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Cuidados no manejo de alface de inverno

As baixas temperaturas podem reduzir o crescimento da alface. Portanto, é fundamental utilizar técnicas de proteção e a escolha de cultivares que apresentam maior tolerância ao frio.

Fabrício Teixeira de Lima Gomes
Engenheiro agrônomo e doutorando em Ciência do Solo – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
agro.fabriciogomes@gmail.com

Existem diversas variedades de alface no mercado para cultivo no inverno, e algumas podem ser cultivadas durante todo o ano, incluindo os tipos americana, crespa e lisa.

Portanto, ao escolher a cultivar, deve-se considerar as preferências dos consumidores, avaliando fatores como sabor, textura e aspecto visual; resistência a doenças e pragas; tempo de crescimento e o sistema de cultivo.

Período ideal

A época de plantio ideal da alface de inverno pode variar nas diferentes regiões do país, podendo ocorrer de fevereiro a julho.

Para o cultivo da alface, o solo deve apresentar boa drenagem, evitando o acúmulo de água, o que pode levar ao apodrecimento das raízes. Além disso, deve conter um bom teor de matéria orgânica, que pode ser incorporada por meio de composto ou esterco bem decomposto.

Para o manejo da nutrição das plantas, recomenda-se utilizar a fertirrigação para fornecer nutrientes de forma mais eficiente, ajustando a quantidade e o momento conforme as necessidades da cultura.

Outro aspecto relevante é a escolha da área de cultivo, que deve garantir boa luminosidade e exposição ao sol direto por pelo menos seis horas diárias. Contudo, em regiões sujeitas a geadas, é aconselhável empregar coberturas como túneis baixos ou estufas durante os meses mais frios para proteger as plantas.

Manejo nutricional

Para garantir a produtividade e a qualidade da alface de inverno, o manejo nutricional é fundamental para fornecer os nutrientes necessários ao crescimento saudável das plantas. Para isso, devem ser realizadas análises do solo para determinar o pH e o teor de nutrientes, permitindo ajustar a adubação conforme as necessidades específicas da cultura.

Além disso, é recomendável incorporar ao solo, sempre que possível, compostos orgânicos e estercos, visando melhorar as características químicas, físicas e microbiológicas do solo.

Prevenção de pragas e doenças

No inverno, o ambiente mais úmido pode favorecer o desenvolvimento de doenças como o míldio (Bremia lactucae) e mofo-branco (Sclerotinia spp.). O míldio da alface representa uma das maiores ameaças ao cultivo dessa folhosa, podendo causar perdas superiores a 80%, podendo afetar a planta em qualquer fase do desenvolvimento.

Os primeiros sintomas da doença ocorrem nas folhas mais velhas ou naquelas mais próximas ao solo, em forma de manchas angulares, de coloração verde-clara ou amarelo pálido, que são delimitadas pela nervura foliar.

Mais tarde, tornam-se necróticas, pardas e recobertas por uma massa branca. A doença é favorecida pela alta umidade e temperaturas na faixa de 12 a 25°C. Uma vez presente na área, o míldio apresenta rápida disseminação pela ação dos ventos e pela presença de água livre (chuvas e irrigação).

Controle integrado

Para o manejo do míldio da alface, recomendam-se medidas integradas de controle, como o plantio em solos bem drenados; utilização de variedades resistentes; irrigação por gotejamento, evitando a presença de água livre sobre as folhas; rotação de culturas; eliminação dos restos culturais e pulverizações com fungicidas registrados.

O mofo-branco, ou podridão de esclerotínia, é uma doença capaz de causar prejuízos importantes ao produtor. Causado pelos fungos Sclerotinia sclerotiorum e Sclerotinia minor, a doença afeta a base das plantas, causando o apodrecimento do caule e das folhas próximas ao solo.

As plantas afetadas apresentam sintomas de murcha progressiva, seguidos de amarelecimento, colapso generalizado e morte. A doença é favorecida por períodos úmidos e temperaturas que variam de 10 a 20°C, sendo mais severa após fechamento da cultura.

As principais medidas de controle consistem em evitar o plantio em áreas com histórico recente da doença; evitar o plantio em áreas sujeitas ao acúmulo de umidade; plantio de mudas sadias; adotar espaçamento adequado, de forma a permitir a circulação de ar entre as plantas e a redução dos níveis de umidade nas folhas; adubação equilibrada, evitando excesso de nitrogênio; realizar rotação de cultura; eliminar plantas daninhas; reduzir a irrigação em períodos críticos e favoráveis à doença; evitar o contato da planta com o solo, através do uso de cobertura; eliminar restos de cultura; limpeza e desinfestação dos implementos e aplicação preventiva de fungicidas registrados.

Pulgões

As principais pragas que afetam a cultura da alface são os pulgões (Hemiptera: Aphididae), que, além da sucção contínua da seiva, podem realizar a injeção de toxinas, tanto por adultos quanto por ninfas, causando o definhamento das mudas e o encarquilhamento das folhas.

Além de pragas, os pulgões são responsáveis pela transmissão de vírus que infectam a alface e causam prejuízos ao desenvolvimento da cultura. Assim como os pulgões, os tripes (Thysanoptera: Thripidae) também se alimentam do conteúdo celular das plantas e injetam toxinas que causam danos às plantas.

As folhas atacadas apresentam aspecto queimado e pontuações escuras. São insetos diminutos e representam um dos grandes problemas para a cultura da alface, causando danos indiretos devido à sua capacidade de transmitir diferentes espécies de tospovírus.

Além dos insetos sugadores, outra praga importante é a mosca-minadora (Liriomyza sp., Diptera: Agromyzidae), pequenas moscas de cor preta cujas larvas brancas fazem galerias (ou minas) irregulares na face superior das folhas ao se alimentarem do parênquima, provocando sua seca.

Ocorrem em períodos de seca prolongada e os prejuízos são mais importantes logo após o transplantio das mudas. As principais formas de controle de insetos-pragas consistem no uso da rotação de culturas, remoção de plantas daninhas presentes na área, preservação dos inimigos naturais e controle químico com inseticidas.

Monitoramento constante

O monitoramento é fundamental para garantir o desenvolvimento saudável da alface, incluindo a identificação precoce de pragas e doenças, que podem se desenvolver rapidamente em condições ambientais favoráveis, permitindo intervenções rápidas e medidas de controle mais eficientes.

A manutenção das condições de cultivo é outro fator importante, pois a alface é sensível tanto ao excesso quanto à falta de água. O monitoramento constante possibilita ajustes na irrigação para evitar estresse hídrico ou encharcamento.

Além disso, devido à menor eficiência na absorção de nutrientes durante o inverno, monitorar o estado nutricional das plantas permite ajustes na fertilização, garantindo que todos os nutrientes essenciais estejam disponíveis.

Limitações

O cultivo de alface de inverno apresenta especificidades que devem ser consideradas e manejadas adequadamente para garantir uma produção de alta qualidade. As baixas temperaturas podem reduzir o crescimento da alface e, em casos extremos, provocar danos por geada.

Portanto, é fundamental utilizar técnicas de proteção, como coberturas plásticas (túneis baixos) e mantas térmicas, que ajudam a manter a temperatura do solo e do ambiente ao redor das plantas mais elevada.

Outro fator relevante é a escolha de cultivares que apresentam maior tolerância ao frio e são menos suscetíveis a doenças típicas do inverno. Além disso, no inverno, a absorção de nutrientes pode ser menos eficiente devido às temperaturas reduzidas, o que pode afetar o crescimento e a qualidade da alface.

Assim, ajustar o manejo da fertilização, com suplementação de nutrientes via fertirrigação, é crucial para garantir que as plantas recebam os elementos essenciais na quantidade e no momento adequados.

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