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Colheita do café exige lavouras livres de ervas daninhas

O controle eficiente dessas plantas invasoras garante a saúde e o vigor das plantas de café, garantindo uma produção mais produtiva e saborosa

Samuel Henrique Braga da Cunha
Doutorando em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
samuelhbraga@gmail.com
Túlio de Paula Pires
tuliopiresagro@gmail.com
Marcos Paulo Pacheco
mpaulo_pacheco@hotmail.com
Graduandos em Agronomia – UFLA

A colheita de café se aproxima, por isso, é muito importante manter as lavouras livres de ervas daninhas para evitar perdas na operação. O uso correto de herbicidas, seguindo orientação técnica adequada e boas práticas agrícolas, é o caminho para o cafeicultor resolver este problema e evitar resíduos na produção.

O mato alto aumenta a presença de pragas e doenças que atacam o café
Crédito: Samuel Cunha

Principais ervas daninhas

As plantas daninhas são aquelas que estão no local e momento não desejado, dessa forma, competindo por água, espaço, luz e nutrientes com a cultura de interesse. Essas plantas podem trazer diversos prejuízos às lavouras, principalmente quando se encontram na linha do cafeeiro.
Dentre alguns problemas, ela reduz o crescimento e vigor do café, bem como afeta a produtividade da lavoura, além de dificultar alguns tratos culturais, como a pulverização e a colheita, que requer uma lavoura mais limpa e livre de plantas daninhas.
Algumas, em especial, demandam mais atenção pelo fato de serem de difícil controle, seja por resistência e tolerância aos herbicidas, seja pela dificuldade no manejo químico ou mecânico. As plantas daninhas de maior dificuldade de controle, hoje, são: buva, capim-pé-de-galinha, capim-amargoso, trapoeraba, tiririca, corda-de-viola, caruru.
Além dessas, há outras, que também sempre estão presentes na maioria dos cafezais. Entretanto, ainda há um controle mais facilitado ou específico para elas, como apaga-fogo, poaia branca, erva-de-santa-luzia, picão-preto, guanxuma e melão-de-são-caetano.

Manejo sustentável

O manejo sustentável de ervas daninhas na lavoura cafeeira deve ser realizado por meio da integração de vários métodos de controle, para que haja o impedimento das mesmas sem maiores prejuízos para a lavoura e para o meio ambiente.
Para condução das ervas daninhas na lavoura, deve-se iniciar com a prevenção, passando pelo controle cultural, mecânico, físico, biológico e, nos casos mais severos, o controle químico.
Quando se fala em controle preventivo, é preciso pensar em práticas que excluam a chegada das plantas daninhas na área. Dessa forma, pode-se evitar que elas sejam introduzidas ou estabelecidas na área com medidas como a limpeza de máquinas e uso de mudas sem substrato contaminados.
O controle cultural faz uso de técnicas que favorecem o crescimento do cafeeiro em detrimento das plantas daninhas. Sendo assim, é de grande importância o manejo de plantas de cobertura na entrelinha do cafeeiro, podendo-se destacar o uso de braquiária para tal manejo.
A braquiária vai suprimir a presença de outras ervas daninhas, e trazer benefícios como menor risco de erosões, diminuição da temperatura do solo e aumento da matéria orgânica.
Assim, esse manejo vai levar a um menor uso de herbicida, uma vez que o controle químico deverá ser realizado somente na projeção da copa, a “saia do café” e a braquiária deve ser controlada por meio de roçadas mecânicas, lembrando de realizar essa roçada antes do florescimento da braquiária ou planta de cobertura.
Outro tipo de controle é o mecânico, com a eliminação mecânica das ervas daninhas, seja por meio de capinas manuais ou mecanizadas, com roçadeiras e trinchas. Existe, ainda, como grande aliado no controle mecânico, o uso de implementos, como o arado e grades na implantação da lavoura, ajudando na condução posterior das ervas daninhas.
O controle físico também é muito importante, uma vez que atua no impedimento da germinação de sementes dessas ervas daninhas. Esse controle é feito por meio de alguma cobertura do solo, seja por restos vegetais ou coberturas não vivas, como a casca de café.
Um exemplo clássico é o uso da palha da braquiária cultivada na entrelinha, que ao ser cortada é jogada para a linha do cafeeiro, atuando na supressão de plantas daninhas, entre outros benefícios.

Inovações

Uma medida inovadora que tem sido pesquisada e obtidos bons resultados é a presença de filme plástico de polietileno (mulching), que de acordo com Castanheira (2018) e Voltolini (2019), tem sido muito eficiente no controle de plantas daninhas.
Em casos mais severos, deve-se fazer o uso também do controle químico, que consiste no uso de herbicidas.
O uso desses herbicidas é amplamente difundido, por ser uma ferramenta muito eficiente, de baixo custo e que as moléculas utilizadas são de fácil aquisição. No entanto, existem algumas considerações sobre seu uso, para que seja feito de forma sustentável e sem implicações negativas ao meio ambiente.
Dentre elas, é possível citar: a época de aplicação, que deve ser feita apenas no período crítico de desenvolvimento das ervas daninhas; atentar-se e respeitar o período residual, visando evitar a contaminação dos grãos na colheita; tomar cuidado com a tecnologia de aplicação, para evitar deriva e contaminações; e racionalizar o uso dos herbicidas, fazendo aplicações somente quando realmente necessário, no período certo e utilizar herbicidas pré-emergentes para controlar o banco de sementes do solo.
Além disso, fazer o uso de rotação de mecanismos de ação e ingredientes ativos é muito importante para evitar selecionar ervas daninhas resistentes.
Dessa forma, o manejo sustentável de ervas daninhas na lavoura cafeeira deve ser feito utilizando todos os métodos citados, o que refletirá no menor uso de herbicidas, de forma a obter melhores resultados e sem agredir o meio ambiente.

Controle biológico

O método de controle biológico por alelopatia consegue manter a população de plantas daninhas em um nível baixo, sem causar danos econômicos à cultura. Esse método resulta da interação entre plantas causada por aleloquímicos ou substâncias químicas secretadas pela parte aérea ou subterrânea das plantas em desenvolvimento ou liberadas pelos resíduos em decomposição.
Ambos promovem inibição ou impedimento da germinação de sementes, redução do crescimento de plântulas e influência em processos simbióticos.
O recurso da alelopatia no controle de plantas daninhas do café se caracteriza basicamente pela utilização de cobertura morta e pelo cultivo de cobertura viva nas entrelinhas da lavoura.
A cobertura morta possibilita a redução da infestação de plantas daninhas pela competição através do efeito físico do sombreamento e pela ação de substâncias químicas lixiviadas para o solo por ação de chuvas.
Essa prática é de uso comum entre os cafeicultores, por meio do aproveitamento da vegetação de plantas daninhas e de espécies cultivadas nas entrelinhas que são cortadas com roçadora, resultando em uma camada de palha sobre o solo.

O mato, se não bem manejado, prejudica o desenvolvimento dos grãos.

Cuidados

Herbicidas naturais ou bioherbicidas são formulados por moléculas extraídas de microrganismos e de plantas. Entretanto, existem dificuldades quanto ao seu desenvolvimento e comercialização em razão da complexidade dessas moléculas, que apresentam muita instabilidade e ocorrem em baixas concentrações nos organismos e no ambiente.
Uma forma clássica de controle biológico é a introdução de agentes parasitas, predadores ou patógenos na população de plantas daninhas com o objetivo de manter seu nível abaixo do dano econômico, havendo um equilíbrio de interação entre a população do agente biológico e a população de plantas daninhas.
Um exemplo de aplicação desse método é a realização do controle inundativo, em que, de forma massiva, são lançados fungos ou bactérias sobre uma população de plantas daninhas, diminuindo a sua ocorrência.
Outra maneira é a introdução de agentes, como insetos predadores da ordem Díptera, Coleóptera, Lepidóptera e Hemíptera numa população de plantas daninhas, para diminuir o seu nível populacional e sua pressão de expansão, cujo controle está ocorrendo de forma prática e bem-sucedida em países como EUA, Austrália, Canadá e Havaí.

Manejo agroecológico

O manejo agroecológico de plantas daninhas da cultura do café, em razão dos impactos ambientais causados pela escolha e aplicação inadequadas de métodos de controle das plantas daninhas, pode ser incrementado com a formulação e aplicação de herbicidas naturais, porém, exigindo-se um maior direcionamento das pesquisas e maior atração para investimentos financeiros, tornando viável sua produção e utilização.
O controle integrado das plantas daninhas do café consiste na união de todos os tipos de controle, aplicados de forma combinada, sucessiva e rotativa num determinado tempo e espaço, considerando as condições da lavoura e a execução das demais práticas agrícolas.
Deve-se priorizar a realização de diferentes controles com o objetivo de aproveitar os recursos disponíveis e conseguir maior eficácia, redução dos custos e obtenção da máxima segurança para o homem e de mínimo prejuízo ao ambiente.

Alerta

As plantas daninhas podem afetar diretamente a produtividade do café, ao comprometerem as plantas ou, em casos mais drásticos de descontrole, matar os pés. Quando não há controle de plantas daninhas no cafeeiro, os pés recém-plantados podem sofrer o retardamento no crescimento, muitas vezes sem volta.
Isso porque as ervas, em grande quantidade, capturam os nutrientes que deveriam ser absorvidos pelas plantas nesta fase. Como se sabe, todo organismo desnutrido está mais propenso a doenças e a danos provocados por agentes externos, como as pragas.
É fácil perceber como o descontrole das plantas daninhas pode gerar danos em cadeia ao cafeeiro. Além dos fungos, o mato alto também aumenta a presença de pragas que atacam as plantas e ainda são vetores de outras doenças, logo, prejudicam a formação de grãos, visto que plantas de café, quando expostas a ambientes estressantes, tendem a acelerar o ciclo, consequentemente, produzindo grãos menores, incompletos.
Vale ressaltar que grãos de café de peneira menor têm menor quantidade de açúcares, corroborando em menor qualidade, assim, contribuindo para um menor valor de mercado, diminuindo a lucratividade do cafeicultor.
Um exemplo prático de plantas daninhas no cafeeiro é a corda de viola (Ipomoea purpurea), de hábito trepadeira. Quando a lavoura se encontra com alta pressão desta daninha, acaba por favorecer um microclima mais úmido e a cercosporiose (Cercospora coffeicola).


Orientações técnicas

As boas práticas agrícolas procuram aumentar a produtividade da lavoura e reduzir prejuízos à saúde humana, aos trabalhadores rurais e ao meio ambiente. É uma das formas mais efetivas de aumentar a rentabilidade em todo o processo e evitar desperdícios.
Vale ressaltar os cuidados a serem tomados na aplicação dos herbicidas, como, por exemplo, os equipamentos utilizados devem estar em perfeitas condições de trabalho, com regulagem adequada e as revisões em dia.
Ainda, é importante o armazenamento adequado dos herbicidas, manuseio, preparo de calda, transporte, condições climáticas e, por fim, a utilização do equipamento de proteção individual (EPIs).

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