Nos últimos anos, o Brasil tem se mantido entre os cinco maiores produtores mundiais, ao lado de países como China, Índia, EUA e Paquistão. Ocupa o primeiro lugar em produtividade em sequeiro.
O Brasil tem figurado também entre os maiores exportadores mundiais. O cenário interno é promissor, pois estamos entre os maiores consumidores mundiais de algodão em pluma.
Segundo levantamento da safra de grãos da Conab em 11 de novembro, as primeiras lavouras de algodão já estão sendo implantadas ao longo do País, nessa safra 2021/22, e as expectativas iniciais apontam para incremento de área em comparação à temporada passada, motivado tanto pelos preços atrativos da fibra como também pelas condições mais favoráveis à semeadura e desenvolvimento preliminar da cultura nesse começo de ciclo.
As chuvas estão ocorrendo com mais regularidade e de forma mais uniforme que no mesmo período do ano passado, podendo gerar maior incentivo ao cultivo do algodão, especialmente nesta época denominada de primeira safra, com o plantio ocorrendo de outubro a dezembro.
Usualmente, há outro período tradicional de semeadura dentro da temporada, que é considerado o de segunda safra, com a realização ocorrendo, majoritariamente, entre janeiro e março, depois da colheita das culturas de verão.
Algumas regiões ainda estão em período de vazio sanitário, mas o preparo e o planejamento para o início das operações de semeadura seguem sendo realizados.
Oferta e demanda
A Conab estimou uma produção de 2,35 milhões de toneladas de pluma de algodão para a safra 2020/21. Esse volume representou uma queda de 22% em relação ao que foi produzido na safra 2019/20. Além de uma queda na produtividade de pouco mais de 4%, causada pela estiagem, a área plantada foi cerca de 17% inferior.
Além das dúvidas em relação aos reflexos da pandemia em meados do ano de 2020, a perda da janela ideal para o plantio em importantes áreas produtoras foi o principal fator responsável por essa redução.
Além da menor produção, colabora para um cenário de menor oferta interna o forte ritmo das exportações em 2021. Foram exportadas 1,37 milhão de toneladas de janeiro a setembro, contra 1,18 milhão no mesmo período de 2020. Alta de 16%.
Esse melhor desempenho em relação ao ano passado foi causado pelo forte desempenho alcançado no primeiro semestre de 2021, já que nos meses de julho, agosto e setembro, as vendas externas foram aquém em comparação com esses três meses em 2020.
Além da menor safra 2020/21, o setor tem reportado dificuldade para conseguir contêineres para escoamento da produção. Com isso, a perspectiva para 2021 é de que o Brasil embarque 2,1 milhões de toneladas de pluma, volume 1,2% menor que em 2020.
Já em relação ao consumo doméstico, a expectativa é que sejam demandadas 725 mil toneladas em 2021. Recuperação possibilitada pela vacinação e mitigação da pandemia, além da reposição de estoques dado à menor aquisição por parte da indústria nacional no ano de 2020.
Neste cenário de menor produção, mas de fortes exportações e recuperação do consumo interno, para o final de 2021 a Conab prevê uma queda de cerca de 26% nos estoques finais, que deverão terminar este ano em 1,29 milhão de toneladas.
Já em seu 1° Levantamento da Safra 2021/22 de grãos, a perspectiva inicial da Conab é de um aumento de 10,2% na área a ser plantada, totalizando 1.510 mil ha. Neste momento há muitas indefinições com relação à área a ser plantada, principalmente para as culturas de segunda e terceira safras do ciclo 2021/22.
Para a produtividade, a mesma foi estimada por métodos estatísticos, indicando um aumento esperado de 3,1%. Isto totalizaria uma produção de 2,67 milhões de toneladas, valor 13,7% acima do produzido na safra 2020/21. Este aumento esperado para a área a ser plantada de algodão se dá, principalmente, pelos altos preços atuais da pluma.
O cenário mundial, segundo o USDA, para a safra 2021/22 é de uma menor oferta de algodão, mas em contrapartida, um aumento no consumo, ou seja, o cenário é de déficit entre oferta e demanda global.
Exportações e consumo doméstico
Em relação às exportações, dada a menor oferta da safra 2020/21, a expectativa é que em 2022 sejam exportadas 2,0 milhões de toneladas, queda de 4,8% em relação ao estimado para 2021, que foi de 2,1 milhões de toneladas.
Já em relação ao consumo doméstico, a perspectiva é de que a indústria nacional adquira um total de 765 mil toneladas em 2022, incremento de 5,5% em relação ao estimado para 2021, que foi de 725 mil toneladas.
Em se confirmando este cenário, os estoques brasileiros cairiam pelo segundo ano consecutivo, terminariam 2022 com cerca de 1,2 milhão de toneladas de pluma, queda de 6,6% em relação ao estimado para 2021.
Análise estadual – safra 2021/22
Em Tocantins, as operações de plantio ainda não começaram, mas a expectativa inicial é de manutenção da destinação de área para o cultivo (cerca de 7,1 mi hectares), com maior ênfase para a semeadura mais tardia, a partir de janeiro de 2022.
Em Rondônia, a cotonicultura fica concentrada no Sul no Estado, mais especificamente na região de Vilhena. A perspectiva é que o plantio seja iniciado a partir de novembro de 2021, devendo se estender até fevereiro de 2022.
Em Mato Grosso, o período atual é de vazio sanitário, mas já começou o processo de preparo dos solos, com vistas a iniciar as operações de semeadura a partir de dezembro. O cenário momentâneo se mostra bastante favorável à cotonicultura, tendo bons preços pagos pela pluma recentemente, além de condições climáticas satisfatórias até então, com umidade adequada nos solos e temperaturas médias dentro de uma faixa ideal. Assim, há expectativa de aumento na área plantada em comparação à temporada anterior, mantendo o Estado como o principal produtor de algodão do País.
Em Goiás também está vigente o período de vazio sanitário. O início das operações de semeadura ocorreu a partir de novembro e a expectativa é que se prolongue até fevereiro, com estimativa de aumento de área plantada em comparação à safra 2020/21.
Em Mato Grosso do Sul, o vazio sanitário do algodão já se encerrou para os municípios das regiões sul e central do Estado. No entanto, o início da semeadura ocorreu em novembro. As demais regiões sul-matogrossenses ainda estão em vazio sanitário, com destaque para a região norte, que é a maior produtora da fibra no Estado e que somente deve começar as operações de plantio a partir de dezembro.
Devido ao alto custo de produção e necessidade de maquinários específicos para a cultura do algodão, o cultivo é feito por produtores tradicionais que já possuem toda a estrutura necessária, portanto o aumento na área cultivada fica restrita a capacidade operacional destes.
A maior parte dos insumos estão adquiridos e sendo entregues, ficando a operação de semeadura condicionada à liberação normativa ou, no caso da região sul, ao momento considerado ideal pelo produtor.
O Nordeste
Na Bahia, há duas grandes regiões de destaque para a cotonicultura estadual: o extremo-oeste e o centro sul. Nelas, pode-se observar uma produção bastante tecnificada, inclusive com uso de irrigação suplementar em muitas áreas, favorecendo um bom rendimento de fibra e uma produtividade média considerada elevada, entre as maiores do País.
Para essa safra, o vazio sanitário está em vigência em ambas regiões produtoras, porém, a perspectiva é que a partir de dezembro as primeiras lavouras sejam implantadas e que haja incremento na área total plantada em comparação ao ciclo anterior.
Além da Bahia, o Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte também apresentam produção de algodão na região nordeste. A destinação de área é expressivamente menor nessas localidades, se comparadas à cotonicultura baiana, mas potencializam a produção regional.
Sudeste e Sul
Em Minas Gerais, o vazio sanitário foi até o final de novembro e, a partir dali, a expectativa é de plantio ocorrendo até fevereiro, com previsão inicial de crescimento na destinação de área em relação à temporada anterior.
Em São Paulo, o plantio da cultura já começou, mas ainda de forma muito incipiente. Com as condições climáticas favoráveis, até o momento, e as boas perspectivas de mercado sobre a fibra, a expectativa é de evolução no ritmo de semeadura e de incremento na área total plantada em comparação à safra passada.
Regiões tradicionalmente cotonicultoras já se preparam para a expansão de área, e devem manter um bom investimento para o cultivo do algodão.
Na Região Sul, o Paraná tem sido o único Estado produtor de algodão, nas últimas safras, algo que deve se repetir em 2021/22. A destinação de área para tal cultivo ainda deve ser pequena (cerca de 1,2 mil hectares), porém, indicando aumento em relação à safra anterior.
Tabela 2 – Detalhamento estadual das projeções 2021/22: