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Cuidados no cafeeiro: ferrugem e phoma

Mariana Thereza Rodrigues Viana
Engenheira agrônoma e doutora em Fitotecnia – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
marianatrv@gmail.com

Harianna Paula Alves de Azevedo
Doutora em Fitotecnia – UFLA e professora Adjunta – Faculdade de Ciências e Tecnologias de Campos Gerais (Facica)
harianna_tp@hotmail.com

O produtor de café convive diariamente com diversas doenças que podem atacar o cafeeiro. Períodos chuvosos mais prolongados atraem principalmente doenças fúngicas, como a ferrugem e a phoma.

Outra doença que também costuma atingir os cafezais em períodos mais chuvosos é a mancha aureolada, uma bactéria que se desenvolve com excesso de umidade associado às baixas temperaturas e ocorrência de ventos.

Crédito: Luize Hess

Causas

 A ferrugem é causada pelo fungo Hemileia vastatrix Berk. et Br., que é biotrófico, assim, depende exclusivamente das células vivas das plantas para sobreviver. Ele penetra pelo estômato, onde coloniza o tecido, porém, sem matar as células.

Atualmente, já foram catalogadas mais de 30 raças da ferrugem, dentre as quais predomina no Brasil a raça II.

O desenvolvimento da doença é dependente da umidade relativa do ar alta e baixa luminosidade, com temperaturas médias entre 20 e 24ºC. A doença se inicia pelas partes baixeiras das plantas e, em infecções generalizadas, pode chegar até o ápice.

Sintomas

Os sintomas aparecem em manchas cloróticas na face superior da folha, e na face inferior correspondente aparecem os sinais de uma massa de esporos de cor amarela ou laranja, de aspecto pulverulento.

Os níveis de inoculação do fungo da ferrugem geralmente aumentam entre novembro e abril, período em que ocorrem maiores temperaturas e chuvas constantes. Com isso, as maiores infecções ocorrem em seguida, de junho a agosto.

A carga pendente nas plantas também tem sido apontada como um fator importante na evolução da doença, pois quanto maior, mais suscetível fica a planta.

Fungo

A phoma, também conhecida como requeima, é causada pelo fungo Phoma costarricensis, um fungo necrotófico que mata a célula no processo de colonização dos tecidos da planta.

A doença também é favorecida por alta umidade relativa, com período chuvoso mais prolongado, temperatura média de 17 a 20ºC. Outro fator que pode favorecer o aparecimento deste fungo é o excesso de adubação nitrogenada.

A intensidade do ataque também é maior em lavouras com cafeeiros estressados, que sofreram desfolha por diversas causas, incluindo estiagem prolongada.

Fique de olho

Os sintomas da phoma aparecem inicialmente nas folhas mais novas, e o ataque pode ser confundido com deficiência de boro. Aparecem manchas negras ou marrons, provocando deformações nos bordos do limbo foliar. Em seguida, nota-se redução na fotossíntese, levando à desfolha, seca de ramos, queda de flores e chumbinhos.

As primeiras plantas a apresentarem os sintomas geralmente estão às margens das estradas ou carreadores sujeitos a ventos frios, e a doença tem disseminação bem rápida.

Em anos com o regime de chuvas mais intenso, como o que tem acontecido neste início de 2023, pode haver maior aparecimento dessas doenças, por trazer as condições de umidade e luminosidade favoráveis para o desenvolvimento.

Além disso, os tratos nas lavouras, como a aplicação dos produtos, é dificultado pois, dependendo do volume de chuvas, pode lavá-los antes do devido efeito na planta.

Anote aí

Quando se fala em controle de doenças na cultura do cafeeiro, o principal e mais eficiente é a resistência genética. Assim, nas etapas de planejamento é necessário fazer a escolha de cultivares com essas características.

Porém, vale lembrar que a resistência não é uma característica permanente, e pode ser facilmente quebrada com a chegada de novas raças dos fungos, como no caso da ferrugem, e quando se faz mal-uso de fungicidas, selecionando os fungos mais resistentes.

Os tratos culturais também são efetivos na prevenção dessas doenças fúngicas. No caso da ferrugem, o ideal é adotar espaçamentos maiores para haver um melhor arejamento da lavoura, assim como realizar podas frequentes para evitar o excesso de sombreamento.

Já para a phoma, é interessante a adoção de quebra-ventos nas lavouras e, se possível, evitar plantios com a face voltada para o sul e sudeste, de onde vêm os ventos mais frios. Para as duas doenças, deve-se fazer adubações equilibradas, evitando excesso de nitrogênio para a phoma.

É sempre bom o produtor ter em mente que plantas vigorosas e bem adubadas toleram melhor as doenças.

Vamos aos químicos

Como controle químico, pode-se utilizar o preventivo nas épocas chuvosas, que predispõem as plantas às doenças, com produtos à base de cobre, sendo de três a quatro aplicações por ano.

A frequência das aplicações dependente de monitoramento, do residual do fungicida e das condições de cada lavoura. A recuperação da lavoura já atingida por ambas as doenças se dá por produtos curativos, principalmente com modo de ação sistêmico, dos grupos das anilidas, estrobilurinas, triazóis ou carboxamidas, sendo as doses recomendadas de acordo com a bula.

Para a ferrugem, é recomendado fazer as amostragens e o nível de dano econômico a ser considerado é de 5% das folhas com sintomas de infecção para iniciar as aplicações. Para a phoma, deve-se iniciar as aplicações assim que forem constatados os primeiros sintomas, pois o fungo se dissemina de maneira muito rápida.

Em áreas onde as condições são favoráveis para o desenvolvimento da mancha de phoma, o controle químico deve ser feito de forma preventiva, iniciando no outono-inverno, visando a pré-florada, sendo que o controle deve seguir até a fase de chumbinho, já que o cafeeiro apresenta várias floradas. Isso garante uma boa proteção no pós-florada.

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