibilidade com outros químicos utilizados nas operações subsequentes ou tratamento de sementes, sendo a inoculação foliar utilizada como último recurso sob condições ideais de umidade e temperatura para a aplicação.

É importante priorizar a semeadura em condições de umidade, visando a sobrevivência das bactérias. Em linhas gerais, os inoculantes podem ser considerados insumos de baixo custo para o produtor, capazes de gerar grande retorno econômico, quando manejados de forma correta.

Dessa forma, é fundamental prezar pela qualidade máxima e garantia dos produtos fiscalizados pelo MAPA.

Tendência

A substituição dos sistemas agrícolas tradicionais, bem como aqueles que preconizam o uso massivo de fertilizantes, tem se tornado uma tendência. As práticas agrícolas pautadas nos princípios de sustentabilidade têm ganhado destaque.

Quando comparamos a inoculação com rizóbios e a adubação tradicional, nota-se que a adição de bactérias fixadoras de nitrogênio nas sementes de soja resulta em economia com fertilizantes nitrogenados e ainda promove aumento da produtividade no campo.

Em períodos de estiagem ou baixa atividade biológica do solo, a prática se torna ainda mais importante. Na adubação tradicional, em condições de estiagem, se aplicado, o nitrogênio pode ser facilmente volatilizado e, em casos de chuva intensa, pode ser lixiviado, o que não ocorre quando optamos pela inoculação e coinoculação, por exemplo.

Benefícios da técnica

Atualmente, o mercado de bioinsumos vem se destacando no cenário mundial, pois tem se observado o quão importante é sua utilização na regeneração da biodiversidade do solo.

A comercialização de inoculantes, principalmente, já vem sendo um método consolidado pelos produtores para se obter altas produtividades e baixo custo com fertilizantes nitrogenados.

Por exemplo, a utilização de inoculantes à base de A. brasiliense para gramíneas como milho e trigo proporciona um aumento na produtividade de 26 e 31%, respectivamente, entretanto, utilizou-se uma suplementação com fertilizante mineral.

Já na cultura da soja, a aplicação de A. brasilense vem se destacando por demonstrar resultados promissores, sendo observados ganhos de produtividade de cerca de 8%, aumento nos teores de clorofila e nitrogênio foliar, além de produção de matéria seca em relação à inoculação com apenas Bradyrhizobium spp.

Inúmeros são os benefícios proporcionados pela FBN, sendo que, do ponto de vista econômico, estudos apontam uma redução de cerca de R$ 14 bilhões por ano, pela diminuição da comercialização de fertilizantes nitrogenados no Brasil.

Esse número pode ser ainda maior, com o aumento do aporte de nitrogênio oferecido pela coinoculação com Azospirillum spp. e a descoberta de outros gêneros de bactérias promotoras de crescimento de plantas.

Eficácia da inoculação com Azospirillum brasilense

Diante de pesquisas realizadas sobre a utilização de A. brasiliense na inoculação a campo nos últimos 20 anos, foi possível observar que estas bactérias são capazes de se adaptar a diferentes regiões geográficas, além de aumentar o rendimento na agricultura em diferentes solos e clima.

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