Bioativadores: como funcionam? Quais os tipos disponíveis no mercado?
Bioativadores são substâncias que modificam, estimulam ou inibem processos metabólicos das plantas e auxiliam no equilíbrio fisiológico da planta e na sua proteção aos agentes abióticos (como temperatura e umidade). Veja mais informações no artigo abaixo.
Por Nilva Terezinha Teixeira
Engenheira agrônoma, doutora em Solos e Nutrição de Plantas e professora de Nutrição de Plantas, Bioquímica e Produção Orgânica do Centro Universitário do Espírito Santo do Pinhal (Unipinhal)
nilvatteixeira@yahoo.com.br
A produtividade das culturas depende de condições ambientais e do metabolismo das plantas, aspectos que estão interligados. Através das atividades metabólicas, as plantas formam os carboidratos, por meio da fotossíntese, e os empregam para produzir as proteínas, óleos e outros compostos, com o concurso dos nutrientes empregados na adubação ou naturais do solo, e obtém energia para o enraizamento, desenvolvimento vegetativo, florescimento, frutificação, etc.
Para tanto, a respiração, composta pelo chamado ciclo de Krebs e cadeia respiratória, são processos importantes. Porém, tem que se lembrar que outras sequências metabólicas ocorrem nas plantas, levando à formação de substâncias fundamentais para o crescimento e produção dos vegetais.
Porém, para as atividades metabólicas ocorrerem de forma equilibrada, a nutrição e condições ambientais são importantes e podem limitá-la. Falta ou excesso de água, temperaturas altas ou baixas podem prejudicar a performance vegetal.
Solução
Para ativar ou modificar o metabolismo das plantas ou, mesmo por exemplo, minimizar os efeitos negativos de baixas ou altas temperaturas ou de seca, uma possibilidade é a inclusão dos chamados bioativadores que, quando utilizados, minimizam problemas de fatores ambientais inadequados. Mas, o que são os bioativadores?
Por bioativadores compreendem-se substâncias que modificam, estimulam ou inibem processos metabólicos das plantas e auxiliam no equilíbrio fisiológico da planta e na sua proteção aos agentes abióticos (como temperatura e umidade).
É necessário que se diferencie biorreguladores, bioestimulantes e bioativadores, substâncias todas muito empregadas na agricultura, na busca por estimular enraizamento, desenvolvimento e produtividade.
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Bioativadores: entenda melhor
Biorreguladores, ou reguladores vegetais, são produtores similares aos hormônios naturais dos vegetais, como as auxinas, giberelinas e etileno, entre outros. Quando aplicados nas plantas em baixas concentrações, promovem, inibem ou modificam processos morfológicos e fisiológicos, como germinação, enraizamento, floração e frutificação.
Porém, a resposta à sua aplicação depende de inúmeros fatores, como a espécie, o estágio de desenvolvimento da cultura, concentração e fatores ambientais, entre outros.
Por bioestimulantes se entende misturas de biorreguladores, ou ainda, deles com outros compostos de outra natureza, como vitaminas, nutrientes e aminoácidos. Ou, também, aminoácidos, hidrolisados proteicos, extratos de algas ou ácidos orgânicos, usados isoladamente ou combinados.
Os efeitos benéficos dos bioestimulantes são baseados na sua capacidade de influenciar a atividade hormonal das plantas, o que regula o desenvolvimento da planta e a resposta às condições ambientais.
Já os bioativadores são substâncias orgânicas complexas, capazes de modificar o crescimento das plantas. O bioativador interfere na ativação de enzimas relacionadas ao crescimento da planta, alterando a produção de aminoácidos precursores de hormônios vegetais, aumentando a concentração de tais substâncias, o que induz nas plantas maior vigor, germinação e desenvolvimento de raízes e melhora absorção e aproveitamento dos nutrientes.
Apesar dessa diferenciação de conceitos, bioativador e bioestimulante muitas vezes são empregados como sinônimos e a oferta desses insumos no mercado é grande, usando o conceito unificado bioestimulantes/bioativador.
Mas, quais os tipos de bioativadores disponíveis para o produtor agrícola?
Extratos de algas marinhas
Os extratos de algas marinhas são ricos em composição: contam com nutrientes de plantas, hormônios semelhantes aos vegetais, glicoproteínas, como o alginato, proteínas, vitaminas e aminoácidos.
Sua aplicação pode promover aumento de resistência ao estresse hídrico e térmico e condições favoráveis ao crescimento e produção vegetal. Entre as espécies empregadas na agricultura, encontram-se: Ascophyllum nodosum, Macrocystis pyri, Durvillea potatorum, Ecklonia máxima e Lithothamnium calcareum.
Produtos à base de extrato de algas podem reduzir o estresse nas plantas e causar condições favoráveis ao seu desenvolvimento. Resultados de estudo com as algas mostram que a inclusão, em pulverização, estimula as enzimas do Ciclo de Krebs e da cadeia respiratória (onde se produz a maior parte da energia das plantas) e a fotossíntese, pois seu uso aumenta o nível de clorofilas dos vegetais.
Estudos conduzidos no Curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal, Espírito Santo do Pinhal (SP), com milho, feijão e alface, mostraram que a inclusão das algas marinhas proporcionou aumentos expressivos de produtividade.
A algas podem ser empregadas via solo, por exemplo, na semeadura no plantio de mudas, quando melhora a germinação e enraizamento, ou na fase vegetativa e reprodutiva, via foliar, quando estimula a vegetação, floração e formação de frutos e grãos e resistência aos agentes externos.
Como as algas contêm a glicoproteína alginato (que tem enorme capacidade de retenção de água), quando aplicada no solo aumenta a resistência da planta à seca. Elas podem ser aplicadas isoladamente ou associadas aos nutrientes, quando potencializa a utilização deles pelas plantas.
Aminoácidos
Os aminoácidos são matéria-prima para a síntese de hormônios vegetais: caso do triptofano precursor do ácido indolacético (AIA) e reguladores de expressão genética, interferindo na suscetibilidade e tolerância às condições adversas.
Os aminoácidos são sintetizados pelas plantas. Porém, a aplicação por meio de formulados, via foliar ou no solo, se apresenta como ferramenta para aumentar a tolerância ao estresse aos agentes bióticos e abióticos e, ainda, para recuperação de plantas depauperadas pelo frio, seca e por aplicações indevidas de produtos fitossanitários e fertilizantes.
Podem ser aplicados em tratamento de sementes, melhorando o enraizamento, e na fase vegetativa de culturas, com efeitos positivos. Ensaios conduzidos no curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal com feijão, milho e batata revelaram efeitos positivos do seu uso na produção. Em cafeeiro, o uso acarretou melhoria na qualidade de bebida.
Ácidos orgânicos
Os ácidos orgânicos, ou seja, os ácidos húmicos e fúlvicos – componentes do denominado húmus, propiciam, entre outros aspectos, melhoria nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.
Promovem a formação de agregados, o que é muito importante em solos arenosos e nos compactados. Contribuem com cargas negativas, aumentando a capacidade de troca de cátions (CTC) dos solos.
E, também, estimulam a atividade dos microrganismos do solo que liberam hormônios análogos aos dos vegetais, o que promove a formação de novas raízes das plantas. Aplicações ao longo do ciclo estimulam a atividade das enzimas do ciclo de Krebs, da cadeia respiratória e da fotossíntese: a aplicação de tais ácidos promove aumento dos teores de clorofila das plantas, todos aspectos fundamentais para o desenvolvimento e produção das culturas.
Ainda, a inclusão dos ácidos húmicos e fúlvicos proporciona aumentos na absorção iônica. Resultados experimentais obtidos no Curso de Engenharia Agronômica do UniPinhal com várias espécies, como alface e rúcula, em hidroponia, cana-de açúcar e batata baroa, no campo, mostraram benefícios de produção, quando se incluiu ácidos orgânicos no processo de produção.
Normalmente os produtos com ácidos orgânicos existentes no mercado são formulados em misturas com nutrientes e aminoácidos.
Outros aspectos dos bioativadores
É necessário esclarecer que, para a inclusão dos bioativadores/bioestimulantes existentes no mercado, deve haver recomendação técnica. Os chamados bioativadores, muitas vezes estão associados entre eles e aos nutrientes de plantas. Por isso, deve-se atentar às doses e épocas de aplicação recomendadas por especialistas.
Importante lembrar que os produtos em questão não substituem os fertilizantes. Tais insumos não são “milagrosos”, porém, são ferramentas de qualidade, quando bem empregadas.