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Cuidado com o solo traz retorno garantido

Crédito Shutterstock

Anderson Lange
Doutor, professor e pesquisador – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
paranalange@hotmail.com

Os preparativos para a safra 2022/23 já estão a toda prova, embalados pela perspectiva de uma nova supersafra em 2022. Por hora, o maior desafio se concentra no controle de custos.
Todos os produtores têm apresentado grande preocupação com a aquisição de insumos, principalmente pelo aumento dos preços, pela instabilidade da entrega do produto adquirido e pelas incertezas no mercado. Na tomada de decisão, algumas estratégias podem ser tomadas para garantir a correta nutrição das plantas, melhorando o seu desenvolvimento.

Cuidado com o solo

O solo é a base para a manutenção ou aumento da produtividade das culturas e quem pode manipular, melhorar e conduzir os cuidados com o solo é o produtor, empregando técnicas que o melhorem química, física e biologicamente, o conhecido tripé da fertilidade. Porque a fertilidade do solo não é apenas química, mas o ambiente solo como um todo.
A planta é um indivíduo que combina todos os fatores produtivos e positivos a ela oferecidos, na busca de deixar o maior número de descendentes sadios e de alto vigor (sementes normalmente). Assim, cuidar do solo, entenda-se do tripé, é usar das diversas ferramentas agronômicas já conhecidas e que trazem benefícios diretos e indiretos ao sistema. Apenas citando alguns manejos básicos, que há muito se conhece:
• Rotação de culturas e plantas de cobertura: auxiliam na descompactação do solo; no aumento e manutenção da atividade biológica; na ciclagem e melhor aproveitamento dos nutrientes; na amenização, controle e redução da oscilação da temperatura, na redução da erosão e, por consequência, nas perdas de solo e nutrientes; aumentam a infiltração de água e por final, elevam a produtividade.
• Correção da acidez: a aplicação de calcário, que é o corretivo mais comumente usado no Cerrado, beneficia o sistema com o fornecimento de cálcio e magnésio, nutrientes essenciais às plantas; corrige o pH, aumentando a disponibilidade da maioria dos nutrientes e melhorando a atividade biológica do solo; reduz toxidez de alumínio; promove crescimento das raízes no perfil do solo, explorando mais nutrientes e água disponível, aumenta a CTC e, com isso, mais nutrientes são retidos e há menor perda por lixiviação, entre outros diversos benefícios.
• Uso de condicionadores biológicos/microrganismos e inoculantes: o mais conhecido de todos, o rizóbio, que fixa mas de 300 kg de nitrogênio na cultura da soja, o Azospirillum que hoje é utilizado no milho e na soja e promove incremento no crescimento e desenvolvimento das raízes, e por consequência, mais raízes, mais nódulos, mais nutrientes, mais água, menor estresse.
Assim, são inúmeras as técnicas agronômicas, muitas delas já documentadas na literatura a 20, 30, 40, 50 anos que, se usadas de forma correta, trazem ganhos de sacas por hectare.

No campo

Falando especificamente em correção do solo com calcário, temos desenvolvido estudos na região norte de MT desde 2014, tanto em vasos como em campo (mais de 15 experimentos), alguns com quatro anos de duração em campo.
Em algumas situações, apenas se confirmou o que já se sabia, com ajustes. É o caso das áreas de abertura (áreas novas), ou mesmo áreas antigas depauperadas química e fisicamente. Nestas, temos incorporado calcário em profundidade (conceito básico do plantio direto) e em altas doses, com até 9,0 ton/ha, com ótimas respostas.
Em um estudo recém implantado, estamos combinando alta dose de calcário e fosfatagem corretiva (até 300 kg/ha de P2O5) e os resultados são promissores. Em áreas antigas, de fertilidade construída, porém com saturação por bases (V%) baixa, entre 30-40, temos empregado a técnica da calagem com altas doses em superfície, e em alguns experimentos testamos também a incorporação, e as respostas são muito boas.

Recomendações

É salutar advertir aqui que, ao se testar altas doses de calcário em experimentos, ou mesmo a nível de campo, é indispensável fazer uso de micronutrientes no solo e foliar, para evitar que a lei do mínimo suprima a produtividade potencial. Assim, para o correto manejo do solo, alguns passos podem ser seguidos, para o sistema ser mais assertivo:
1º Realize uma coleta criteriosa de solo: para isso, faça a divisão de seus talhões em “manchas” ou zonas de manejo e as conduza ano a ano, ou então trabalhe com grids, porém, não recomendo. Esta divisão em zonas pode ser feita levando em consideração alguns critérios, como mapa de produtividade, de variabilidade textural do solo, altimétricos ou de modo genérico.
Se nenhuma ferramenta anterior for acessível, divida-os com um critério visual. O ideal é trabalhar com zonas de 30 a 40 ha, o que certamente lhe trará um ganho no conhecimento de sua área. Após esta divisão, realize a coleta de solo retirando em torno de 20-30 pontos por zona.
Estes pontos, se possível, devem ser coletados na proporção de 30% sobre a última linha de semeadura da cultura anterior e 70% na entrelinha. Este fato se deve à zona de efeito do sistema radicular ser ácida, e caso você despreze esta zona, seus resultados podem sofrer influência;

2º Envie suas amostras para um laboratório de análise de solo de sua confiança: escolha um bom laboratório e envie suas amostras, na medida do possível, sempre para o mesmo laboratório, pois existe variabilidade metodológica entre os laboratórios, além da qualidade pessoal de cada serviço, de reagentes e isto pode interferir no resultado final.
Uma sugestão é enviar em meio as suas amostras, algumas “controle”, que são aquelas em que o agricultor ou engenheiro agrônomo coleta um volume de solo em um recipiente grande (ex: tambor de 50 L), misturando bem e enviando ano a ano a mesma amostra junto com as suas anuais. Ela, em teoria, terá que vir com resultado semelhante ao ano anterior. Faça 3 amostras controle. a) solo argiloso cultivado, b) solo arenoso cultivado, c) solo de mata.

3º Faça uma interpretação criteriosa de seus resultados analíticos de solo: para isso, procure alguém com conhecimento na sua região, com experimentos e estudos em que possa discutir e decidir a recomendação e analisar os dados.
Em áreas em que a correção do solo e, principalmente, a adubação não seguiram uma interpretação e se utilizou de taxas fixas, certamente haverá grande variabilidade na aplicação de insumos nos primeiros anos, até o solo começar a ter equilíbrio, para que alguns nutrientes comecem a ter a proporção ideal no complexo de troca, na capacidade de troca de cátions (famosa CTC), como é o caso dos valores absolutos de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e as proporções ou % de Ca, de Mg e de potássio (K) na CTC.
Respeitando alguns valores, certamente o produtor pode melhor distribuir as doses de calcário, (P) fósforo e K e até economizar insumos. Para isso, é fundamental a compra de fontes de nutrientes e não formulados, pois cada talhão pode requerer quantias diferentes de P e K e um formulado não atender à necessidade de aplicação.

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