O Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais de cebola, com uma produção de 1.549.597 t na safra 2018, cultivadas numa área de 48.629 ha e rendimento médio de 31,95 t/ha. O valor bruto da produção neste ano está estimado em R$ 1,5 bilhões.
A cultura da cebola tem sua produção comercial fortemente centrada na região sul, que contribui com mais da metade da produção nacional, São Paulo, Cerrado e Nordeste do País.
O mercado da hortaliça em 2019 foi bastante positivo, exceto em casos específicos e muito pontuais, decorrentes das condições climáticas locais, como ocorreu no mês de maio em regiões produtoras do Nordeste como Irecê na Bahia.
Contudo, a oferta da hortaliça de produção nacional foi em volume e distribuição sazonal, o que permitiu manter o mercado aquecido que, por um lado, permitiu o crescimento das importações, mas também garantiu rentabilidade ao produtor.
Produtividade
De modo geral, as produtividades nas diferentes regiões produtoras de cebola no País tiveram importante incremento em tecnologias em função dos bons resultadas que os produtores conseguiram na safra anterior, que ao encontrar condições climáticas favoráveis, como as que ocorreram no Sul do País, contribuíram para que 2019 fosse um ano de boa produção da cultura.
Outro aspecto importante a destacar é a forte escalada de especialização que vem ocorrendo nas unidades de produção de cebola no país, trazendo contribuições para um maior equilíbrio entre oferta e demanda da hortaliça.
Importação e exportação
Em 2019, o Brasil importou 211,52 mil toneladas de cebola, a um custo de US$ 52,47 milhões. Os países fornecedores foram a Argentina, Holanda, Espanha, Chile, Peru, Uruguai e Nova Zelândia.
As condições favoráveis do mercado interno brasileiro em 2019 favoreceram a entrada de produto importado. As importações cresceram significativamente em relação a 2018, quando o País importou pouco mais de 117 mil toneladas a um custo total de US$ 33,92 milhões, conforme dados do Siscomex/ME.
No mercado mundial de cebola destacam-se como principais países exportadores a Índia, Holanda, China, México e Espanha, que juntos exportaram 6,25 milhões de toneladas em 2017, com valor movimentado de aproximadamente U$$ 30 bilhões.
Por outro lado, os principais países importadores são Malásia, EUA, Emirados Árabes, Rússia e Japão (FAO). O Brasil também é um importante importador de cebola. Em média, nos últimos 10 anos foram importadas 187 mil toneladas para atender a demanda interna desta hortaliça.
O Brasil está entre os 10 maiores produtores mundiais de cebola, com uma produção de 1.549.597 t na safra 2018, cultivadas numa área de 48.629 ha e rendimento médio de 31,95 t/ha. O valor bruto da produção neste ano está estimado em R$ 1,5 bilhão.
Custo e rentabilidade
No Sul, principal região produtora de cebola, com mais de 50% da produção nacional, predomina a produção em pequenas propriedades, com áreas de até 10 hectares em sistema de transplante de mudas e emprego mão de obra familiar, com contratação esporádica para o plantio e colheita.
Nesta região, a maior parte da produção é armazenada e comercializada durante pelo menos cinco meses. Os custos de produção são menores do que nas demais regiões, ficando entre R$ 15.000,00 e R$ 25.000,00 por hectare.
Já nas regiões sudeste, centro-oeste (GO) e parte do nordeste (BA) os custos de produção são maiores, superando, em muitos casos, R$ 50.000,00/ha, em função do maior nível tecnológico empregado com o uso de sementes híbridas, irrigação por pivô central (ou gotejamento na BA) e mecanização intensa.
A rentabilidade da atividade e o retorno do investimento são bastante variáveis, por se tratar de uma hortaliça com grande sensibilidade à “lei da oferta e demanda”, apresentando grandes oscilações de preços no mercado e, consequentemente, no retorno econômico no decorrer das safras.
Perspectivas e desafios para 2020
No primeiro quadrimestre do ano, o mercado nacional deverá ser abastecido basicamente pela produção da região sul do Brasil, que deverá ter uma das maiores e melhores safras dos últimos anos.
O mercado nacional será abastecido basicamente pela produção do Sul do Brasil no primeiro quadrimestre do novo ano. Nesse sentido, o volume expressivo da produção exigirá de parte da cadeia produtiva e dos produtores, de modo especial, um bom escalonamento da comercialização, de modo a evitar oferta elevada e incompatível com a demanda do mercado em determinados períodos.
A dinâmica da comercialização da safra do Sul do País, possivelmente demonstre a necessidade de que a cadeia produtiva e as agências públicas de pesquisa e assistência técnica coloque em pauta a necessidade de atualizar e realizar pesquisas na área de armazenamento de cebola, visto que as perdas econômicas podem ser significativas quando o setor enfrenta safras acima das previsões.
Por outro lado, diversas inovações tecnológicas em construções, bem como de alternativas energéticas para controle de temperatura e outros componentes de ambiente, podem viabilizar economicamente os investimentos necessários a melhor segurança comercial para quem produz e importante redução de perdas e desperdícios da produção.
Autoria:
Jurandi Teodoro Gugel – Engenheiro agrônomo e analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da EPAGRI/CEPA – jurandigugel@epagri.sc.gov.br
Claudinei Kurtz – Engenheiro agrônomo, doutor em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas e pesquisador da Epagri/Estação Experimental de Ituporanga – kurtz@epagri.sc.gov.br
Daniel Rogério Schmitt – Engenheiro agrônomo, mestre, líder do Projeto de Horticultura e gerente regional da Epagri de Rio do Sul – danielschmitt@epagri.sc.gov.br