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Como os bioestimulantes atuam no feijão?

Os bioestimulantes promovem o crescimento, desenvolvimento e produtividade do feijoeiro.

Crédito: Shutterstock

Mariana Thereza Rodrigues Viana
marianatrv@gmail.com
Harianna Paula Alves de Azevedo
harianna_tp@hotmail.com
Engenheiras agrônomas e doutoras em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)

O feijão que é uma cultura extremamente popular para o brasileiro. Está presente diariamente nas mesas, assim, a produção do grão deve ser constante para atender à demanda do mercado.

Na safra atual, houve um ligeiro aumento em área plantada com a cultura, porém, com redução na produção devido, principalmente, às adversidades climáticas, estando estimada em aproximadamente 2,9 milhões de toneladas.

Mais produtividade

Os produtores têm buscado alternativas para aumentar a produtividade das suas lavouras. Dentre vários lançamentos, os produtos à base de bioestimulantes têm chamado atenção, se mostrando bastante eficientes no cultivo de leguminosas.

Bioestimulantes são produtos compostos por ingredientes ativos como extratos de algas, aminoácidos, substâncias húmicas, vitaminas, enzimas, hormônios vegetais, microrganismos, entre outros.

São capazes de promover o crescimento das plantas, melhorar o desenvolvimento e as condições sanitárias delas. Eles diferem dos fertilizantes tradicionais, pois estimulam processos fisiológicos naturais que resultam em melhorias para as plantas.

Na cultura do feijão, os bioestimulantes melhoram a absorção de nutrientes, promovendo um crescimento saudável. Aumentam a resistência das plantas às condições adversas climáticas, como seca, temperaturas extremas e ambientes salinos.

Alguns também são capazes de fortalecer as plantas, tornando-as mais tolerantes a pragas e doenças. Com todos esses benefícios, levam ao aumento da produção e qualidade dos grãos.

Nutrição eficiente

Em relação à saúde e desenvolvimento do feijoeiro, os bioestimulantes contêm nutrientes e compostos que promovem o crescimento vegetativo, incluindo raízes, caule e folhas.

Podem ativar vias metabólicas nas plantas, trazendo melhorias na síntese de proteínas, enzimas e hormônios vegetais essenciais para o crescimento saudável. Podem aumentar a eficiência de fertilizantes com a melhoria em absorção dos nutrientes.

Trazem incremento nas defesas naturais, tornando-as mais resistentes a doenças, pragas e estresses ambientais. Além disso, melhoram a saúde do solo, promovendo a atividade de microrganismos benéficos e otimizando o crescimento da planta.

Logo de início, os bioestimulantes podem melhorar a germinação das sementes, aumentando a uniformidade e a rapidez do processo de germinação. Produtos com a combinação de giberelina, auxina e citocinina, quando utilizados no tratamento de sementes de feijão na dose de 7,0 ml.kg-1 de sementes, melhoraram, além da germinação, a produtividade e o rendimento na colheita.

Quando aumentada a dosagem para 10 ml.kg-1 de sementes, houve acréscimo no crescimento radicular e melhoria no vigor do feijoeiro. Já na dose de 13 ml.kg-1 também aumentaram as raízes e a absorção de água e nutrientes essenciais.

Combinação que deu certo

A combinação entre esses três compostos é interessante, pois as giberelinas quebram a dormência das sementes e estimulam a germinação, ativando a síntese de enzimas necessárias para esse processo.

As auxinas estimulam o crescimento do caule, promovendo o alongamento celular nos tecidos meristemáticos e, também são responsáveis pelo crescimento das raízes, promovendo a diferenciação e a elongação radicular.

E as citocininas estimulam a divisão celular, favorecendo o crescimento de tecidos meristemáticos apicais e laterais. Ao promoverem o crescimento vegetativo, aumentarem a absorção de nutrientes e fortalecerem as defesas das plantas, os bioestimulantes podem aumentar a produtividade das plantas de feijão. Isso é especialmente importante em condições desafiadoras, como solos pobres em nutrientes ou períodos de estresse ambiental.

Impactos ambientais

Além de todos os benefícios já citados, o uso dos bioestimulantes no cultivo do feijão auxilia também em termos de impacto ambiental. Com o aumento da eficiência de absorção de nutrientes, reduz a necessidade de fertilizantes químicos sintéticos, contribuindo para a redução dos residuais de solo, além da contaminação de águas superficiais e subterrâneas.

Crédito: Miriam Lins

Por fortalecerem as defesas das plantas, também há diminuição no uso de produtos contra pragas e doenças, que são potencialmente prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana.

A melhoria na qualidade do solo, com o aumento da matéria orgânica e atividade de microrganismos, ajuda a reduzir a erosão do solo e aumentar a retenção de água e nutrientes, além de contribuir para a preservação da biodiversidade do solo e, também de ecossistemas no entorno.

Porém, é importante salientar que a aplicação de bioestimulantes deve estar atrelada a outros manejos sustentáveis para que haja o mínimo impacto ambiental.

Primeiros passos

Antes de iniciar a utilização dos bioestimulantes, os agricultores devem definir seus objetivos, como aumentar produtividade, melhorar qualidade, reduzir uso de insumos, entre outros, para assim determinar o bioestimulante mais adequado para o seu objetivo.

É importante entender que os bioestimulantes disponíveis no mercado hoje possuem diferentes origens e formulações. Assim, deve-se sempre consultar especialistas para fazer a escolha correta.

Outro ponto a se considerar é a compatibilidade com outros produtos e práticas agrícolas, como fertilizantes, inseticidas, fungicidas, irrigação, etc. Os produtos com bioestimulantes devem ser registrados para uso na cultura, e o agricultor deve seguir as recomendações de dosagem e aplicação segundo o fabricante.

Interessante, após a aplicação, manter uma avaliação regular da cultura, para ajustar as práticas conforme a necessidade da lavoura e maximizar os resultados.

Pesquisas

A pesquisa tem desempenhado um papel crucial na ascensão dos produtos com bioestimulantes, trazendo formulações mais eficazes e melhorias em aplicabilidade deles, não só no cultivo do feijão, mas de várias outras culturas.

A pesquisa pode ajudar a encontrar novos ingredientes ativos com propriedades bioestimulantes e auxiliar a otimizar as formulações já existentes para melhorar dosagens, compatibilidade e estabilidades dos produtos.

Ademais, ainda falta compreender melhor como funcionam seus efeitos nas plantas e no solo. Assim, a pesquisa pode levar ao desenvolvimento de produtos mais direcionados e eficazes.

Ainda, podem adaptar os bioestimulantes às condições específicas de tipos de solo, climas e sistemas de cultivo, garantindo que os produtos sejam eficazes em uma variedade de ambientes, além de monitorar, a longo prazo, seus efeitos nos sistemas e na sustentabilidade agrícola.

Culturas beneficiadas

Crédito: Sebastião de Araújo

Além do feijão, os bioestimulantes têm sido amplamente utilizados em uma variedade de cultivos, como milho, trigo, arroz, cevada e aveia. Entre os efeitos, são promotores de crescimento, aumentam a produtividade e a qualidade dos grãos.

Soja, girassol, canola e algodão aumentam a produção de óleo e a resistência aos estresses bióticos e abióticos. Em tomate, alface, cenoura, batata, pepino e pimentão podem promover o desenvolvimento das plantas, aumentar o teor de nutrientes e melhorar a resistência a doenças e pragas.

Em geral, os bioestimulantes têm sido amplamente utilizados em uma variedade de cultivos agrícolas com sucesso, oferecendo benefícios que incluem maior produtividade e qualidade dos produtos, além da resiliência a condições adversas.

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