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Cerrado – A fosfatagem ideal para cada tipo de solo

Autores

Leandro Pereira dos Santos
Graduando em Engenharia Agronômica e coordenador de Ensino do G-Fert
Pedro Augusto Silva Fernandes
Graduando em Engenharia Agronômica e presidente do G-Fert.
Leandro Flávio Carneiro
Doutor e professor – Departamento de Ciências Agrárias (DCIAG) UFSJ – campus Sete Lagoas (MG)
leandro.ufvjm@hotmail.com
Fotos Shutterstock

Os solos tropicais apresentam deficiência de fósforo (P) por natureza, e grande capacidade de retenção de P quando adicionado via fertilizantes, sendo imprescindível o uso de fertilizantes fosfatados para a obtenção de uma produção satisfatória. Essa característica tem relação direta com a produtividade das culturas, afetando os custos de produção e o retorno econômico.

O fósforo (P) é um elemento vital para o estabelecimento das culturas, estando envolvido na formação de raízes, na produção e qualidade dos produtos colhidos e até mesmo no aumento da resistência à pragas e doenças. Um exemplo bem simples de se visualizar é a deficiência de P nas plantas de milho, que começam a apresentar crescimento reduzido e coloração verde escura a arroxeada nas folhas mais velhas e colmos (Malavolta, 2006).

A maioria dos solos agricultáveis das regiões tropicais apresentam baixas concentrações de P disponíveis para as culturas, principalmente em solos de maiores teores de argila e de maiores concentrações de óxidos e ácidos, onde dizemos que a “fome do solo por fósforo” é maior. Isso exige do produtor um “bom” entendimento da dinâmica deste nutriente no solo.

Causas

As baixas concentrações de P no solo são devido, principalmente, à alta capacidade de retenção do fósforo nas partículas do solo, formando reações de precipitação e ligação nas argilas de alta intensidade, impedindo que este nutriente seja absorvido pelas plantas. Por consequência, esses fatores se tornam uma grande barreira para o desenvolvimento de qualquer atividade agrícola rentável sem a aplicação de adubos fosfatados (Sousa & Lobato, 2004).

Desafio

Um dos maiores desafios do manejo da fertilidade nos solos tropicais está no aumento da disponibilidade do P para as culturas, de tal forma a superar a dita “fome do solo” por fósforo. Para aumentar os níveis de fósforo no solo e, consequentemente, diminuir a competição existente entre as plantas e a fixação do solo, recomenda-se a realização da fosfatagem ou adubação fosfatada corretiva.

A fosfatagem, ou adubação fosfatada corretiva, é uma prática agrícola que tem como objetivo aumentar os teores de fósforo no solo, favorecendo o estabelecimento e o desenvolvimento das culturas, assim como aumentar a eficiência das futuras adubações fosfatadas empregadas no plantio das culturas.

Esta prática é recomendada após a correção da acidez do solo pela prática da calagem, e pode ser feita poucos dias antes do plantio da cultura. Vale destacar, ainda, a importância da calagem, que tem como um dos objetivos corrigir o pH do solo e aumentar a eficiência das adubações fosfatadas, por promover a neutralização do alumínio e do ferro, os quais são capazes de transformar o fósforo em compostos que a planta não consegue absorver (Furtini Neto et al., 2001).

Quando fosfatar

A fosfatagem é feita quando os teores de P no solo estão baixos ou muito baixos, e consiste na aplicação de fertilizantes fosfatados com o objetivo de alcançar os teores de P, interpretados como adequados, ou seja, teores próximos ao nível crítico, que proporcionam a máxima produtividade econômica.

A correção pode ser realizada de forma total ou gradual. A fosfatagem total consiste na aplicação dos fertilizantes a lanço e incorporados na camada de 0-20 cm de profundidade ou em camadas mais profundas, dependendo da disponibilidade e custo da incorporação.

A fosfatagem total não dispensa a adubação de fósforo no sulco de plantio nos cultivos sucessivos, pois o objetivo é aumentar os teores de P no solo e, consequentemente, aumentar a eficiência das sucessivas adubações fosfatadas.

A fosfatagem gradual consiste em aplicações no sulco de plantio ao longo de quatro a seis cultivos, intercalando os sulcos de plantio ao longo dos anos. É mais indicada para os produtores que não têm recursos financeiros para fazer a fosfatagem total. As doses de fósforo encontradas nos boletins de recomendação para esta prática já consideram o atendimento das exigências das culturas e mais teores excedentes que irão construir os teores de fósforo no solo ao longo dos anos.

A incorporação do fósforo, quanto mais profunda melhor, pois promove o aumento das concentrações de fosfatos em um volume maior de solo, possibilitando assim o crescimento em profundidade das raízes. A técnica resulta em uma lavoura com maior resistência a veranicos (períodos de estiagem durante a estação chuvosa acompanhada de calor intenso) e a ataques de pragas do solo, garantindo maiores produtividades das culturas.

Antes da implantação de sistemas conservacionistas de produção, como por exemplo o plantio direto, a fosfatagem total é recomendada, pois uma vez instalado o sistema, não poderá mais ser revolvido.

Fontes

As fontes recomendadas para esta prática são os fosfatos acidulados e os termofosfatos, como por exemplo, superfosfato simples, superfosfato triplo, monoamônio fosfato (MAP), diamônio fosfato (DAP) e termofosfato magnesiano, que apresentam maior eficiência agronômica em relação aos fosfatos naturais, principalmente em solos que tiveram a acidez corrigida pela prática da calagem.

Esta prática deve ser acompanhada por um engenheiro agrônomo, pois é um profissional capacitado para interpretar os teores de P no solo, bem como definir doses, modos e épocas de aplicação, ou seja, fazer o correto manejo da adubação, respeitando as particularidades de cada produtor e dos sistemas agrícolas de produção.

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