Luisa Beçak Egydio Martins
luisa@fazcamposeliseos.agr.br
Ana Kely Meira Volpato
anakelyvolpato@gmail.com
Graduandas em Engenharia Agronômica – Faculdade Galileu
Bruno Novaes Menezes Martins
Engenheiro agrônomo, doutor em Agronomia/Horticultura e professor das Faculdades Gran Tietê e Galileu
brunonovaes17@hotmail.com
O coró é o nome dado às larvas de besouros (ordem Coleoptera) de algumas espécies da família Scarabaeidae. São insetos polífagos, que vivem no solo e se alimentam de raízes, gerando danos significativos às plantas.
Podem atingir até 30 mm de comprimento, e ficam no solo entre 20 a 30 cm de profundidade. O período de duração da fase larval é variável, podendo ser de até oito meses. Áreas com solos pouco mobilizados tendem a apresentar maior incidência. As formas adultas geralmente possuem hábitos noturnos, sendo difícil a identificação.
As plantas afetadas pelo coró apresentam atrofiamento, escurecimento, agrupamento de folhas e murchamento, podendo evoluir até a morte. Vale ressaltar que o padrão de acometimento da lavoura é irregular, ocorrendo em pontos isolados.
Espécies
Existem diversas espécies que ocorrem nas diferentes regiões do país, e seus danos nas culturas apresentam variação de acordo com a incidência, época de atividade das larvas e fase de plantio.
A ocorrência dos danos ocorre em qualquer fase do ciclo da planta. Em casos onde as larvas de determinada espécie incidente na região estão ativas em épocas que coincidem com o estágio de desenvolvimento inicial das plantas, o estrago pode ser muito representativo, chegando a 100% da lavoura.
Cada espécie tem um ciclo reprodutivo, podendo o produtor observar danos dessa natureza em qualquer época do ano, no entanto, tem-se observado maior incidência nas culturas nos meses de maio a outubro (seca), uma vez que condições de alta umidade do solo levam à mortalidade das larvas.
Alerta
Vale destacar que os besouros que geram os corós têm ciclo de vida longo, podendo sua forma larval ocorrer anualmente, ou a cada dois anos. Esse fator contribui para grande efetividade do controle a longo prazo, uma vez que a aplicação correta do método de controle reduz substancialmente a população.
Para as primeiras semeaduras em áreas que já apresentaram incidência da praga no passado, ou que não se tem informações, é altamente recomendado que se faça o monitoramento no pré-plantio.
Controle biológico em morango
O controle de pragas deve ser feito sempre levando em conta o Manejo Integrado (MIP), que deverá ser orientado por agrônomo para garantir economia, proteção ao meio ambiente e que não gere resistência nas pragas aos produtos utilizados.
Como alternativa para o controle do coró, podemos destacar a utilização de produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que vem se destacando no mercado nos últimos anos, principalmente no controle de lepidópteros e coleópteros pragas, seja na forma de bioinseticida ou como plantas transformadas expressando toxinas desta bactéria (Bravo et al., 2011; James, 2014).
Produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis são utilizados como inseticidas, pois após a esporulação são formados cristais inseticidas que são chamados de toxinas Cry, a qual tem ação específica contra algumas espécies.
Os cristais se dissociam por conta da alcalinidade do intestino médio do inseto e liberam protoxinas que são “ativadas” por enzimas digestivas. Depois disso, as moléculas se ligam a receptores celulares da parede intestinal, causando a inativação das células do intestino do inseto.
As toxinas destroem a parede celular, fazendo com que o intestino paralise seu funcionamento, o que leva a uma falta de apetite do inseto, consequentemente, à morte da larva.
O que esperar
Apesar da grande importância do controle biológico para a cultura do morangueiro, não existe recomendação de aplicação de produtos que contenham Bacillus thuringiensis como princípio ativo. Entretanto, os corós também podem ser atingidos pelas proteínas Cry quando ativas.
Para o controle de outras pragas agrícolas, existem estudos que comprovam a eficiência quando a aplicação é feita via inoculação próxima às raízes, fazendo que o produto penetre de forma sistêmica na planta. No entanto, a pulverização ainda se destaca devido à facilidade e custo.
Existe a necessidade de pesquisas que abordem a eficiência de produtos à base da bactéria Bacillus thuringiensis no controle do coró. Entretanto, é possível destacar resultados práticos com outras pragas agrícolas. Podemos citar a utilização da tecnologia no controle de lagartas da ordem Lepidoptera, em que pode-se obter mortalidade dos insetos entre 75 e 100%.
Após a morte do inseto ocorre a liberação de mais Bacillus thuringiensis, que poderão infectar outros indivíduos.
Custo envolvido
Geralmente o custo de aplicação é baixo, e irá depender da marca do produto, concentração, volume de calda, modo de aplicação, alvo-biológico (espécie) e nível de infestação.