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Santa Catarina ainda é o maior produtor de cebolas do Brasil, em especial as regiões de Ituporanga e Alfredo Vagner, no Alto Vale do ItajaÃ. O centro-oeste aumenta sua área todo ano, assim como o Vale do São Francisco, no Nordeste, incluindo Bahia e Pernambuco, e Minas Gerais, destacando-se o Alto ParanaÃba e o Triângulo Mineiro, além de Goiás.
Produtividade
Para Valter Rodrigues Oliveira, engenheiro agrônomo e pesquisador da área de melhoramento genético da Embrapa Hortaliças, a produtividade da cebolicultura depende muito da tecnologia utilizada pelos produtores. “No Rio Grande do Sul e no Paraná são observadas as menores produtividades (em torno de 20 toneladas), pois os produtores são pequenos, usam pouca tecnologia e sistema de mudas. Já na região centro-oeste, Alto ParanaÃba e Triângulo Mineiro chega-se a 100 toneladas por hectare, justificado pela alta tecnologia adotada“, esclarece o especialista.
Isso quer dizer que, ainda que o Sul seja o maior produtor de cebolas, não é o mais produtivo, mas caminha para isso, com a adoção de irrigação e semeadura mecânica, fazendo aumentar sua produtividade.
Condições para a cultura
Devido ao clima, que não ajuda muito no Sul do país, a população de plantas não pode ser muito alta, como acontece na região centro-oeste, onde se chega a plantar um milhão de plantas por hectare.
“Na região Sul usa-se, no máximo 400 mil plantas por hectare. O clima é muito úmido lá, além de frio, dificultando o manejo de doenças, e por isso é preciso maior espaçamento entre as plantas“, destaca Valter Rodrigues.
Híbridos otimizam o cultivo
O tipo de cultivar interfere diretamente na produtividade da cebola. Nas regiões em que se utilizam híbridos se observam melhor qualidade das sementes, com maior poder germinativo, uniformidade de germinação e emergência melhor que naquelas que investem em cultivares de polinização aberta (OP). No primeiro caso, a cebola híbrida permite, também, utilizar alta população de plantas por hectare, ao contrário dos OP’s.
“A diferença de tamanho entre as híbridas e as convencionais é muito grande. Se aumentar muito a população, neste último caso, o resultado é uma alta proporção de bulbos pequenos, que apresentam valor comercial menor. Quando se trabalha com híbridos, que são geneticamente mais uniformes, e a qualidade da semente tende a ser melhor, consegue-se manter um padrão comercial bom, mesmo trabalhando com populações muito altas“, compara Valter Rodrigues, destacando essa como uma característica vantajosa do híbrido, apesar de sua semente ser mais cara.
Outro ponto é que plantio mecanizado está associado aos híbridos, e por consequência à maior produtividade. Isso porque, normalmente, as máquinas permitem colocar maior número de plantas por hectare, resultando em uma produtividade mais alta, que responde bem à tecnologia.
Para cultivares de polinização aberta, a capacidade máxima chega a 600 mil plantas por hectare. Se esse número for ultrapassado, a qualidade final pode ficar comprometida.
Dicas
A população adequada de cebolas depende do híbrido e da época de plantio. “Se o plantio for precoce, por exemplo, que é um período de chuva ainda, o produtor deverá ter cuidado com as doenças fúngicas, que gostam de alta umidade e temperatura alta. Neste caso, é indicada uma população mais baixa de plantas. Condições de umidade alta, seja por chuva no verão ou no inverno, em áreas de muita neblina, com acúmulo de umidade muito alto à noite e de manhã, exigem populações mais baixas, independente do híbrido, o que facilita o manejo da doença, já que haverá maior arejamento, tornando a aplicação de defensivos mais eficiente“, recomenda Valter Rodrigues.
Por outro lado, se a região ou época for mais seca, a população de plantas de cebola pode ser mais alta, chegando a um milhão de plantas por hectare. O mesmo é aceito com cultivares que são mais tolerantes a doenças. Entretanto, o pesquisador recomenda que o produtor tenha um profissional da área para orientá-lo na melhor escolha.
População ideal
Segundo Valter Rodrigues, a distribuição das plantas depende muito da máquina semeadora – se ela ‘espaça’ mais nas entrelinhas e deixa uma linha mais espaçada que a outra, é preciso adensar mais nas linhas. Já se a semeadora for mais estreita, perde-se muito espaço no campo com o rodado do trator, e será preciso passar mais vezes na mesma área. Entretanto, no caso de semeadoras mais largas, de 12 linhas, por exemplo, perde-se menos espaço com o rodado do trator e pode-se espaçar mais em cima do canteiro.
“Alguns produtores preferem plantar em linhas duplas, outros em linhas simples à mesma distância, e há ainda aqueles que não gostam, por exemplo, de trabalhar a linha central do canteiro, e preferem deixar o espaço livre visando o maior arejamento e luminosidade para as plantas. Assim, o ideal é a distribuição mais uniforme possível, com plantas equidistantes, de forma que haja um bom arejamento e que o vegetal receba o máximo de luz possível em todas as suas partes“, recomenda o pesquisador.
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