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quarta-feira, maio 1, 2024
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Controle biológico no manejo de pragas do eucalipto

Descubra como o controle biológico está transformando a silvicultura.

Neilton Antônio Fiusa Araújo
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia e pesquisador na área de controle biológicos e formulações de microrganismos
neilton.fiusa@gmail.com

O eucalipto, uma árvore de rápido crescimento amplamente cultivada por suas qualidades madeireiras, também é suscetível a várias pragas que podem comprometer sua saúde e produtividade. O manejo biológico surge como uma estratégia promissora para controlar essas pragas de forma mais sustentável e eficaz.

Crédito: Depositphotos

A seguir são listadas algumas das principais pragas do eucalipto que podem ser controladas pelo manejo biológico:

• Pasta cidreira (Ctenarytaina eucalypti): uma das pragas mais prejudiciais para o eucalipto, a pasta cidreira se alimenta das folhas, causando danos consideráveis. Insetos parasitoides, como a vespinha parasitoide Psyllaephagus bliteus, têm mostrado eficácia em controlar as populações da pasta cidreira, ajudando a reduzir a pressão dessa praga.

• Borers (Phoracantha spp. e Glycaspis brimblecombei): as larvas de besouros brocas e percevejos podem causar danos extensos perfurando galerias nas cascas do eucalipto. O uso de nematoides entomopatogênicos, como o Steinernema carpocapsae, tem demonstrado sucesso no controle biológico dessas pragas, ajudando a reduzir as infestações.

• Psilídeo do eucalipto (Glycaspis brimblecombei): este inseto sugador de seiva pode causar desfolha severa e prejudicar o crescimento do eucalipto. Predadores naturais, como joaninhas e larvas de crisopídeos, têm sido usados para controlar as populações do psilídeo de forma biológica.

Lagartas desfolhadoras (Thaumetopoea spp.): lagartas defolhadoras, como Thaumetopoea pityocampa, podem causar danos significativos às folhas do eucalipto. Baculovírus e outros patógenos específicos têm sido investigados como agentes de controle biológico dessas lagartas, minimizando os danos às árvores.

Broca do ponteiro (Phytophthora spp.): essa doença fúngica afeta as pontas das árvores jovens de eucalipto, causando danos severos. A introdução de fungos benéficos, como Trichoderma spp., pode ajudar a competir com os patógenos e promover um ambiente mais saudável para o eucalipto.

Pulgões (Hemiptera spp.): pulgões podem se alimentar dos brotos e folhas jovens do eucalipto, prejudicando o crescimento saudável. A liberação controlada de insetos predadores, como joaninhas e crisopídeos, pode controlar as populações de pulgões de maneira natural.

Integração de métodos de manejo

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) surge como uma estratégia crucial no cultivo do eucalipto. O manejo biológico dessas pragas do eucalipto envolve a introdução ou aumento da população de inimigos naturais desses insetos e patógenos.

Esse método sustentável ajuda a manter o equilíbrio dos ecossistemas e reduz a necessidade de pesticidas químicos, protegendo tanto as árvores de eucalipto quanto o meio ambiente circundante.

Embora o manejo biológico ofereça uma abordagem promissora, é importante ressaltar que sua eficácia pode variar com base em fatores climáticos, ambientais e geográficos. Portanto, é fundamental realizar pesquisas contínuas e adaptar estratégias de manejo para garantir o sucesso do controle biológico das pragas do eucalipto.

Etapas

Na abordagem do MIP no controle biológico do eucalipto, é necessário pensar em estratégias para enfrentar as pragas de maneira eficaz, mantendo a integridade ambiental e a produtividade das plantações. Esse processo envolve diversas etapas interligadas:

Monitoramento e identificação de pragas: o ponto de partida é o monitoramento constante das áreas de cultivo de eucalipto. Esse processo visa identificar as pragas presentes e determinar a extensão de sua disseminação. A identificação precisa das pragas é essencial para selecionar as estratégias de controle apropriadas.

Estabelecimento de limites de ação: com base nas informações do monitoramento, os limites de ação são estabelecidos. Esses limites definem os níveis populacionais de pragas que, quando atingidos, desencadeiam a implementação das medidas de controle. Esse critério orienta a tomada de decisões e garante uma intervenção oportuna.

Controle biológico específico: o MIP valoriza a introdução de inimigos naturais específicos do eucalipto, como parasitoides e predadores, que têm a capacidade de atacar as pragas-alvo. Por exemplo, para lidar com a pasta cidreira, pode-se adotar a estratégia de liberar a vespinha parasitoide Psyllaephagus bliteus.

Conservação de agentes biológicos: além da introdução de inimigos naturais, é crucial promover um ambiente propício para que esses agentes biológicos prosperem. Isso pode envolver a preservação de habitats naturais, a redução do uso de pesticidas de amplo espectro e a adoção de práticas agrícolas que favoreçam a presença desses aliados naturais.

Medidas culturais e físicas: essas táticas podem abranger a escolha de variedades mais resistentes a pragas, a implementação de podas estratégicas, a adoção de rotação de culturas e  o uso de barreiras físicas para evitar a disseminação das pragas.

Monitoramento contínuo e avaliação: após a implementação das estratégias de controle, o monitoramento permanente é essencial. Isso permite avaliar a eficácia das ações tomadas e fazer ajustes conforme necessário. A avaliação contínua garante que as pragas permaneçam abaixo dos níveis críticos de ação.

Adaptação e aprimoramento: o MIP é uma abordagem adaptativa, onde as decisões são informadas pelas informações coletadas no monitoramento e na avaliação. A capacidade de ajustar as estratégias de controle com base em dados concretos é fundamental para o sucesso a longo prazo do MIP no controle biológico do eucalipto.

Inimigos naturais

No controle biológico do eucalipto, vários inimigos naturais têm sido utilizados com sucesso para combater pragas específicas. Esses agentes biológicos desempenham um papel crucial ao ajudar a manter as populações de pragas sob controle de maneira sustentável.

Alguns dos inimigos naturais mais utilizados incluem:

Psyllaephagus bliteus (vespinha parasitoide): é uma vespinha parasitoide altamente eficaz no controle da pasta cidreira (Ctenarytaina eucalypti), uma das pragas mais destrutivas do eucalipto. Essa vespinha deposita seus ovos nas ninfas da pasta cidreira, e as larvas emergentes se alimentam do hospedeiro, levando à sua morte. O Psyllaephagus bliteus desempenha um papel crucial na redução das populações da pasta cidreira, contribuindo para minimizar os danos às folhas e promovendo a saúde geral das árvores de eucalipto.

Cryptolaemus montrouzieri (joaninha-australiana): a Cryptolaemus montrouzieri, conhecida como joaninha-australiana, é um predador natural utilizado para controlar o psilídeo do eucalipto (Glycaspis brimblecombei), um inseto sugador de seiva que afeta negativamente o crescimento e a saúde das árvores. As larvas e os adultos da joaninha-australiana se alimentam vorazmente das ninfas do psilídeo, reduzindo significativamente suas populações. Esse predador é particularmente eficaz no controle do psilídeo devido à sua capacidade de consumir grandes quantidades dessa praga.

Nematoides entomopatogênicos (Steinernema spp.): dentre os agentes de controle biológico do solo, os nematoides entomopatogênicos, como o Steinernema carpocapsae, são empregados para combater borers e outras pragas subterrâneas que afetam as raízes das árvores de eucalipto. Esses nematoides parasitam as pragas, liberando bactérias que causam a morte do hospedeiro. O Steinernema carpocapsae, por exemplo, é específico para larvas de insetos, incluindo larvas de borers, interrompendo seu ciclo de vida no solo.

Crisopídeos (Neuroptera spp.): no contexto do eucalipto, várias espécies de crisopídeos, como Chrysoperla externa, têm sido empregadas para combater pragas que podem afetar o crescimento e a vitalidade das árvores. As larvas e os adultos dos crisopídeos se alimentam ativamente das pragas, reduzindo suas populações e contribuindo para um ambiente mais saudável nas plantações de eucalipto.

A introdução e promoção desses inimigos naturais no controle biológico do eucalipto exemplificam a eficácia de estratégias sustentáveis baseadas em interações naturais para proteger as plantações e preservar a saúde do ecossistema circundante.

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