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Broca-da-cana preocupa milhocultores

 

Em tempos de pragas, o monitoramento é condição fundamental para evitar prejuízos, ainda mais em se tratando da broca-da-cana, que muitas vezes só é detectada quando não há mais o que fazer

Crédito Shutterstock
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Os prejuízos da broca-da-cana Diatraea saccharalis (ou broca-do-colmo, como também é conhecida) na cultura do milho são estimados entre 10 e 50%, variando de acordo com a infestação, o local e a cultivar utilizada.

No Brasil Central, aponta Paulo Afonso Viana, engenheiro agrônomo e pesquisador na área de Entomologia e de Manejo Integrado de Pragas da Embrapa Milho e Sorgo, o problema costuma ser mais sério do que em outras regiões, tanto na safra como na safrinha. “O que intensifica o mal é o hospedeiro, se está em uma região mais quente ou não. Regiões próximas a áreas canavieiras também atraem a praga, que originalmente é da cana, como o nome já indica“, esclarece.

Ataque severo

A broca em questão sempre foi importante na cultura da cana-de-açúcar, mas seu ataque tem sido acentuado no milho e em outras gramíneas. Existem mais de 60 diferentes espécies de plantas hospedeiras da broca-da-cana.

“Há regiões no Brasil Central em que o milheto plantado na cobertura vegetal é um hospedeiro de primeira linha. A incidência perto dessas áreas é mais acentuada, sem falar do clima, que também ajuda a aumentar a população da praga“, alerta Paulo Viana.

Sintomas

Os sintomas da broca-da-cana são difíceis de serem identificados pelos produtores, pois o dano é pequeno e começa na folha. A sugestão do pesquisador, portanto, é que se faça o monitoramento em regiões onde existe o problema de forma acentuada, e que o acompanhamento seja realizado por um profissional da área agronômica.

“Os danos provocados pela broca-da-cana são diferentes daqueles causados pela lagarta-do-cartucho, que destrói muito a planta do milho. Se o treinamento dos ‘olheiros’ não for intensivo, eles não conseguirão identificar o ataque“, pontua Paulo Viana.

Ele informa que a praga começa pela folha, e quando a larva muda de fase ela penetra no colmo da planta, na região da bainha da folha. Depois disso, o dano só é percebido quando aparecem os orifícios (feitos para que a lagarta empupe dentro do colmo e se transforme em mariposa), indicando que a praga já destruiu o interior da planta e formou galerias no interior do colmo.

Adulto do gorgulho-da-cana - Crédito Valmir Costa
Adulto do gorgulho-da-cana – Crédito Valmir Costa

O monitoramento

O monitoramento, recomendado pelo pesquisador, pode ser feito com as fêmeas desse inseto. Há laboratórios, inclusive, que comercializam fêmeas virgens da broca-da-cana, as quais são colocadas em armadilhas com superfície pegajosas. “Dessa forma, o produtor poderá acompanhar a presença do adulto no campo, o que ajudará a tomar as decisões à frente“, sugere.

Se houver presença maciça de adultos, o produtor pode buscar alternativas de controle biológico ou químico. De controle biológico, o mais utilizado são as vespinhas, como Trichogramma galloi, que parasita o ovo da broca.

Já se a praga estiver em um estágio mais avançado, existe a vespinha Cotesia flavipes, que parasita as larvas. “Sugerimos que, quando da presença do inseto, se faça de duas a três liberações do Trichogramma, e depois uma liberação de Cotesia flavipes“, ressalta Paulo Viana.

Os números são variados. De Trichograma recomendam-se cartelas de 150 a 200 mil vespinhas, e de Cotesia flavipes, em torno de 6 mil/ha, dependendo da infestação.

Crédito Valmir Costa
Crédito Valmir Costa

Entre um e outro

O controle biológico é o mais utilizado para o manejo da broca-da-cana. Tanto que, registrados para controle químico, o produtor de milho conta com apenas dois produtos. A explicação de Paulo Viana é que não adianta fazer aplicações químicas sem antes detectar a fase biológica em que o inseto está mais sensível.

“Quando as lagartas eclodem, no início se alimentam das folhas. Pensando no controle químico dessa fase, tem-se eficácia de controle, mas depois que elas penetram no colmo do milho não há muito o que ser feito“, alerta o pesquisador.

Manejo integrado

O sucesso do Manejo Integrado de Pragas depende do olho clínico e do especialista. A afirmação de Paulo Viana tem uma explicação: “é preciso um profissional treinado para dar a informação correta ao produtor, pois são muitos detalhes a serem tratados, e para tomar a decisão correta é preciso conhecer“, enfatiza.

Essa matéria completa você encontra na edição de novembro 2015  da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

 

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