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quarta-feira, maio 8, 2024
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Bioestimulantes otimizam produção de rabanete

A utilização de bioestimulantes no manejo de estresse favorece a recuperação mais rápida das plantas.

Erik Muniz Silva
Engenheiro agrônomo e pesquisador – 3S Pragas
erik.muniz406@gmail.com

Fernando Simoni Bacileri
Engenheiro agrônomo, doutor, professor e pesquisador – Fisioplant
fernando.bacilieri@fisioplant.com.br

É uma cultura de ciclo de produção curto e alta capacidade produtiva
Foto: Miriam Lins

O rabanete (Raphanus sativus L.) é uma planta herbácea anual nativa da região mediterrânea pertencente à família Brassicaceae que produz uma raiz tuberosa com boa palatabilidade, formatos variados pequenos ou grandes, redondos ou compridos de coloração externa vermelha, rosa, roxa, branca, verde, preta e amarela ou creme.

Apresenta alto valor nutritivo, quando comparado com outras hortaliças, com razoável quantidade de carboidratos, cálcio, ferro e fósforo, ácido ascórbico, tiamina, riboflavina e niacina.

É uma cultura rápido crescimento, ciclo de produção curto, que varia entre 20 e 70 dias, com alta capacidade produtiva, a qual depende diretamente da genética, condições ambientais de cultivo e manejo.

Adapta-se a qualquer tipo de solo, mas se desenvolve melhor nos profundos e argilosos, com pH 5,5 e 6,8. É tolerante ao frio, suportando até mesmo geadas, no entanto, não tolera temperaturas muito elevadas de algumas regiões brasileiras.

Nutrição

As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas pela quantidade de nutrientes que ela extrai durante seu ciclo. Essa extração total dependerá do rendimento obtido e da concentração de nutrientes nas partes que compõem a planta, ou seja, raiz, caule, folhas, etc.

O rabanete é considerado uma planta pouco exigente em nutrientes, mas estes devem estar disponíveis em função do pequeno e pouco profundo sistema radicular e do ciclo curto.

Um estímulo a mais

Além dos nutrientes minerais, diversos produtos de base orgânica têm sido estudados como alternativas teoricamente mais baratas e de menor impacto ambiental, tanto como fonte de nutrientes quanto como de substâncias promotoras de crescimento.

Tais produtos são conhecidos como bioestimulantes – produtos ou substâncias que estimulam processos naturais do vegetal, como absorção de nutrientes e tolerância a estresses abióticos.

Diferente dos nutrientes que normalmente são aplicados em função da quantidade disponível no solo, da necessidade da cultura e expectativa de produtividade, os bioestimulantes são utilizados para resolver problemas fisiológicos ou em fases críticas para o desenvolvimento da cultura.

Na hora certa

Entre os problemas fisiológicos mais comuns no cultivo de rabanete, deve-se destacar o estresse das plantas, que pode ocorrer em qualquer fase da cultura, sendo definido como um fator externo que exerce uma influência desvantajosa para a planta.

Pode ter origem em fatores abióticos, como luminosidade, disponibilidade hídrica, temperatura, umidade do solo e do ar, gases, nutrientes minerais, ventos, geadas, granizos, entre outros, ou em fatores bióticos como ataque de pragas, doenças, ervas daninhas, poluição, fogo, defensivos agrícolas, etc.

Deve-se ter em mente que sempre que a planta estiver submetida a uma condição de estresse, há gasto de energia para recuperação, a qual poderia ser direcionada e convertida em produtividade.

Viabilidade

A utilização de bioestimulantes no manejo de estresse pode favorecer a recuperação mais rápida das plantas. Nesse sentido, produtos com carbono orgânico, aminoácidos, extratos de algas, substâncias húmicas e até mesmo microrganismos promotores de crescimento são excelentes ferramentas de manejo.

Em relação às fases críticas da cultura, o enraizamento inicial pode ser estimulado com bioestimulantes com efeito de auxinas, que são hormônios que controlam o desenvolvimento das raízes.

Produtos com ácidos húmicos e fulvicos também vão contribuir como condicionadores do solo, disponibilizando nutrientes como fósforo e cálcio, além de estimular a atividade biológica de microrganismos que interagem positivamente com as plantas.

Tuberização

Por se tratar de uma raiz tuberosa, a fase de tuberização pode ser crítica para a cultura do rabanete. O controle da formação de tubérculos engloba todos os aspectos do fotoperiodismo.

A giberelina tem um efeito inibitório na tuberização. A atividade da mesma diminui sob condições que promovem a tuberização, como dias curtos, e aumenta em plantas que são submetidas a condições que inibem a tuberização.

As citocininas estão envolvidas na indução de tubérculos pelo estímulo das divisões celulares, que constituem uma das primeiras alterações morfológicas do processo de tuberização.

Há trabalhos que relacionam também a ação do ácido abscísico, etileno, jasmonatos e poliaminas no controle da tuberização.

Fisiologia vegetal

Para falar da fase do crescimento das raízes, é fundamental lembrar do conceito da fisiologia vegetal de fonte e dreno, em que as fontes são denominadas áreas de produção de fotoassimilados de metabolismo intenso.

Posterior há a translocação para os órgãos de reserva, denominadas drenos, que são estruturas não fotossintetizantes da planta e órgãos que não produzem produtos fotossintéticos o suficiente para o seu crescimento.

Nesse sentido, a proteção das folhas com adequado manejo fitossanitário e estímulo para o crescimento das mesmas por meio de bioestimulantes específicos vai refletir no tamanho e peso final dos produtos colhidos.

Obstáculos

Uma dificuldade encontrada no manejo fisiológico do rabanete com aplicação de bioestimulantes é o fato de existirem no mercado poucos produtos recomendados especificamente para a cultura.

Conhecer a composição dos produtos possibilita a técnicos e agricultores escolherem os melhores produtos para cada situação. Recomendações padronizadas devem ser evitadas.

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