Rozimar de Campos Pereira
Pós-doutora em Entomologia e professora – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
rozimar@ufrb.edu.br
No controle sistemático, recomendado apenas na etapa de pré-plantio, doses de isca granulada (5,0 g a 10 g) são distribuídas em pontos equidistantes entre si, de maneira a cobrir toda a área a ser tratada. Em regiões com alta umidade relativa do ar ou alta incidência de chuvas é recomendado o uso de micro-porta-isca. Em regiões de clima seco, pode-se utilizar isca a granel.
Já no controle localizado, a isca é aplicada apenas se forem localizados os ninhos de formigas cortadeiras ou plantas atacadas por formigas. Para a localização de ninhos de formigas cortadeiras, recomenda-se utilizar a metodologia a seguir, para exame de toda a área de plantio, conforme Reis Filho et al. (2015):
– Pré-colheita: uma pessoa deve avaliar até seis linhas de plantio de cada vez (= 5 “ruas”), caminhando na entrelinha do meio, se não houver sub-bosque. A avaliação de um número maior de linhas de plantio de cada vez pode prejudicar a visualização dos ninhos. Quando houver sub-bosque, uma pessoa deve avaliar quatro linhas (= 3 ruas), no máximo.
– Pós-plantio: uma pessoa deve avaliar até quatro linhas (= 3 ruas), caminhando na entrelinha do meio, para visualizar adequadamente os ninhos ou plantas atacadas.
– Manutenção: uma pessoa deve avaliar até seis linhas de cada vez (= 5 ruas), dependendo da possibilidade de visualização.
Aplicação de isca
Recomenda-se seguir as orientações de dosagem e aplicação indicadas na bula do produto. A seguir, são apresentadas algumas recomendações específicas, conforme Reis Filho et al. (2015):
– Aplicar de 5,0 a 10 g de isca por ninho (micro-porta-isca ou a granel, conforme a condição climática), para o controle das quenquéns que fazem ninhos de monte-de-cisco (como é o caso da espécie A. crassispinus – quenquém-de-cisco) ou de terra solta (como é o caso da espécie Acromyrmex subterraneus – quenquém-mineira), mantendo uma distância mínima de 40 cm entre os olheiros tratados. Recomenda-se aplicar uma única dose, se a distância entre dois olheiros ativos for menor que 40 cm.
– Recomenda-se aplicar 10 g de isca por m2 de terra solta (micro-porta-isca ou a granel, conforme a condição climática), em ninho de saúva com mais de um olheiro (acima de 1,0 m2 de terra solta).
Calcular a área do ninho, com base no maior comprimento e a maior largura do monte de terra solta, multiplicando as duas medidas, para estimar a quantidade de isca a ser aplicada próximo a todos os olheiros ativos.
Por exemplo, um ninho que apresenta 5,0 m de largura por 10 m de comprimento tem uma área de 50 m2. Nesse caso, será necessário aplicar 500 g de isca, estabelecendo-se uma dose de isca por olheiro ativo.
Dicas importantes
A isca deve ser aplicada ao lado da trilha de forrageamento das formigas (caminho por onde as formigas transitam), de preferência próximo aos olheiros de alimentação. Nunca interromper o fluxo das formigas e nunca colocar a isca em cima da trilha de forrageamento ou em cima do ninho.
A isca deve ser encontrada pelas formigas, por acaso. Se a isca estiver em cima da trilha, as formigas poderão não carregá-la para o ninho e apenas retirá-la da trilha durante as atividades de manutenção.
Somente utilize produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Não aplicar iscas a granel em dias chuvosos, pois elas não toleram umidade, podendo mofar. Se isto acontecer, as formigas não irão carregar a isca para seus ninhos.
As quenquéns não forrageiam quando a temperatura é inferior a 10 – 11°C ou quando a umidade relativa do ar é inferior a 40%. Evitar realizar a aplicação de isca nessas condições, para garantir o máximo da coleta de isca pelas formigas.
Se o controle não for efetivo, ou seja, se houver atividade de forrageamento alguns dias após a aplicação da isca, deve-se reaplicar o formicida, porém, com uma outra formulação, pois a formiga não aceita a mesma isca em um prazo de, pelo menos, 120 dias da sua aplicação.
Não manipular a isca sem luvas apropriadas, pois trata-se de um inseticida que pode oferecer risco à saúde do operador e, além disso, a manipulação sem luvas pode fazer com que as formigas rejeitem e devolvam a isca.
O mesmo pode acontecer se a isca for armazenada com produtos que repelem as formigas (combustível, solventes, graxa e similares).
O uso de EPIs (equipamentos de proteção individual) se torna indispensável aos trabalhadores envolvidos na aplicação de produtos químicos.
Alternativas
Além de isca granulada, o controle localizado pode ser realizado utilizando pó seco ou termonebulização. No entanto, ambos métodos possuem restrições operacionais. O uso de pó seco é recomendado somente para o controle de espécies de formigas cujos ninhos sejam pouco profundos, e não é recomendado em dias chuvosos ou em solos úmidos, além de apresentar esforço físico, pois a aplicação é realizada com polvilhadeira manual.
Já a termonebulização, apesar da alta eficiência, especialmente no controle de sauveiros grandes, apresenta desvantagens operacional e econômica, pois requer o transporte e manutenção do equipamento (termonebulizador) e formulação especial do formicida, que atualmente está escasso no mercado.
Sítios específicos
Deve-se buscar como estratégia, integrar métodos de controle e realizar o monitoramento no campo para melhorar a eficiência do controle, uma vez que os métodos modificam com a espécie a ser controlada, com a época do ano, o tamanho do formigueiro e a idade das plantas atacadas.
O primeiro passo a ser observado é a identificação taxonômica da espécie de forma correta, priorizando as que apresentam no local maior abundância e densidade na área, em seguida, a espécie plantada e a idade do plantio.
Além destes fatores, há de se conhecer as características comportamentais e biológicas destas espécies, já que as formigas cortadeiras são insetos de difícil controle, pois possuem diversos recursos para reduzir a ação de compostos químicos prejudiciais a elas, ao fungo ou a ambos.
A favor do eucalipto e pinus
O controle realizado de maneira eficiente pode evitar mortalidade de mudas, diminuindo assim a necessidade de replantio. Aumenta-se a produtividade média das espécies plantadas, uma vez que a desfolha é minimizada.