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quinta-feira, maio 2, 2024
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Bioestimulantes via tratamento de sementes: quais os resultados?

Foto: Shutterstock

Brenda Santos Pontes
brenda_spontes@hotmail.com
Ana Laura Costa Santos
analaura.csbb@outlook.com
Graduandas em Agronomia
Hugo César Rodrigues Moreira Catão
PhD em Agronomia e professor – UFU
hugo.catao@ufu.br

Para alcançar a produtividade almejada, uma lavoura demanda inúmeros fatores, incluindo manejo de solo, adubação adequada e irrigação. Contudo, é primordial uma semente de qualidade. Esta pode ser avaliada através de atributos genéticos, fisiológicos, físicos e sanitários, características essenciais para um desempenho superior.

Sementes com elevado vigor resultam em alta velocidade de germinação e emergência, culminando em plântulas fortes e vigorosas, tolerantes às condições adversas. 

Sementes com baixadas condições sanitárias são consideradas vetores com alto potencial propagador de doenças em solos e plantas sadias, potencializando possíveis epidemias.

Desta forma, procuram-se meios práticos que permitam a segurança destas plantas desde a semeadura à colheita, contra pragas e patógenos. Diante desta proposta, há uma infinita gama de produtos e métodos capazes de proteger a lavoura durante os primeiros estádios de desenvolvimento, dentre elas o tratamento de sementes.

Como funciona

Em seu amplo sentido, o tratamento de sementes é caracterizado por métodos de aplicações de substâncias em dosagens precisas nas sementes, capazes de aperfeiçoarem seus desempenhos antes, durante e após a semeadura.

Este processo permite que elas consigam alcançar expressão máxima do potencial genético da cultura, ainda que em condições antagônicas ao seu pleno desenvolvimento. Esse processo pode ser realizado por meio de inúmeras substâncias com propósitos distintos, dentre os quais, os defensivos; micronutrientes; inoculantes; produtos biológicos; e estimulantes hormonais.

Os bioestimulantes são pertencentes ao grupo dos hormônios vegetais, sendo divididos em citocininas, giberelinas, auxias, etileno, inibidores e retardadores. Cada um destes influencia diretamente no desenvolvimento de uma planta, desde os primeiros processos para que a germinação aconteça até o amadurecimento dos frutos e senescência das folhas.

Foto: Shutterstock

Hormônios

Os bioestimulantes são classificados de acordo com sua composição, sendo ela a junção de um ou mais reguladores vegetais com outros compostos de natureza bioquímica diferente, como nutrientes, aminoácidos e vitaminas.

A composição e concentração destes ingredientes irão influenciar nas futuras reações presentes nas sementes e plantas, agindo no estímulo da divisão e alongamento celular, assim como quebrar as substâncias de reserva e garantir o crescimento vegetal.

Estes complexos são responsáveis por um pacote de benefícios para a cultura aplicada. Atuando diretamente no equilíbrio hormonal da planta, os bioestimulantes, são imprescindíveis para a regulação de processos fisiológicos e morfológicos das sementes e planta, regulando a geminação, desenvolvimento da parte aérea e radicular, desenvolvimento e maturação dos frutos.

Também pode ter efeito quelante no solo, indisponibilizando metais pesados para as plantas e aumentando a mobilidade de nutrientes.

Em conjunto com nutrientes em sua composição, é possível elevar a capacidade de estabelecimento das plantas no campo, obtendo benefícios fornecidos por cada micronutriente adicionado.

Exemplos práticos de aditivos muito utilizados são: cobalto, molibdênio e extrato de algas, os quais são responsáveis diretos porra uma adequada fixação de nitrogênio no solo, na cultura da soja.

Quem são eles

O cobalto, componente da vitamina B12, é precursor da molécula responsável pelo suprimento de oxigênio para as bactérias fixadoras de N2. O molibdênio participa da assimilação do nitrato absorvido pelas plantas, além ser cofator de enzimas, também importante nessas tarefas.

Os extratos de algas advindos dos gêneros Ascophyllum, Fucus e Laminaria, são importantes para a fixação de nitrogênio e controle do pH e N no solo.

Recomendação

O tratamento de sementes com bioestimulantes pode ser feito de duas formas: na indústria, conhecida por Tratamento de Sementes Industrial (TSI), e na fazenda (on farm). Apesar de aparentar ser um método mais econômico, o on farm demanda de certos pré-requisitos, como operadores capacitados, conhecimento prévio sobre compatibilidade e formulação química da calda, calibração de equipamentos, aplicação correta do produto sobre a semente (distribuição), tempo adequado de aplicação antes da semeadura e uso adequado de EPI’s.

Em contrapartida, o TSI utiliza de avançadas tecnologias, o que permite uma alta escala de tratamento automatizado, reduz o número de embalagens descartadas na propriedade, o risco de mistura de peneira, garantindo uniformidade, possibilita maior longevidade de armazenamento e correta formulação de tratamento, minimizando erros frequentes no on farm. 

É importante frisar que a concentração de cada produto varia com a cultura desejada.

Na dose certa

Foto: Shutterstock

Sabe-se que o nutriente mais requerido pela cultura da soja é o nitrogênio, havendo a necessidade de 80 kg de N para cada tonelada de grão. Desta forma, para uma produtividade média de 3.000 kg ha-1 são necessários aproximadamente 240 kg de N ha-1.

Mesmo considerando que parte dessa quantidade será suprida pela fixação biológica, realizada pelas bactérias presentes nos nódulos das raízes da planta de soja, é imprescindível que métodos alternativos de disponibilização e aumento de fixação sejam adotados.

Em campo

Resultados significativos já foram verificados para o aumento de massa seca na parte área e acréscimo no número de vagens em campos de soja utilizando sementes tratadas com bioestimulantes, havendo aumento de 35% em comparação à testemunha aos 15 dias após a emergência (DAE).

Outra pesquisa utilizando bioestimulante à base de extrato de algas marinhas (Ascophyllum nodosum), molibdênio e ácido fosforoso, constatou que houve incremento na altura de plântulas, apresentando aumento de 11% em comparação com a testemunha.

Esta corroborou com outro experimento utilizando também um produto com extrato de alga, Durvillaea potatorum, aminoácidos, 15% de N e 1% de K2O, os quais apresentaram maior produtividade, altura de plantas, número de vagens e grãos, e massa de 1.000 grãos, ao serem comparadas com a testemunha.

Não se engane

Durante o tratamento das sementes, certos erros são mais frequentes de acontecer, sendo eles: excesso de calda causadora de fitotoxicidade e danos estruturais; período excedente entre o tratamento e a semeadura; uso de polímeros que impermeabilizam as sementes; mistura de produtos incompatíveis quimicamente durante o tratamento; e falta de manutenção, regulagem e limpeza das máquinas.

Esses erros são facilmente cometidos durante o tratamento realizado pelo próprio produtor, já que exige mão de obra especializada e qualificada durante todas as etapas. Desta forma, é de extrema importância ficar atento à bula do produto e suas especificações, e em caso de incertezas, optar pelo tratamento de sementes industrial, para evitar danos econômicos futuros.

Quanto custa?

O custo da utilização do bioestimulante pode variar de acordo com a marca e composição do produto, contudo, como mencionado, ocorre alta eficácia no aumento de produtividade na cultura da soja.

Diante a capacidade das sementes expressarem mais seu vigor, o produto oferece uma alternativa a condições adversas do campo, e favorece o desenvolvimento das plântulas em seus primeiros estágios. Acredita-se que os bioestimulantes à base de extrato de algas, molibdênio e cobalto ofereçam um custo-benefício recomendado aos produtores.

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