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Brasil recebe a primeira certificação de cafeicultura regenerativa do mundo

Empresa de multicultivos AgroBeloni, localizada em Patrocínio/MG, acaba de receber reconhecimento internacional inédito no País pelas boas práticas na fazenda. 

AgroBeloni – Foto: Divulgação

Ao se falar em produção de café no Brasil devemos citar Minas Gerais. O estado mantém o título de maior produtor nacional do grão. De acordo com dados da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), no último ano foram colhidas 21,45 milhões de sacas, o equivalente a 46% da safra em todo o país.  

Entre os protagonistas do Estado, está o município de Patrocínio. Com localização privilegiada no Alto Paranaíba, a cidade tem clima ameno, boa distribuição da água, grande número de riachos e uma precipitação anual considerada ideal para o café – cerca de 1.600 mililitros. Foi com a soma de todos estes elementos, aliada ao investimento em tecnologia e inovação, que a AgroBeloni, uma empresa familiar empreendedora, acabou de conseguir um marco inédito global. 

A fazenda Santa Cruz da Vargem Grande é a primeira produtora de café no mundo a receber a certificação de agricultura regenerativa Regenagri® – programa internacional de agricultura regenerativa, que visa garantir a saúde da terra e o cuidado com quem nela vive. “Essa primeira certificação mundial é um orgulho para a AgroBeloni. É o compromisso de avançar ainda mais no caminho da sustentabilidade e da produção consciente pela preservação e equilíbrio da agricultura com o meio ambiente”, diz Fernando Nogues Beloni, diretor da produção cafeeira. 

Concedido pela empresa britânica Control Union, presente em mais de 70 países, o certificado reconhece as boas práticas e o uso da tecnologia, aliada às ações sustentáveis com foco na agricultura regenerativa. Em maior integração e harmonia com a natureza, a agricultura regenerativa emprega a restauração do solo degradado, melhoramento da biodiversidade entre os polinizadores (especialmente abelhas e borboletas) e aumento da captura de carbono no solo para criar benefícios ambientais duradouros.  

As vantagens da agricultura regenerativa são muitas, destacando-se a redução do uso de insumos químicos, produção de alimentos com melhor qualidade, diminuição dos custos produtivos, equilíbrio do bioma e redução das emissões de carbono. “Inicialmente diminuímos a utilização dos defensivos químicos para possibilitarmos a regeneração da vida biológica do solo e plantas na fazenda, mas ao perceber os benefícios gerais na lavoura, resolvemos profissionalizar os trabalhos voltados para agricultura regenerativa e contratar uma consultoria para então obter a certificação”, destaca Fernando. 

Já o diretor agrícola da empresa, Carmelo Beloni, complementa que a conquista representa as ações conscientes da empresa ao longo dos últimos anos. “Ser sustentável é algo inerente aos nossos valores, por isso as mudanças são perenes. Tratamos isso como uma consciência coletiva interna e, com isso, sabemos que o certificado também representa uma mudança das pessoas que fazem a AgroBeloni em todos os seus setores”, reforça. 

Processo natural 

Embora a relação da família Beloni com a cafeicultura seja recente, de cerca de oito anos, o conhecimento em agricultura é de mais de cinco décadas que atravessa gerações. As fazendas AgroBeloni têm sistemas de cultivo de 80% irrigados e bem diversificados. Além do café, que ocupa hoje uma área de 420 hectares da variedade arábica, ainda há outros 5.000 hectares destinados aos multicultivos, como: soja, milho, cebola, sorgo, cevada, batata, trigo, eucalipto e feijão. 

De acordo com Fernando, o interesse pela agricultura regenerativa aconteceu de forma natural e a certificação foi instigada a partir da comercialização do seu café pela Expocaccer (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado) a uma empresa francesa que externou o interesse pela certificação. “Os franceses me perguntaram se eu tinha algo voltado para agricultura regenerativa. A substituição dos fertilizantes e defensivos químicos por orgânicos, dentre outras práticas sustentáveis, já era uma realidade nas fazendas e, com o questionamento deles, resolvi buscar uma certificação internacionalmente reconhecida que confirmasse o que nós já estávamos fazendo. O resultado foi melhor do que o esperado”, ressaltou Fernando Beloni. 

Consumidores conscientes 

Para quem produz, a agricultura regenerativa permite um aumento na produção de cafés e na rentabilidade do negócio, com a valorização dos grãos. Por outro lado, para os consumidores, cada vez mais atentos à origem e qualidade dos alimentos que chegam às mesas de suas casas, os cafés originados de uma produção regenerativa oferecem um produto mais saudável, além de conectá-los a um conjunto de valores e processos que envolvem um produto ético e ambientalmente responsável. 

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