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Cafeicultura mundial: Em ritmo acelerado

Fontes: Observatório do Café

Acompanhamento da Safra Brasileira, vol. 5 – nº4 da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB

Valor Bruto de Produção – novembro de 2019, divulgado mensalmente pelo Mapa

Intensificação e sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas da Embrapa

Relatório sobre o mercado de café de dezembro de 2019 da Organização Internacional do Café – OIC

Café – Crédito: shutterstock

Globalmente, os três maiores produtores de todos os tipos de café são o Brasil, o Vietnã e a Colômbia, que agora respondem por quase 70% da produção mundial. Há uma década esses três países respondiam por um pouco menos de 60% da produção mundial.

A produção mundial de café, em 2019, foi de 168,1 milhões de sacas de 60 kg e o consumo atingiu o volume físico de 167,9 milhões de sacas. O Brasil se destaca como o maior produtor mundial, com 49,30 milhões de sacas, 29,45% de todo café produzido no mundo, mantendo o protagonismo do País na cafeicultura mundial.

A taxa média anual de crescimento da demanda no longo prazo é de 2,2%, calculando-se que, de 90,71 milhões de sacas, o consumo se elevará a 169,34 milhões em 2019/20. Em relação ao ano passado, o crescimento global da demanda em 2019/20, estimado em 0,7%, está 2,7 pontos percentuais abaixo de 2018/19, mas, mesmo assim, representa um aumento de 1,24 milhão de sacas no total da demanda.

Esse aumento segue o de 2018/19, que foi de 3,4%  ̶  para 168,1 milhões de sacas  ̶ , excedendo a média de longo prazo. O resultado em 2018/19 deve-se, acima de tudo, à expansão que se viu tanto na Europa quanto na América do Norte, onde o consumo aumentou, respectivamente, 4,9%, para 55,73 milhões de sacas; e 5,7%, para 31,64 milhões.

Produção no mundo (milhões de sacas de 60 kg)

  Safra Estoque inicial Produção   Importação   Consumo   Exportação Estoque Final
Arábica Robusta Total
2010/11 28,8 87,9 53,5 141,4 109,3 134,5 116,5 28,6
2011/12 28,6 84,5 60,3 144,8 111,5 141,5 117,7 25,7
2012/13 25,7 92,9 65,1 158,0 116,6 142,1 122,8 35,4
2013/14 35,4 92,5 67,6 160,1 117,0 142,4 128,9 41,2
2014/15 41,2 86,6 67,2 153,8 117,4 145,6 123,6 43,1
2015/16 43,1 86,3 66,6 152,9 124,5 152,7 133,4 34,4
2016/17 34,4 101,5 60,2 161,7 126,5 153,8 133,5 35,3
2017/18 35,3 94,3 64,3 158,7 127,7 159,5 131,1 31,0
2018/19 31,0 104,4 70,1 174,5 132,6 163,9 137,9 36,3
2019/20 36,3 97,3 71,9 169,1 132,8 167,9 136,8 33,5

Posição: junho/2019 (divulgação semestral).       Notas: 1 Estimativa. 2 Projeção.

  Vietnã  (milhões de sacas de 60kg)

  Safra Estoque inicial Produção   Importação   Consumo   Exportação Estoque Final
Arábica Robusta Total
2010/11 1,0 0,7 18,8 19,4 0,4 1,3 18,6 0,8
2011/12 0,8 0,8 25,2 26,0 0,5 1,7 24,5 1,1
2012/13 1,1 0,9 25,6 26,5 0,8 1,8 24,6 1,9
2013/14 1,9 1,2 28,7 29,8 0,6 2,0 28,3 2,1
2014/15 2,1 1,1 26,4 27,4 0,6 2,2 21,5 6,4
2015/16 6,4 1,1 27,8 28,9 0,6 2,6 29,5 3,8
2016/17 3,8 1,1 25,6 26,7 1,0 2,8 27,6 1,2
2017/18 1,2 1,3 28,0 29,3 1,1 2,9 27,9 0,8
2018/19 0,8 1,4 29,0 30,4 1,2 3,0 27,2 2,1
2019/20 2,1 1,4 29,1 30,5 1,2 3,4 28,3 2,1

Posição: junho/2019 (divulgação semestral).       Notas: 1 Estimativa. 2 Projeção.

  Colômbia  (milhões de sacas de 60kg)

  Safra Estoque inicial Produção   Importação   Consumo   Exportação Estoque Final
Arábica Robusta Total
2010/11 0,3 8,5 8,5 0,8 1,1 8,4 0,1
2011/12 0,1 7,7 7,7 1,1 1,3 7,4 0,2
2012/13 0,2 9,9 9,9 0,7 1,2 8,9 0,8
2013/14 0,8 12,1 12,1 0,5 1,3 11,0 1,0
2014/15 1,0 13,3 13,3 0,2 1,4 12,4 0,7
2015/16 0,7 14,0 14,0 0,3 1,4 12,4 1,1
2016/17 1,1 14,6 14,6 0,4 1,5 13,8 0,9
2017/18 0,9 13,8 13,8 0,8 1,7 12,7 1,1
2018/19 1,1 14,3 14,3 0,8 2,0 13,4 0,9
2019/20 0,9 14,3 14,3 0,8 2,1 13,4 0,5

Posição: junho/2019 (divulgação semestral).       Notas: 1 Estimativa. 2 Projeção.

As importações e o consumo nos países das duas regiões provavelmente foram estimulados por preços mais baixos durante o ano cafeeiro passado, mas este ano podem se tornar mais lentos.

Além disso, uma desaceleração do crescimento econômico global, em particular nos mercados emergentes e economias em desenvolvimento, da forma descrita pelo Fundo Monetário Internacional em suas Perspectivas Econômicas Mundiais de outubro de 2019, pode limitar o crescimento do consumo de café.

Tendências

Em 2019/20 calcula-se que na Europa a demanda diminuirá 0,6%, caindo para 55,4 milhões de sacas. Em suas previsões econômicas do outono de 2019, a Comissão Europeia notou que a União Europeia está enfrentando diversos choques que poderão comprometer o crescimento econômico em 2020.

Estima-se que na América do Norte o consumo alcançará 31,88 milhões de sacas, 0,7% acima de 2018/19. Depois de registrar uma taxa menor de crescimento em 2018/19, calcula-se que na Ásia & Oceania o consumo se recuperará parcialmente, aumentando 2,9% e alcançando 37,51 milhões de sacas; na África ele deve aumentar 1,8%, alcançando 11,94 milhões; na América Central & México ele deve aumentar 1,4%, alcançando 5,47 milhões; e na América do Sul o consumo deve aumentar 0,1%, alcançando 27,14 milhões de sacas.

Preços continuaram a subir em dezembro

Em dezembro de 2019 o indicativo composto da OIC continuou a subir, variando numa faixa de 111,80 a 123,69 centavos de dólar dos EUA por libra-peso. Os preços indicativos de todos os arábicas subiram, mas os dos robustas caíram 0,1%, para 73,22 centavos/libra-peso.

A firmeza da demanda e a atual escassez de oferta no mercado ajudaram a pressionar os preços para cima. Nos dois primeiros meses do ano cafeeiro de 2019/20 exportou-se 10,8% menos café, com embarques de 18,3 milhões de sacas. Durante esse período as exportações de todos os grupos diminuíram, exceto as dos suaves colombianos, que totalizaram 2,6 milhões de sacas, aumentando 2,2%.

Estima-se que em 2019/20 a produção global de café será de 168,71 milhões de sacas, 0,9% abaixo do ano passado, correspondendo a uma queda de 4,1% na produção dos arábicas, para 96,22 milhões, e a um aumento de 3,7% na produção dos robustas, para 72,5 milhões.

Também se estima que ano cafeeiro de 2019/20 o consumo aumentará 1,24 milhão de sacas, alcançando 169,34 milhões. O déficit resultante, de 0,63 milhão de sacas em 2019/20, geraria pressão altista sobre os preços. Essa pressão pode diminuir à medida que mais café da safra de 2019/20 for entrando no mercado. Além disso, prevê-se que a produção brasileira do ano safra de 2020/21, que começa em abril, será maior.

O indicativo composto da OIC continuou a subir em dezembro de 2019, culminando em 123,69 centavos de dólar dos EUA por libra-peso no dia 16. A média mensal do composto diário foi de 117,37 centavos/libra-peso, 9,5% acima da média de novembro, além de ser a média mais alta desde outubro de 2017, quando ela alcançou 120,01 centavos.

O nível mais baixo do indicativo composto diário da OIC em dezembro foi de 111,80 centavos/libra-peso no dia 04 e, mesmo nesse nível, o indicativo esteve acima das médias mensais dos 18 meses anteriores. Nos últimos meses o ritmo das exportações do Brasil diminuiu em relação a um ano atrás.

As colheitas de algumas origens com ano safra de outubro a setembro, além disso, se atrasaram. A redução consequente da oferta e o vigor da demanda contribuíram para o aumento da pressão altista sobre os preços.

Preços indicativos da OIC e de futuros (em centavos de dólar dos EUA por libra-peso)

  ICO Composição Colombianos suaves Outros suaves Brazilian Naturals Robustas Nova York* Londres*
Médias mensais
Dez-18 100.61 127.86 127.10 102.10 77.57 105.79 69.59
Jan-19 101.56 129.28 128.46 102.94 78.24 107.93 70.32
Fev-19 100.67 127.93 128.45 100.06 78.65 104.12 70.52
Mar-19 97.50 125.23 123.89 95.81 76.96 98.84 68.61
Abr-19 94.42 124.42 121.13 92.47 73.28 95.31 65.06
Mai-19 93.33 124.40 120.55 91.95 71.12 94.86 62.45
Jun-19 99.97 133.49 129.73 100.69 74.02 104.44 65.41
Jul-19 103.01 137.63 135.47 105.43 73.93 109.01 64.83
Ago-19 96.07 129.20 126.23 95.85 70.78 99.87 60.90
Set-19 97.74 131.90 128.89 98.73 70.64 102.81 60.31
Out-19 97.35 132.09 126.99 98.10 68.63 102.41 58.34
Nov-19 107.23 146.12 140.98 109.94 73.28 113.31 63.00
Dez-19 117.37 161.50 157.11 126.36 73.22 131.44 63.87
% Oscilação entre Nov-19 e Dez-19
  9.5% 10.5% 11.4% 14.9% -0.1% 16.0% 1.4%
Volatilidade (%)              
Dez-19 9.7% 9.5% 9.6% 12.1% 8.8% 14.1% 9.4%
Nov-19 7.1% 7.2% 6.9% 9.2% 6.2% 14.3% 7.3%
Variação entre Nov-19 e Dez-19
  2.6 2.3 2.7 2.9 2.6 -0.2 2.1

* Preço médio da 2a e 3a posições

Histórico

Nos 10 últimos anos a produção global de café cresceu a uma taxa média anual de cerca de 2,6%, passando de 140,16 milhões de sacas em 2010/11 a um volume estimado de 168,71 milhões em 2019/20.

A queda de produção dos arábicas no ano cafeeiro corrente é estimada em 4,1%, com 96,22 milhões de sacas produzidas, refletindo em grande medida o ano de baixa do ciclo produtivo desses cafés no Brasil. Calcula-se, porém, que a produção mundial dos robustas, aumentando 3,7%, alcançará 72,47 milhões de sacas.

Lá fora

No Vietnã estima-se um aumento de 4,4% da produção, para 31,2 milhões de sacas, no ano safra de 2019/20. A água suficiente para irrigação durante a temporada de crescimento, espera-se, fortalecerá a produtividade.

A produção nos dois primeiros meses do ano safra é estimada em 3,25 milhões de sacas, 27,6% abaixo do volume produzido no primeiro bimestre de 2018/19. Essa queda pode ser atribuída aos preços baixos que prevalecem internamente, levando os cafeicultores a reterem seu café, e a pesadas chuvas no início da temporada, que atrasam a colheita.

A Colômbia é o segundo produtor mundial de arábica, e calcula-se que sua safra de 2019/20 alcançará 14,1 milhões de sacas, 1,7% acima de 2018/19. A Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia informou que nos dois primeiros meses do ano safra de 2019/20 o país produziu 2,88 milhões de sacas, 20,5% acima do volume produzido no mesmo bimestre do ano safra passado.

Durante o mesmo período, a Colômbia embarcou 2,37 milhões de sacas de café, 3,1% a mais que no ano passado. Seus embarques provavelmente incluíram vendas de café da safra anterior pelos cafeicultores, incentivadas pelos preços mais altos.

Panorama

O aumento da demanda simultaneamente com uma queda da produção resultou em um déficit global estimado em 0,63 milhão de sacas em 2019/20. É improvável que a atual escassez de oferta dure o ano todo, pois em 2020/21 estará chegando ao mercado uma proporção maior da safra atual, além de café abundante da fase de alta do ciclo produtivo bienal brasileiro. Isso poderá restringir aumentos posteriores dos preços do café durante este ano cafeeiro.

Entenda o mercado mundial do café

O cultivo e o consumo de café pelo mundo seguem uma tendência ao crescimento, apresentando aumentos significativos desde a década de 1990. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam que o setor segue uma taxa de crescimento de 2% ao ano, e estima-se que a produção chegue aos 208 milhões de sacas até 2030.

Mesmo com grande popularidade pelo mundo, o mercado mundial chegou em 2019 marcando o segundo ano consecutivo em que a oferta ultrapassa a demanda. A Organização Internacional do Café (OIC) estima um superávit de 2,29 milhões de sacas para o período.

Ainda que esse número indique um estoque encalhado, ele nos revela um avanço do setor que havia fechado o período anterior com um excesso ainda maior, de 3,29 milhões de sacas. Na prática, a abundância do produto pressiona os preços para baixo e prejudica a rentabilidade do mercado.

As variações de oferta e demanda não são novidade, mas um desafio que tem raízes na própria lógica de funcionamento da economia global. Em 2001, a produção mundial havia atingido um novo recorde, com 120 milhões de sacas produzidas, enquanto o consumo fora de apenas 107 milhões.

A elevação dos preços é um dos motivos mais comumente atribuídos por especialistas para o recente boom na produção de café. Dois eventos da década de 1990 contribuíram para este cenário: as geadas de 1994 e a seca de 1997. Com as lavouras prejudicadas, a produção foi menor do que o esperado naqueles anos e a demanda maior do que a oferta fez com que houvesse um encarecimento do produto.

O aumento de preços fez com que os produtores voltassem a investir no cultivo do café, elevando o total da produção. Desde então, uma das maiores mudanças foi nos estoques, que não diminuíram, mas foram lentamente se deslocando para os países consumidores.

Enquanto na década de 1990 o produto era armazenado com os produtores, sobretudo no Brasil, hoje em dia estima-se que 50% dos estoques estejam nas mãos dos consumidores.


– A produção mundial de café, em 2019, foi de 168,1 milhões de sacas

– Consumo atingiu o volume de 167,9 milhões de sacas

– O Brasil se destaca como o maior produtor mundial, com 49,30 milhões de sacas

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