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Bioestimulantes no cultivo da soja

Entre as ferramentas para o aumento de produtividade com lucratividade está o emprego dos bioestimulantes.

Nilva Teresinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora e professora de Bioquímica, Nutrição de Plantas e Produção Orgânica – UniPinhal
nilva@unipinhal.edu.br

A soja (Glycine max L) tem apreciável valor nutricional, com alto teor proteico, é matéria-prima para a produção de rações animais e de alimentos para seres humanos, como leite de soja, farinha, doces e óleo de soja. É, também, utilizada em cosméticos e para produção de biocombustível. Assim, é de expressiva importância econômica para o nosso país.

Foto: Shutterstock

Mais produtividade

Entre as ferramentas para o aumento de produtividade com lucratividade está o emprego dos bioestimulantes, que são produtos que, ao serem aplicados acertadamente, beneficiam o metabolismo vegetal, melhorando o enraizamento, o desenvolvimento aéreo, a floração, pegamento dos frutos, produção de grãos, resistência aos fatores bióticos e abióticos e qualidade da produção.

São vários os tipos de bioestimulantes disponíveis no mercado: os formulados com hormônios vegetais, microrganismos, aminoácidos, extratos de algas e os ácidos húmicos e fúlvicos, cada um com suas particularidades, efeitos e bons resultados nas culturas, entre elas a soja.

Pesquisas

Especificamente em relação à soja, trabalhos na literatura têm evidenciado os benefícios da aplicação de tais insumos durante o ciclo da cultura, os quais podem ser aplicados na semeadura e durante o desenvolvimento da lavoura.

Existem muitos estudos que analisam a melhor forma de utilizar os bioestimulantes, inclusive na cultura da soja. Esses produtos podem ser usados no tratamento de sementes, aplicados no sulco de semeadura ou via foliar.

No tratamento de sementes, favorece a germinação, a emergência das plântulas e, assim, o estande final, auxilia o enraizamento e o desenvolvimento das raízes, que entram em contato com novas áreas do solo, proporcionando maior aproveitamento de água e de nutrientes.

Pode-se introduzir os bioestimulantes via sulco de semeadura, método preferencialmente utilizado quando se trabalha com formulados de microrganismos. Na opção em questão, para o pleno êxito, o solo tem que apresentar bons níveis de matéria orgânica, umidade e pH do solo adequado para a sobrevivência dos microrganismos e sua multiplicação.

Entre todos os tipos de bioestimulantes disponíveis esses são os que demandam maior cuidado na aplicação.

Também pode-se aplicar via drench ou foliar, durante o ciclo de desenvolvimento, o que, de acordo com a etapa fisiológica da cultura, beneficia o desenvolvimento vegetativo e os fatores de produtividade: número de vagens, massa, número e qualidade de grãos.

Resultados

O emprego de bioestimulantes naturais – como extratos de algas, derivados de microrganismos e de ácidos húmicos e fúlvicos – na cultura em referência, se bem aplicado e com orientação técnica, além de propiciar rizosfera mais adequada (como solo bem estruturado e com biota de melhor qualidade, pode proporcionar raízes mais abundantes e fortes, o que se traduz em melhor aproveitamento de água e de nutrientes, plantas mais vigorosas, mais resistentes aos problemas bióticos e abióticos, maior floração e pegamento de grãos e benefícios na produtividade, em quantidade e qualidade.

Quando se considera o uso de, por exemplo, extratos de algas, tem que se lembrar que tais produtos não são constituídos puramente de hormônios análogos aos produzidos pelos vegetais, mas sim por nutrientes de plantas, proteínas e aminoácidos e elicitores, entre outros constituintes.

Os bioestimulantes sintéticos têm na composição apenas hormônios análogos aos dos vegetais. Ambas as formas, os sintéticos e os derivados de algas, estimulam aspectos fisiológicos das plantas.

A metabolização dos sintéticos emprega mais energia. Os sintéticos estimulam, por exemplo, a multiplicação celular, dependendo para tal dos nutrientes presentes nas plantas, para a formação dos novos tecidos.

Extratos de algas

Já os extratos de algas trazem no seu bojo nutrientes de plantas e aminoácidos, o que pode reduzir a necessidades nutricionais e o custo energético.

As algas marinhas são de constituição muito ricas – contam com sais minerais, aminoácidos, proteínas e uma glicoproteína – o alginato, que absorve e armazena muita água. Assim, quando seus extratos são empregados na agricultura, beneficiam o solo e a planta, estimulando a flora e a retenção de água no solo e a atividade fotossintética e respiratória das plantas, além de resistência aos estresses bióticos e abióticos.

Ainda, produtos comerciais formulados com algas auxiliam as plantas na tolerância aos estresses biótico e abiótico, estimulando a atividade de enzimas do sistema antioxidante, por exemplo.

Benefícios

A inclusão de bioestimulantes pode proporcionar inúmeros benefícios à cultura da soja, melhorando a biota da rizosfera, a estrutura e capacidade de armazenamento de água, aeração e disponibilização de nutrientes.

Também promove ganhos no desenvolvimento vegetativo e na capacidade reprodutiva das plantas. Influencia positivamente, também, a resistência aos problemas hídricos, de temperaturas extremas e aos agentes bióticos.

O modo de ação de cada bioestimulante é ligeiramente diferente. Por exemplo, as algas marinhas, por terem na sua composição o alginato (que tem alta capacidade de retenção de água), melhora a retenção de água.

Por conter hormônios análogos aos presentes nos vegetais, aminoácidos e proteínas, estimulam a biota do solo e a divisão celular, promovendo melhorias na germinação das sementes, o desenvolvimento vegetativo, a floração e formação de vagens e grãos.

Para a soja

Pesquisas têm demonstrado os efeitos positivos de bioestimulantes no cultivo da soja. A inclusão de bioestimulantes sintéticos e naturais tem beneficiado a produtividade e a qualidade da lavoura.

Assim, o uso de formulado sintético constituído por cinetina e ácidos giberélico e indolbutírico aplicado via folha tem proporcionado acréscimos de produtividade e de teores de óleo e de proteína. Ainda, o uso de tal produto no tratamento de sementes tem propiciado incrementos de germinação na cultura em questão.

Casos de sucesso têm sido relatados com o uso de bioestimulantes naturais. A literatura refere que o tratamento de sementes de soja formulado contendo algas marinhas podem promover aumentos de germinação e de enraizamento, desenvolvimento e produtividade.

O uso via foliar

O uso via foliar também tem propiciado benefícios à produtividade, em massa de grãos e na qualidade do produto. Assim, o uso de algas marinhas calcárias tem levado melhoria de cerca de 30% de produtividade em áreas de produção comercial de soja.

Outro exemplo de bons resultados obtidos com a inclusão das algas no cultivo de soja é o que se segue. O uso de formulado comercial constituído por algas marinhas Ascophylum nodosum tem proporcionado benefícios de produtividade, conforme os resultados de Cavalcanti et al. (2022), que evidenciaram que a inclusão da citada alga promoveu aumento de 17,33 sc.ha-1 na produção de grãos, com aplicação foliar em R1.

Assim, pode-se considerar que o uso de bioestimulantes naturais, como o formado por extratos de algas marinhas, tem uma enorme possibilidade de emprego no cultivo de soja e em outras lavouras, Entretanto, o uso deve ser criterioso e seguindo as recomendações técnicas e sob orientação especializada.

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