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Bipolaris no milho: causas, impactos e mais

Foto: Fernanda Lourenço

Fernanda Lourenço Dipple
Engenheira agrônoma e professora – Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT)
fernanda.dipple@unemat.br

A bipolaris é uma doença que tem se manifestado precocemente na cultura do milho. Uma das razões para isso é a pouca palha que a soja pode deixar, proporcionando seu surgimento, junto de uma característica chamada ‘solo’ nas folhas do milho, além de possibilitar a presença dos esporos dessa doença.

A ocorrência é mais comum na fase vegetativa e requer um suprimento adequado de água no perfil.

Quem é ela

A mancha de Bibolaris maydis no milho é considerada uma doença comum em diversos estados brasileiros, causada por um fungo ascomiceto em sua fase assexuada, que produz conídios característicos do patógeno, facilitando sua identificação.

A forma comum encontrada nos campos de milho e causadora de altos prejuízos é a assexuada ou anamórfica. Sua fase teleomórfica (sexuada, menos comum) é denominada de Cochliobolus heterostrophus.

Os sintomas iniciais de infecção do patógeno começam ainda na fase vegetativa do milho, com pequenas necroses com bordas alongadas que podem ir aumentando as lesões necróticas conforme colonização e reprodução do fungo.

Causas

O fungo pode sobreviver em restos vegetais. Uma das formas mais eficientes de controle da doença é a rotação de culturas, pois diversas composições vegetais auxiliam no manejo fitossanitário e na fertilidade do solo.

A falta de palhada atua de forma negativa sobre vários fatores, como o aumento da temperatura e exposição do solo a intempéries. Essa maior exposição pode respingar mais gotas de chuva e aumentar a infecção de patógenos no baixeiro das plantas.

A redução de palhada também irá interferir na quantidade de matéria orgânica, o que afeta diretamente a população microbiana benéfica do solo, diminuindo sua diversidade e os processos bioquímicos que são importantes para a saúde do solo.

Impactos da bipolaris no milho

Os sintomas de Bipolaris maydis podem confundir muitas pessoas, uma vez que existem várias raças deste patógeno. Os sintomas com sinais da doença podem aparecer em todas as partes aéreas das plantas de milho, porém, nas folhas é a forma mais visível e comum.

Em sua maioria os sintomas são manchas pequenas e alongadas que podem variar, dependendo do agente causal (raça), bem como do hospedeiro (híbridos de milho), pois possuem níveis deferentes de resistência.

Existem três raças de Bipolaris maydis identificados como raça O, T e C, sendo a primeira a mais comum.

As manchas causadas pela raça O são menores e alongadas, de coloração bege a marrom-castanho, com bordos paralelos, podendo apresentar uma coloração mais escura no centro.

As lesões cansadas pela raça T são maiores, de forma elíptica ou fusiforme, com coloração castanha, podendo ocorrer a formação de halos cloróticos. Esta raça pode causar lesões na folha, bainha, colmo, bráctea, pedúnculo da espiga e, até mesmo, podridão de sabugo.

Plântulas podem apresentar sintomas de murcha devido à transmissibilidade do patógeno pelas sementes. Os sintomas causados pela raça C são caracterizados por lesões, estreitas, alongadas e necróticas, muitas vezes confundidas com cercosporiose.

Após infecção, colonização e reprodução do fungo os conídios são disseminados pela chuva, vento, animais, etc. Podem infectar outras partes da planta ou outro hospedeiro.

Fases mais suscetíveis

O patógeno pode infectar a planta em todos seus estágios de desenvolvimento, porém, no vegetativo e se o híbrido for suscetível, quando presente este patógeno na palhada, ele pode iniciar sua infecção e colonização já no início do desenvolvimento da cultura.

O milho é suscetível em todas as fases de desenvolvimento ao patógeno de Bipolaris, porém, nas fases vegetativas a planta é mais sensível e os prejuízos podem ser maiores, podendo causar prejuízos no desenvolvimento e na produção da planta.

A temperatura ideal para desenvolvimento desta doença é ampla, de 20 a 32ºC, com umidade relativa do ar acima de 60%. Com apenas algumas horas de molhamento o fungo consegue germinar e penetrar no hospedeiro.

Métodos de monitoramento

Um bom planejamento, com estratégias para o manejo integrado de doenças, é fundamental. Aplicações de fungicidas de diferentes mecanismos de ação auxiliarão na prevenção da germinação e colonização de patógenos e atuarão diretamente nos resultados produtivos.

O acompanhamento periódico da lavoura de milho é de suma importância, pois o ciclo dos patógenos é rápido e não pode haver perda de tempo na tomada de decisão. Para o manejo de doenças, é importante atuar sempre de forma preventiva.

Prevenção é essencial

O início do manejo de doenças deve se dar com a aquisição de sementes de qualidade e um material resistente ou tolerante à Bipolaris maydis. Além disso, um bom tratamento de sementes auxiliará no controle inicial.

Outro ponto importante é que a maioria dos fungicidas terá um residual de 20 dias. Assim, o planejamento de realizar uma ou duas aplicações no vegetativo e, principalmente, nos primeiros 30 dias, é importante para controle da fonte de inóculo do solo e prevenir o desenvolvimento da doença na planta.

Outro ponto importante é a absorção e translocação de fungicidas ser pequena, sendo que algumas moléculas, como os produtos de contato, são nulas nesse processo. Assim, a demora para fazer a aplicação de fungicidas pode dificultar o contato do produto nas folhas baixeiras, fazendo um efeito guarda-chuva, que causa falhas de proteção da planta, deixando-a suscetível à germinação e à doença.

Para controle de doenças, recomendam-se produtos fungicidas com mais de um mecanismo de ação, podendo ser utilizadas misturas com triazol, estrobilurinas, carboxamidas e multissítios. Para a Bipolaris maydis, é escasso o registro de produtos, porém, deve-se atentar ao registro para a cultura do milho, uma vez que um bom protocolo de manejo fitossanitário irá prevenir e controlar diversas doenças importantes para a cultura.

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