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Formiga cortadeira no mogno africano: como funciona o controle?

Crédito Depositphotos

Lísias Coelho
Ph.D. e professor de Silvicultura – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
lisias@ufu.br

A formiga cortadeira é uma praga muito comum no campo, principalmente em florestas de mogno africano. Dependendo da intensidade do ataque, elas podem trazer grandes prejuízos ao plantio. Dessa forma, silvicultores e produtores rurais, preocupados com a saúde da lavoura, estudam formas de controlar o ataque das formigas cortadeiras e cupins.

Características

As formigas cortadeiras pertencem a dois grandes grupos – as saúvas (Atta spp.) e quenquéns (Acromyrmex spp.) – e devem ser controladas durante todo o ciclo de cultivo do mogno africano.

Os sauveiros são mais fáceis de encontrar por causa dos montes de terra solta, enquanto as quenquéns fazem seus ninhos cobrindo-os com restos de palhada (folhas e outros detritos), são menores e mais difíceis de encontrar.

A área de forrageamento, onde as formigas buscam seu alimento, é bem extensa para saúvas, podendo chegar a 300 metros de distância do ninho. As quenquéns exploram uma área menor, porém, o dano causado é semelhante.

Florestas de mogno africano

As formigas utilizam as folhas para produzir seu alimento dentro dos ninhos. Seu ataque ocorre em qualquer fase do desenvolvimento do mogno – desde a muda até a planta adulta. As formigas cortam as folhas e as transportam para o ninho, onde serão distribuídas nas câmaras do formigueiro e processadas para produzir seu alimento (um fungo).

Danos

Os danos causados dependem da intensidade do ataque e, também, da fase de desenvolvimento das plantas. Na fase inicial, as formigas podem desfolhar completamente várias mudas em uma noite. Árvores adultas são desfolhadas em poucos dias… e este ataque ocorre continuamente durante todo o ciclo das plantas. 

Como os plantios de mogno africano são menos adensados, com menos plantas por hectare, os prejuízos se tornam mais acentuados. Algumas mudas desfolhadas e com a gema apical cortada já precisam ser replantadas com a maior brevidade possível (dentro do mesmo período chuvoso), uma vez que atrasos no replantio refletem em atrasos no crescimento e desuniformidade do talhão plantado.

Como as formigas “trabalham” continuamente, se não forem controladas, causarão um enorme prejuízo até mesmo em plantas adultas. Em qualquer fase do desenvolvimento do mogno africano, se a planta for desfolhada consecutivamente por três vezes, ela não terá energia para continuar se desenvolvendo e poderá morrer devido aos ataques.

Formas de controle

O controle deve ser planejado e efetuado antes mesmo do plantio – esta é uma das operações iniciais mais importantes. Após a divisão dos talhões e abertura das estradas, e antes de qualquer preparo do solo, é muito importante procurar os ninhos de saúvas por toda a área para seu controle.

Esta fase de controle não pode se limitar à área de plantio – precisa ser feita na reserva legal, nas Áreas de Preservação Permanente, e nos vizinhos. Nestes, já é suficiente buscar formigueiros até 50 m de distância da cerca.

Neste combate inicial, os montes de terra solta devem ser medidos para estimar a sua área, a fim de dosar o formicida corretamente e, de fato, eliminar estes formigueiros. Após o preparo do solo (aração, gradagem, adubação) e plantio, é extremamente importante ter operários fazendo a ronda, que é a busca por formigueiros ativos. Esta atividade é muito focada nas mudas recém-plantadas.

Este operário anda nas linhas de plantio observando se há mudas cortadas por formigas. Ao encontrar mudas danificadas, ele procura o carreador (caminho) que as formigas utilizam para transportar as folhas cortadas, até encontrar o ninho. Neste momento, ele deve avaliar o tamanho do ninho para dosar o formicida e aplicá-lo corretamente ao lado do carreador.

Iscas

Crédito Lísias Coelho

O método de controle mais comum é o uso de iscas formicidas. Estas contêm o inseticida misturado em algum material muito atrativo para as formigas, como a polpa de citros. Existem excelentes opções no mercado, e o sucesso do controle se dará pela dosagem correta (veja a orientação na embalagem do produto), que é feita com base na área do formigueiro.

A principal limitação para o uso das iscas formicidas é a dificuldade de uso no período chuvoso, apesar de alguns fabricantes já terem opções mais seguras para este uso. Também são necessários cuidados no armazenamento e no manuseio destas iscas.

Se estas se impregnarem com resíduos de outros produtos, ou gases de combustíveis, elas perderão a atratividade e não serão transportadas para o formigueiro, se tornando ineficazes.

Alternativas

Outra opção para o período chuvoso, ou para um controle imediato é o uso de termonebulizadores. Estes equipamentos utilizam inseticidas formulados especificamente para seu uso.

Neste caso, é preciso identificar os “olheiros” dos sauveiros que as formigas utilizam para levar as folhas cortadas – estas são as “avenidas” que levam ao centro do formigueiro, onde estão as câmaras de alimentação e a rainha.

A fumaça é direcionada nestes olheiros, e os operários vão tampando os olheiros por onde a fumaça começa a escapar. Esta operação dever ser feita em dois ou três olheiros de alimentação, distribuídos ao redor do monte de terra solta, para que seja eficiente e elimine este formigueiro.

Dicas importantes

A intensidade do controle diminui com o crescimento das árvores. Nos três primeiros meses, é ideal que a área plantada seja visitada a cada dois a três dias e, toda vez que se encontrar muda cortada por formigas, localizar o formigueiro e aplicar o formicida.

A próxima fase, de três a seis meses, a vistoria passa a ser semanal, até que se torne quinzenal; depois disto, até completar um ano do plantio, é muito importante que sejam feitas vistorias mensais.

Com um ano de idade, as árvores já toleram um pouco mais o ataque e duas vistorias por ano devem ser suficientes, especialmente se houve um bom controle inicial. Após os três anos de idade, vistorias e controle anuais são suficientes para garantir a sanidade da plantação.

Nunca se pode esquecer de vistoriar e controlar as formigas na faixa de defesa (50 metros além da cerca).

Custo envolvido

O controle com termonebulizador exige a aquisição do equipamento e de inseticidas termonebulizáveis, portanto, tem um investimento inicial (equipamento) mais elevado. Usado corretamente, elimina os formigueiros rapidamente, e pode ser utilizado durante todo o ano.

O controle com iscas formicidas demanda mão de obra continuamente, e as iscas podem estragar se não forem armazenadas e manuseadas corretamente. Além disto, durante o período chuvoso, seu uso é mais restrito.

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