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Criação de abelhas: como iniciar o projeto?

Crédito: Pixabay

Na apicultura, colmeias populosas, saudáveis e produtivas em mel são sustentadas principalmente por cinco pilares que, quando trabalhados de forma adequada pelo apicultor, geram bons retornos financeiros.

O primeiro pilar é o conhecimento sobre as abelhas, pois, para se tornar um apicultor de sucesso, é necessário aprender o máximo sobre elas, seu comportamento e seu papel na natureza.

Ao conhecer o seu instrumento vivo de trabalho, o apicultor será capaz de tomar decisões que visem à melhora de sua produção. Os demais pilares são: localização dos apiários, gestão da atividade apícola, manejo produtivo das colmeias e associativismo.

A seguir estão os principais tópicos a serem considerados na criação e produção de mel pela espécie de abelha Apis mellifera.

Localização

Definir onde será posicionado o apiário é uma das decisões mais importantes do apicultor. Alguns fatores devem guiar essa decisão, que interferem nos rendimentos pretendidos, na praticidade dos trabalhos e na segurança das pessoas e outros animais.

Para se ter sucesso nesse empreendimento, o apicultor precisa levar em consideração a flora apícola, a presença de locais abrigados por árvores ou cercas-viva (conhecidos como quebra-ventos), sombreamento, topografia, condições do ambiente, facilidade de acesso e segurança.

As campeiras podem realizar a coleta de alimento num raio médio de 3 km, porém, quanto maior a proximidade das fontes florais das colmeias, maiores serão as chances de o apicultor obter uma boa produção.

Portanto, recomenda-se que a flora apícola (ou pasto apícola) seja rica e abundante num raio de 1,5 km do apiário, além de ser composta por espécies de plantas que apresentam complementaridade na floração, para que exista alimento disponível ao longo do ano.

Durante o ano, as campeiras de abelhas africanizadas podem coletar alimento em até 50 espécies de plantas diferentes.

A localização de fonte de água também é muito importante. O ideal é que ela esteja no máximo a 500 m do apiário. Caso o terreno não ofereça essa opção, é necessário fornecer água potável em bebedouros. A água é uma fonte essencial para manter o equilíbrio térmico da colônia, pois é usada para refrigerar o ninho quando a temperatura externa está muito elevada.

A localização do apiário também deve respeitar uma distância mínima de 3 km de estabelecimentos (sorveterias, aterros sanitários, lixões, lagoas de decantação de resíduos, engenho, entre outros), onde as abelhas podem coletar recursos diferentes do pólen e néctar e, assim, contaminar o mel a ser produzido.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) também estabelece a separação mínima de 1 km entre apiários e áreas experimentais para plantio de organismos geneticamente modificados (OGM).

Por questões de segurança, também é importante observar a distância em que as colmeias ficarão posicionadas em relação a casas e outros locais frequentados por pessoas. O ideal é uma distância mínima de 400 m, que também deve ser observada em relação a criação de outros animais.

Gestão das atividades apícolas

Cada colmeia é uma fábrica de produtos (mel, pólen, cera, própolis, geleia real e apitoxina) e uma prestadora de serviços de polinização que gera retorno financeiro para o apicultor.

Quando uma colmeia morre, enxameia ou produz pouco, dificilmente cobrirá os custos do apicultor com a produção. Dessa maneira, para obter uma boa produtividade, é importante considerar uma programação anual de manejo.

Assim, o apicultor poderá organizar melhor a gestão de suas despesas, receitas e de seu tempo de dedicação aos apiários. Existem diferentes períodos de floradas para os diferentes Estados brasileiros e a construção de um calendário apícola com a previsão da época de realização das principais práticas é uma boa forma de gestão na apicultura para a produção de mel.

Floradas

O conhecimento sobre as floradas da região deve guiar a maior parte das ações de manejo, já que a produção estará diretamente ligada ao máximo aproveitamento dos períodos de floradas.

Para alcançar o maior rendimento possível, as colmeias precisam estar populosas e sadias no período de floração da planta que se deseja explorar o mel. Para isso, o apicultor precisa sincronizar o manejo das colmeias com a época adequada à sua realização. Manejos realizados fora de época comprometem a produção e reduzem o lucro dos apicultores.

Crédito: Pixabay

A diversidade da florada é um fator essencial para a instalação e manutenção de um apiário. Há a necessidade de identificar as espécies de plantas do entorno, plantar espécies nativas da região que disponibilizem pólen, néctar e resinas e plantar espécies que possuem períodos de floração complementares a fim de prover recursos alimentares por todo o ano.

Se possível, evitar a dependência de monoculturas, já que essas ofertam recursos em curtos períodos de tempo ao longo do ano e há o risco de contaminação dos enxames pela aplicação de defensivos agrícolas.

Materiais

A Confederação Brasileira de Apicultura (CBA) adota o padrão de colmeias Langstroth, que permite que as partes externas sejam impermeabilizadas com parafina de grau alimentar ou cera de abelha, que devem ser diluídas em óleos vegetais.

As indumentárias e utensílios apícolas devem ser mantidos limpos, em perfeito estado de conservação e guardados em local livre de contaminantes, como defensivos agrícolas, combustível e fertilizantes.

O material que será utilizado no fumigador deve ser de origem vegetal e não pode ser tratado com produtos químicos, devendo proporcionar fumaça fria, densa e sem cheiro forte.

Todos os procedimentos de limpeza e higiene devem estar descritos para que as pessoas envolvidas sigam os mesmos passos.

Registro dos apiários

As colmeias devem ser numeradas de forma progressiva para permitir os registros de produção individualizados. A numeração deve ser feita no ninho, em local de fácil visualização. O apiário também tem que ser identificado por número ou nome, para permitir a rastreabilidade da produção.

A área de entorno do apiário deve ser conhecida, devendo-se relatar a existência de culturas intensivas nas proximidades do apiário, principalmente quando se fizer uso de defensivos agrícolas na área. Para evitar o risco de acidentes, recomenda-se a prática de manejos especiais durante as pulverizações.

As colmeias ou os apiários também precisam ser marcados em caso de enfermidades. Nestas situações, o apicultor deve procurar ajuda técnica especializada para saber quais as medidas recomendadas para a situação.

Manejo produtivo das colmeias

Práticas gerais de manejo produtivo requerem o fortalecimento de colmeias nos meses anteriores às grandes floradas, trocas anuais de rainha e trocas de ceras velhas e escuras.

Apesar de mais frequentes durante as floradas, as revisões devem ser rápidas, cuidadosas e as colmeias não devem ser manipuladas excessivamente, pois se trata do período em que as operárias estão trabalhando intensamente no armazenamento de alimento, atividade que deve ser preservada.

No período de menor disponibilidade de flores no ambiente, conhecido como inverno ou entressafra, o manejo deve limitar-se principalmente à alimentação suplementar energética e/ou proteica para evitar que as colônias enfraqueçam demasiadamente.

É natural, nessa época do ano, que a população de abelhas diminua devido à escassez de alimento no campo. Ainda, em alguns municípios brasileiros, em razão do frio, é recomendado diminuir o alvado. Os apicultores também devem realizar a retirada de melgueiras vazias, pois essa prática auxilia na regulação da temperatura interna do ninho pelas abelhas.

Cada colmeia é única e se desenvolve de acordo com sua aptidão e as relações que estabelece com o ambiente. Contudo, existem determinados comportamentos identificados nas colmeias que nos dão pistas de como elas estão se desenvolvendo e nos indicam quais decisões devemos tomar para mantê-las saudáveis, populosas e produtivas.

Com o quadro de tomada de decisões a seguir, espera-se que o apicultor se torne autônomo em suas decisões no momento de inspeção das colmeias.

Fonte: Associação Brasileira de Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A.)

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